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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Costa do Marfim fecha as fronteiras e decreta toque de recolher

As fronteiras da Costa do Marfim estão fechadas "até nova ordem", anunciou nesta quinta-feira o presidente eleito Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional. "As fronteiras terrestres, aéreas e marítimas estão fechadas até nova ordem", disse o ministro do Interior de Ouattara, Hamed Bakayoko, ao pedir que o povo marfinense respeite a medida com "calma e serenidade". O toque de recolher foi estabelecido em Abidjã entre as 21h e 06h local até o próximo domingo (3), segundo Anne Ouloto, porta-voz de Ouattara. "Decretamos o toque de recolher a partir de hoje (quinta) e até domingo, entre 21h e 06h. As milícias de (Laurent) Gbagbo (presidente derrotado nas eleições, que se nega a deixar o poder) estão saqueando e aterrorizando a população e precisamos por as coisas em ordem", disse Ouloto. Ouattara é reconhecido internacionalmente como o vencedor das eleições presidenciais de novembro no país africano, mas não pôde assumir o cargo porque Laurent Gbagbo recusou-se a reconhecer a derrota. Mais cedo, Guillaume Soro, primeiro-ministro de Ouattara, deu um prazo a Gbagbo "até as 19h (local) para renunciar". "Laurent Gbagbo deve render-se para evitar um banho de sangue. Esperamos que o faça, caso contrário, iremos buscá-lo onde estiver", disse Soro. "O ultimato está valendo a partir das 19h. Se ele renunciar, tudo bem, caso contrário, terá de responder diante da Justiça internacional". CONFRONTOS Forças leais a Ouattara chegaram hoje a Abidjã, depois de avançar pelo país e tomar várias cidades nos últimos dias. Moradores disseram que os combates se tornaram violentos perto da TV estatal, a RTI, bem como em bairros no sul da cidade, depois que as forças de Ouattara avançaram rapidamente em Abidjã, vindas de diferentes direções. Unidades de elite de Gbagbo se posicionaram ao redor do palácio presidencial enquanto soldados franceses foram deslocados pela cidade para proteger residentes estrangeiros. Um helicóptero de guerra da ONU) sobrevoou a área. Gbagbo se recusou a deixar o poder depois da eleição de novembro, cujos resultados, dando vitória a Ouattara, foram endossados pela ONU. O impasse decorrente da atitude de Gbagbo desencadeou um conflito que deixou centenas de mortos e fez ressurgir o cenário da guerra civil de 2002 e 2003. "Peço a vocês que sirvam a seu país. É tempo de se unir a seus irmãos nas Forças Republicanas", afirmou Ouattara em um comunicado destinado a encorajar a deserção dos membros das forças de segurança leais a Gbagbo. O governo da África do Sul disse que o chefe do Estado Maior do Exército, general Phillippe Mangou, se refugiou na residência do embaixador sul-africano em Abidjan, em um dos maiores reveses à estrutura de poder de Gbagbo. O governo dos Estados Unidos afirmou que Gbagbo se enfraqueceu "significativamente" por causa de deserções e da desintegração de suas tropas. Fontes na área de segurança disseram que alguns dos integrantes da polícia militar se uniram ao campo de Ouattara, mas outros permaneciam leais a Gbagbo. AEROPORTO Forças de paz das Nações Unidas ("capacetes azuis") tomaram nesta quinta-feira o controle do aeroporto de Abidjã, capital econômica da Costa do Marfim, e estão responsáveis pela segurança do local, informaram fontes da organização. Fontes da ONU confirmaram à agência Efe que o organismo deslocou cerca de 300 homens "para velar pela segurança do aeroporto", onde encontraram "certa resistência" à sua chegada. As fontes detalharam que a ação aconteceu em colaboração com o governo de Alassane Ouattara, vencedor das eleições presidenciais de novembro passado e cujas forças chegaram à capital. A Missão da ONU na Costa do Marfim (Onuci) recebeu nesta quinta-feira uma convocação das autoridades aeroportuárias na qual pediam ajuda e que forças internacionais de paz fossem deslocadas até suas instalações por temerem pela segurança no local. "O pedido é algo normal que ocorre quando uma cidade tão grande como Abidjã, com mais de 4 milhões de habitantes, se encontra em uma situação na qual não há forças de segurança. Todos os policiais, os gendarmes e as forças armadas desapareceram e restou apenas a guarda republicana", consideraram as fontes. A Onuci conta com um total de 9.024 uniformizados, dos quais 7.578 são "capacetes azuis", 176 são observadores militares e 1.270 policiais. A eles, somam-se ainda 389 deslocados civis internacionais, 737 empregados locais e 255 voluntários, todos eles procedentes de cerca de 50 países. Poucos dias após a votação de 28 de novembro, a Comissão Eleitoral Independente declarou o opositor Ouattara como vitorioso com 54,1% dos votos válidos, contra 45,9% de Gbagbo. O resultado foi reconhecido pela ONU, Estados Unidos e União Europeia. No mesmo dia, contudo, Gbagbo apelou ao Conselho Constitucional com alegações de fraude eleitoral. O órgão anulou cerca de 10% dos votos, a maioria em redutos de Ouattara, dando a vitória a Gbagbo com 51%. Desde então, a comunidade internacional pressiona Gbagbo a deixar o poder e já aplicou as mais diversas sanções --como veto ao visto de viagem aos países da União Europeia e o congelamento dos fundos estatais no Banco Central da União Monetária e Econômica do Oeste Africano. Gbagbo rejeitou todas as propostas, incluindo ofertas de anistia e um confortável exílio no exterior.

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