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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Avanço sobre Assad


A guerra síria chega a Damasco e abala o centro do poder. A queda do ditador Bashar Al-Assad fica mais próxima

Mariana Queiroz Barboza
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EXPLOSÃO
O ministro da Defesa, Dawoud Rajh, ao lado de Assad, foi uma das vítimas no
atentado contra a sede da Segurança Nacional. Combates chegam às ruas de Damasco
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A Síria está fora de controle. Dezesseis meses após o início dos violentos conflitos no país entre soldados e rebeldes, o regime do ditador Bashar al-Assad sofreu um duro golpe na semana passada. Ao menos quatro autoridades do primeiro escalão militar foram mortas num atentado, na quarta-feira 18, à sede da Segurança Nacional, uma fortaleza em Damasco vista como o coração das Forças Armadas. Entre as vítimas estavam figuras-chave do governo, como o ministro da Defesa, Dawoud Rajh, e o cunhado de Bashar-al-Assad, Assef Shawkat, primeira baixa da família do ditador na guerra civil. A autoria do ataque com bomba foi assumida pelos opositores do Exército Sírio Livre que, três dias antes, tinham conseguido levar os combates à capital. “Essa ação coordenada mostra que os rebeldes agora são capazes de penetrar até nos prédios mais protegidos do governo”, disse à ISTOÉ Jeffrey White, especialista em Síria do centro de pesquisas Washington Institute.

Não há mais lugar seguro no país. A capital Damasco vivia até a semana passada num clima completamente diferente do interior da Síria, onde cidades como Homs estão em ruínas e convivem diariamente com cenas de extrema violência. A aparente estabilidade dos redutos da ditadura era um dos pilares do apoio de parte da população a Assad. O ditador tem tradicionalmente a adesão da minoria alauíta, dos curdos e dos cristãos, enquanto a maioria dos sírios é sunita. Com a chamada “batalha pela libertação” de Damasco, que chegou aos bairros nobres, e as recentes deserções de um embaixador e de um general, os rebeldes desequilibraram esse jogo. Mas nem mesmo o agravamento dos levantes, que já resultam em 17 mil mortes, segundo a oposição, e os apelos do enviado especial para a paz na Síria Kofi-Annan foram capazes de influenciar os votos da Rússia e da China no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Os dois países vetaram pela terceira vez uma resolução contra a Síria, que previa a implementação de um plano de transição política e a ameaça de sanções. Ainda assim, o fim da ditadura de quatro décadas da família Assad, possibilidade pouco considerada semanas atrás, está cada dia mais próximo. “A real pergunta agora é quanto tempo vai demorar a queda”, afirma Jeffrey White. “Não é coisa para mais de dois meses. Definitivamente não estamos mais falando em anos.”
"A real pergunta agora é quanto  tempo vai demorar
o fim. Não é coisa para mais de dois meses"

Jeffrey White, especialista do centro de pesquisas Washington Institute

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