A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou ontem que proibiu mais 51 pilotos de fazer voos em território internacional -segundo a agência, eles falam inglês em nível inferior ao exigido para esse tipo de voo.
Todos os 51 haviam feito em uma escola de Madri um exame que atesta proficiência no idioma e tentavam validá-lo no Brasil.
Só que, em junho, a Anac anulou esses testes e os obrigou a refazer a prova até 15 de dezembro, desta vez no Brasil, sob sua supervisão.
Atribuiu a decisão à necessidade de manter a "segurança operacional da aviação civil". O inglês é o idioma padrão em voos internacionais. A má comunicação pode contribuir para um acidente aéreo.
A agência avaliou que as provas de Madri não estavam em conformidade com os padrões internacionais de aviação. Ela foi até a escola ao constatar que muitos pilotos melhoravam a nota quando faziam o exame lá.
Sem as notas do teste de Madri, esses 51 pilotos ficam com nível 3 de proficiência em inglês, ou menos; para voos internacionais, o mínimo é 4. A escala vai de 1 a 6.
Enquanto isso, os pilotos poderão participar de voos internacionais, mas só no trecho sobre território brasileiro -é o que prevê norma aprovada pela agência em 22 de junho.
Também estão nessa situação outros 37 pilotos obrigados a refazer o teste de inglês. A Folha revelou o caso na edição de sexta-feira.
A maioria dos pilotos é da TAM, que, na semana passada, disse cumprir todas as exigências da Anac.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Advogado de parte dos pilotos, Carlos Duque Estrada foi à Justiça para fazer valer a licença obtida em Madri. Ele tentou obter uma liminar, mas a Justiça negou.
Estrada sustenta que a Anac autorizou, em dezembro, usar as notas da escola de Madri e, neste ano, voltou atrás. Por isso, diz, violou o direito adquirido dos pilotos.
Os tripulantes alvo da restrição imposta pela Anac são experientes, alguns com mais de 15 mil horas em voos internacionais, disse ele na semana passada.
Segundo o advogado, os pilotos optaram por fazer a prova em Madri porque lá o exame saía mais rápido e era mais barato do que no Brasil.
A escola, Flight Crew, é autorizada pela agência de aviação espanhola a operar. À Folha, por e-mail, a instituição informou que só falaria por telefone a respeito do caso. Ontem, a reportagem não conseguiu contato.
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