Em declaração conjunta divulgada nesta quinta-feira , o grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics, insistiu na necessidade de uma reforma na Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o texto, a reforma é necessária para que a ONU possa "tratar dos desafios globais atuais com maior êxito".
A declaração dos Brics foi resultado da reunião entre o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh; o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev; o presidente da China, Hu Jintao; a presidente do Brasil, Dilma Rousseff; e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
A insistência sobre a reforma da organização ocorre em um ano em que todos os membros do grupo fazem parte do Conselho de Segurançada ONU: Rússia e China como membros permanentes e Brasil, Índia e África do Sul na condição de não permanentes.
Na entrevista coletiva conjunta após o encontro, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, assinalou que "a reforma da ONU e de seu Conselho de Segurança são essenciais porque não é possível iniciarmos a segunda metade do século XXI vinculados a um acordo institucional criado após a guerra".
Dilma afirmou ainda que "a diplomacia e a negociação devem ser privilegiadas" na reforma da ONU. A presidente brasileira também se referiu à necessidade de reformar o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, outro pedido permanente dos membros do Brics.
A declaração final da cúpula afirma ainda que "China e Rússia (membros permanentes do Conselho de Segurança) reiteram a importância que dão ao status de Índia, Brasil e África do Sul nos assuntos internacionais e entendem e apoiam sua aspiração de ter um maior papel na ONU".
Esta é a terceira cúpula de líderes dos Brics, após a realizada em 2009 na Rússia e a de 2010 no Brasil, e a primeira com a participação da África do Sul, convidada a juntar-se ao grupo no ano passado.
Conflitos internacionais
Ainda na declaração, os líderes dos cinco países defenderam que o uso da força seja evitada para a resolução dos conflitos internacionais, segundo informações da agência estatal de notícias chinesa Xinhua.
"Estamos profundamente preocupados com a turbulência no Oriente Médio, o Norte e o Oeste Africano e desejamos que os países afetados alcancem a paz, estabilidade, prosperidade e progresso", afirma o comunidado. "Nós compartilhamos o princípio de que o uso da força deve ser evitado", diz o texto conforme a agência.
A Líbia enfrenta uma batalha desde o começo deste ano, quando manifestações pedindo a renúncia do ditador Muammar Kadhafi, há 42 anos no poder, se tornaram confrontos violentos e passaram a ser reprimidos com força pelo regime.
No dia 17 de março, a ONU aprovou uma resolução que valida quaisquer medidas necessárias para impedir um massacre de civis. Dois dias depois, a coalizão internacional liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha começou a bombardear a Líbia. O atual comando das ações está com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Sistema monetário internacional
Os Brics também manifestam apoio a uma reforma e melhoria no sistema monetário internacional. Segundo informações da agência estatal de notícias chinesa Xinhua, a reforma possibilitaria o estabelecimento de um sistema monetário estável e confiável e com ampla base internacional de reserva.
“A crise financeira internacional expôs as inadequações e deficiências do atual sistema monetário e financeiro”, diz trecho do comunicado citado pela Xinhua.
Próximo encontro
Segundo a agência Xinhua, Hu Jintao informou que o próximo encontro dos Brics vai ocorrer na Índia no ano que vem.
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