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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Seca agrava avanço do mar e erosão no litoral cearense

Aliado à ocupação desordenada do homem, o fator climático agravou a destruição nas praias
Fortaleza. A cada ano, a costa cearense perde até sete metros da faixa litorânea, resultado do avanço do mar. Em 2012, o agravante foi a seca, que comprometeu ainda mais as faixas de praias já com histórico de degradação do meio ambiente como consequência da erosão.



A explicação decorre pelo fato do ambiente ter sofrido com o período da seca. Quando não chove, os ventos são mais fortes e. Há uma maior geração de ondas altas e transporte de areia na faixa litorânea. Essa areia não é reposta, uma vez que não é mais levada pelos rios, agora secos ou com baixo volume de água. Isto provoca erosão tanto no sertão como nas praias. A água também passa a ficar mais parada nas barragens, impedindo assim o tráfego dos sedimentos.

O diretor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), mantido pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Luis Parente Maia, diz que a seca agravou o quadro de erosão na área marinha, que já vem se ressentindo de outros fatores impactantes, quer naturais ou pela ação do homem.

Por isso, não é de hoje se verificar pousadas, restaurantes, barracas destruídas pela força das águas, como acontece desde o Icapuí, no extremo do Litoral Leste cearense, até Camocim, no lado Oeste. Em Icapuí e Acaraú, onde há uma feição de planície praiana, o avanço é facilitado pela geografia.

Já em localidades como Lagoinha, Icaraí e Caponga, há a constatação dos especialistas de que os danos não teriam sido tão graves, caso não houvesse a interferência humana de forma tão irracional.

Parente observa que a ideia no passado de "se ter uma casa de praia", acabou virando, literalmente, ter uma casa na beira do mar, o que levou à ocupação desordenada e com danos para a linha costeira. Ele chama a atenção ainda que isto é uma situação mais grave do que o avanço do mar por causas naturais. Neste caso, a maré se projeta para o continente, mas depois, com o tempo, recua.

"Ao longo dos anos, o processo erosivo foi se intensificando nas praias localizadas a noroeste da desembocadura do Rio Ceará, Região Metropolitana de Fortaleza, onde podemos destacar as praias de Iparana, Pacheco, Pecém e Taíba. Caucaia apresenta um quadro de erosão costeira clássico", observa. O quadro da erosão, e por extensão do processo destrutivo de edificações ao longo da orla, vem sendo combatido com medidas pontuais, destacando-se o quebra-mar de pedra, que objetiva atenuar a força das ondas.

Esse recurso foi implantado em Fortaleza desde a construção do Porto do Mucuripe e já foi aderido por municípios da Região Metropolitana, como Caucaia e Cascavel. Contudo, as medidas ainda estão longe de afastar o problema que envolve as praias da Região Metropolitana e que replica em todo o Estado. Este ano, houve destruição de casas, barracas e restaurantes, em Iguape. O "bag wall", construído em Caucaia, sofreu sérios danos e agora as barracas de praia construídas no entorno do paredão não podem ser instaladas. Nesta edição, este quadro foi verificado pela reportagem nas áreas mais críticas dos litorais Leste e Oeste.

FIQUE POR DENTRO
Erosão atinge 70% das praias do mundo
O problema da degradação da faixa de praia também vem sendo experimentado em todo o mundo. Segundo estudos do professor Luis parente, o fenômeno de erosão torna-se um problema para o homem (risco natural) quando este constrói algum tipo de referencial fixo (estrada, prédio ou outro tipo de construção permanente) que se interpõe na trajetória de recuo da linha de costa.

Deste modo, o problema de erosão é de certa maneira provocado pelo homem, pois se ninguém morasse próximo à linha de costa este problema não existiria. Em escala mundial, alguns autores estimam que cerca de 70% das linhas de costa do mundo estejam experimentando erosão. Isto tem despertado a atenção de cientistas e planejadores em todo o mundo para este fenômeno, a compreensão de suas causas e o que fazer para minimizar os prejuízos materiais decorrentes do fenômeno.

MARCUS PEIXOTOREPÓRTER

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