Segundo a PF, a organização oferecia propina a funcionários para a emissão de pareceres e laudos
O
ex-presidente está em Berlim, onde participa de uma conferência
internacional do sindicato dos metalúrgicos da Alemanha FOTO: INSTITUTO
LULA
Berlim Em viagem a Alemanha, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou não ter sido surpreendido
com a Operação Porto Seguro, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no mês
passado. "Eu não fiquei surpreso", disse Lula, que não quis responder
sobre o que achou das acusações contra os investigados.
O
ex-presidente está em Berlim, onde participa de uma conferência
internacional do sindicato dos metalúrgicos da Alemanha. Ele viajou em
companhia de sua mulher, Marisa Letícia, que não estava presente durante
o discurso do ex-presidente.
A Operação Porto Seguro, deflagrada
no dia 23 de novembro, investigou um esquema suspeito de tráfico de
influência, corrupção e falsidade ideológica em órgãos federais.
Segundo
a PF, a organização oferecia propina a funcionários para a emissão de
pareceres e laudos técnicos em favor de empresas com interesse em
processos em andamento no governo.
Durante as investigações, os
policiais identificaram a participação de Rosemary Nóvoa Noronha,
ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, indicada por Lula para
o cargo.
Além da participação de Rose, como era conhecida, as
investigações mostraram que o grupo era liderado por Paulo Vieira. Seu
irmão, Rubens Vieira, diretor da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), também é investigado na operação.
Papel secundário
O
secretário Nacional de Comunicação do PT, o deputado federal André
Vargas (PR), afirmou ontem que Rosemary Noronha teve um papel
"absolutamente secundário" no esquema. Rosemary foi indiciada por
corrupção e tráfico de influência na ação da PF.
"Está muito
nítido, com o que se tem até então, que a própria Rosemary tem papel
absolutamente secundário", afirmou Vargas, durante intervalo do encontro
do Diretório Nacional do Partido em Brasília. O tema, segundo ele, não
foi tratado no encontro. Segundo Vargas, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não pode ser responsável pelo que Rosemary fez.
"Nenhum
homem público pode, nem pessoa que está na atividade pública, é
responsável pelo que faz o seu assessor no exercício do mandato - muito
menos um ex-assessor", disse o secretário do PT, ao destacar que não vai
comentar esse tipo de procedimento. Segundo ele, Rosemary, ao contrário
do que chegou a ser veiculado, não chegou a pedir proteção ao partido.
Ele comentou a afirmação do ex-presidente Lula, que disse não ter ficado
"surpreso" com a operação. Segundo ele, Lula não se surpreendeu porque a
"Polícia Federal trabalha". "Se tiver alguém cometendo equívoco, ou
será a Polícia Federal, ou será o Ministério Público (que vai
investigar)".
Para Vargas, a PF não é seletiva, e investigou,
desde o governo Lula, PT, PMDB e PSDB. "É uma instituição que é muito
respeitada pelo nosso partido, e nós por isso respeitamos as
investigações, mas não condenamos precipitadamente como fazem a nossa
oposição". A exoneração do diretor afastado de Hidrologia da Agência
Nacional de Águas (ANA), Paulo Vieira, foi publicada ontem, no Diário
Oficial da União.
Órgão tem nova ordem de busca
Brasília
Duas semanas após enfrentar uma devassa em sua sede por suspeita de
envolvimento no esquema criminoso investigado na Operação Porto Seguro, a
Secretaria de Patrimônio da União (SPU), vinculada ao Ministério do
Planejamento, sofreu ontem nova ordem judicial de busca e apreensão em
suas instalações.
Desta vez a acusação é de fraude documental
para transferência irregular, para particulares, de uma área pública em
Brasília, avaliada em R$ 380 milhões, localizada numa região de alto
interesse imobiliário da capital.
Localizada no Setor
Habitacional Vicente Pires, a área, de 344,2 hectares, foi transferida
para o espólio de Eduardo Dutra Vaz, segundo apurou a Polícia Federal,
com base num relatório de demarcação fraudulento e em documentos
forjados pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), estatal que
administra o patrimônio do DF.
Por suspeita de envolvimento nas
irregularidades, foram intimados a depor sete funcionários públicos -
seis da SPU e um da Terracap, sendo que dois ocupam cargos de direção. A
PF não informou os nomes. Em 23 de novembro último, a SPU foi
investigada na Operação Porto Seguro, que desarticulou uma quadrilha
envolvida na venda de pareceres técnicos em órgãos públicos e agências
regulatórias.
Acusada de ligação com o chefe do esquema, Paulo
Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), a servidora
Evangelina de Almeida Pinho foi exonerada do cargo de assessora da SPU.
Uma sindicância foi instaurada para apurar as suspeitas de
irregularidades.
O relatório fraudulento, emitido em 2008 pela
unidade do SPU no DF, aumentou de 1,8 mil hectares para 2,15 mil
hectares a área da Fazenda Cana do Reino, pertencente ao espólio de
Dutra Vaz. A PF tomou conhecimento do fato em junho de 2012 e abriu
inquérito policial. A SPU não se manifestou sobre a denúncia.
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