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terça-feira, 15 de março de 2011

ONU diz que nível de radiação diminuiu em usina nuclear do Japão

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que o nível de radiação em torno da usina nuclear de Fukushima Daiichi caiu em um período de seis horas na madrugada desta terça-feira, reduzindo temores de uma grande contaminação.

A agência nuclear da ONU disse em comunicado que, a 0h GMT (21h de segunda-feira em Brasília), o nível de radiação era de 11,9 millisieverts (mSv) por hora no portão principal da usina. Seis horas depois, o nível de radiação caiu para 0.6 millisieverts por hora.

Esta unidade é utilizada para medir a radiação recebida pelas pessoas e escala a quantidade de radiação absorvida pelo tecido humano.

As pessoas são expostas naturalmente a uma exposição de entre dois e três mSv por ano. A exposição a mais de cem mSv no mesmo período pode causar câncer, segundo a Associação Nuclear Mundial.

"Estas observações indicam que o nível de radiação está caindo no local", disse a AIEA, em comunicado.

Mais cedo, o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, alertou que a radiação já se espalhou por quatro dos seis reatores da usina Fukushima Daiichi, atingida pelo terremoto de magnitude 9 na sexta-feira.

Segundo a AIEA, a radiação entre os reatores 3 e 4 era de 400 mSv por hora --cerca de 20 vezes maior do que a exposição anual de funcionários do setor nuclear e de minas de urânio.

"Esta é uma alta dose, mas um valor localizado e em um determinado período", disse a agência nuclear. "Devemos ressaltar que, por causa deste valor detectado, toda equipe não essencial foi retirada da usina e a população dos arredores já foi retirada".

A agência afirmou ainda que cerca de 150 pessoas estão sendo monitoradas por exposição à radiação e que 23 delas passaram por medidas de descontaminação.

Os níveis perigosos de radiação vazando do complexo forçaram o Japão a ordenar, nesta terça-feira, que 140 mil pessoas se fechem dentro de casa e evitem contato com ar contaminado com material radioativo. Outras 200 mil pessoas foram retiradas até esta segunda-feira da região.

RISCO À SAÚDE

Mais cedo, o secretário de gabinete Yukio Edano admitiu que a radiação está em um nível que pode prejudicar a saúde. "Por favor não saiam nas ruas. Por favor fiquem em casa. Por favor fechem as janelas e isolem sua casa", disse. "São números que potencialmente podem afetar a saúde. Não ignorem isso", disse Edano, sem dar mais detalhes.

Depois de uma explosão no reator 3 e incêndio no reator 4 (que até agora não havia sido afetado), as autoridades ao sul do complexo Fukushima Daiichi registraram níveis de radiação cem vezes maior que o normal, segundo a agência de notícias Kyodo, que não fala se, desde então, o nível já foi reduzido.

Este nível não é fatal, mas pode causar graves consequências se o tempo de exposição for prolongado.

A capital Tóquio, que fica a 240 km de Fukushima, também registrou uma pequena elevação nos níveis de radiação. O aumento, contudo, não é suficiente para ameaçar os 39 milhões de moradores da capital e seus arredores.

"A quantidade é extremamente pequena, e não levanta preocupações com a saúde. Isso não vai nos afetar", diz Takayuki Fujiki, funcionário do governo de Tóquio.

A Kyodo diz que o nível de radiação elevou-se a nove vezes acima do normal em Kanagawa, perto de Tóquio, mas os níveis já haviam caído na noite desta terça-feira (manhã em Brasília).

Mais perto do complexo nuclear, as ruas da cidade costeira de Soma estavam vazias, enquanto alguns moradores permanecem trancados em suas casas.

O premiê Naoto e outras autoridades alertaram que ainda há riscos de mais vazamentos e ampliou a área de risco para um raio de 30 km.

As previsões meteorológicas para Fukushima são de neve e vento vindo do nordeste na noite desta terça-feira, soprando em direção a sudoeste, rumo a Tóquio, e em seguida se deslocando para oeste, em direção ao mar. Isso é importante porque mostra a direção que uma possível nuvem nuclear pode seguir.

A crise nuclear é o pior que o Japão tem enfrentado desde o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra (1939-1945).

RÚSSIA

A crise nuclear japonesa já começa a afetar os países vizinhos. Autoridades russas disseram nesta terça-feira que os níveis de radiação aumentaram ligeiramente no extremo leste do país, por causa do acidente nuclear no Japão, mas o índice ainda continua dentro do que é considerado normal.

Em Vladivostok, cidade com 600 mil habitantes, cerca de 800 quilômetros a noroeste da usina nuclear japonesa de Fukushima, a medição à 1h indicava um microroentgen por hora a mais do que a mesma região apresentava seis horas antes, segundo a secretaria regional de Emergências.

Militares russos disseram estar em alerta para eventualmente retirar moradores da ilha russa de Sacalina, cujo extremo sul é visível a partir do norte do Japão, e das ilhas Curilas do Sul, que são alvo de uma disputa entre Moscou e Tóquio, segundo a agência de notícias Interfax.

Chamadas de Territórios do Norte pelo Japão, as ilhas Curilas são habitados por russos. Uma delas, Tanfilyeva, fica a apenas seis quilômetros da costa japonesa. A ilha Sacalina tem a maior reserva comprovada de gás no extremo oriente russo.

O Ministério das Emergências para o Extremo Oriente da Rússia --um enorme território com 6,5 milhões de pessoas-- espera contudo que os ventos soprem a seu favor.

"Os ventos para leste irão soprar nos próximos dias, e os fluxos de ar [a partir da área de poluição] irão se mover para o oceano Pacífico, longe da costa russa do Extremo Oriente", disse a porta-voz ministerial Yekaterina Potvorova.

Ela disse que a radiação está sendo monitorada em 71 locais do Extremo Oriente. A empresa aérea russa Aeroflot informou que manterá normalmente seus voos para Tóquio.

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