O Banco Central anunciou nesta quarta-feira o terceiro aumento consecutivo na taxa básica de juros, que passou de 11,75% para 12% ao ano. A alta de 0,25 p. p. (ponto percentual) indicou uma mudança em relação às expectativas do mercado, que até ontem previa um aumento de 0,5 p.p. na Selic.
É a maior taxa desde março de 2009, quando a Selic estava em 12,75%. A previsão dos economistas é que a Selic encerre o ano em 12,25%.
A decisão não foi unânime: cinco diretores votaram a favor de um aumento de 0,25 ponto percentual e dois votaram a favor de uma alta 0,5 pp. De acordo com a nota divulgada pelo BC, a decisão foi tomada "considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional".
"O comitê entende que, neste momento, a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012", diz a nota.
O aumento dos juros é a principal forma do Banco Central segurar o aquecimento da economia. Com juros maiores, a tendência é que sejam tomados menos empréstimos, reduzindo o consumo e a pressão sobre os preços. Dessa forma, o BC espera controlar a inflação, que, como a própria autoridade monetária prevê, deve encerrar o ano acima do centro da meta estipulada, que é de 4,5%.
Essa foi a terceira reunião do Copom, responsável pela definição dos juros, no governo Dilma Rousseff - nas três houve aumento na taxa.
MEDIDAS
No ano passado, antes de aumentar a taxa básica, o BC já havia adotado outras medidas para refrear a economia, entre elas a restrição a financiamentos com prazo superior a 24 meses. Também retirou da economia, em dezembro, a última parte do dinheiro injetado na crise de 2008.
No início do ano, o governo anunciou um corte de R$ 50 bilhões no orçamento para diminuir os gastos públicos como forma de controlar a inflação. Além disso, aumentou a alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) cobrada sobre empréstimos para pessoas físicas para 3% ao ano.
O governo subiu também para 6% a alíquota do IOF cobrado sobre empréstimos tomados por empresas no exterior. A medida tem como objetivo conter a entrada de dólares no país, mas deve também diminuir a oferta de recursos disponíveis na economia no Brasil.
INFLAÇÃO
Em março, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 6,3%, maior alta em mais de três anos. A previsão do mercado financeiro é que o indicador termine o ano em 6,29%.
A meta estipulada pelo BC é de 4,50% para 2011, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, o que faz com que a inflação máxima tolerada pela instituição seja de 6,5% ao ano.
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