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terça-feira, 24 de julho de 2012

Tribunal nega pedido e Cachoeira terá que depor à Justiça


Advogados queriam resultado semelhante ao que ocorreu na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), em que o empresário se negou a responder às perguntas dos parlamentares

Agência Brasil e Portal Terra
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O juiz federal Alexandre Franco, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), negou nesta segunda-feira (23) pedido da defesa do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira para que ele permaneça calado em depoimento na Justiça nesta quarta-feira (25). O juiz Alexandre Franco substitui temporariamente o desembargador Fernando Tourinho Neto, que está de férias.
Cachoeira é acusado de comandar esquema de corrupção e exploração ilegal de jogos no Centro-Oeste. Ele está preso preventivamente desde dia 29 de fevereiro como resultado da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O habeas corpus para garantir que Cachoeira pudesse ficar calado foi protocolado no TRF1 no final da semana passada. Os advogados queriam resultado semelhante ao que ocorreu na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, em que o empresário se negou a responder às perguntas dos parlamentares.
O depoimento de Cachoeira e outros réus na Justiça Federal em Goiás é fase fundamental para que o processo avance. As declarações do empresário são aguardadas com ansiedade, pois será a primeira vez em que ele falará sobre o caso. Durante a CPMI, Cachoeira chegou a dizer que “ajudaria muito” às investigações, mas somente após sua audiência na Justiça.
Os depoimentos deveriam ter ocorrido no início de junho, mas uma liminar do desembargador Tourinho Neto adiou as oitivas alegando que haviam falhas processuais que precisavam ser sanadas. Desde então, o caso passou para as mãos do juiz Alderico Rocha Santos, que marcou novas oitivas no final de julho – na terça (24) serão ouvidas testemunhas de defesa e de acusação e, na quarta-feira (25), serão ouvidos os réus.
Cachoeira foi transferido para Goiânia na manhã desta segunda-feira e está detido na Superintendência da Polícia Federal na capital goiana. Ele passou parte do dia conversando com advogados e fazendo testes psiquiátricos.
Além do recurso negado no TRF1, o empresário sofreu outro revés no início desta noite no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa acionou o tribunal na última quinta-feira (19) insistindo na soltura de Cachoeira. Como o tribunal está de recesso, o processo foi encaminhado ao presidente Ari Pargendler, que trabalha em regime de plantão. Em sua decisão, o ministro destacou que não cabe ao ministro plantonista revisar decisão pendente de julgamento no colegiado.
Mulher de Cachoeira entrega carta
Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, não recebeu permissão para ver seu marido, nesta segunda-feira, na sede da Polícia Federal de Goiânia (GO). Diante da recusa, Andressa foi autorizada a escrever um bilhete para o bicheiro. "Coisas de uma mulher para o marido. Nada de especial", disse, sem revelar o conteúdo da mensagem. Um fotógrafo local, contudo, teve acesso ao bilhete.
"Quero que você saiba que é um momento difícil das nossas vidas. Eu sei que o nosso amor é maior que qualquer dificuldade. Você tem uma mulher que te ama e nunca te despreza", dizia a mensagem. "Estou orando por ti", concluiu Andressa.
Cachoeira deixou o presídio da Papuda, em Brasília, e chegou durante a manhã à sede da Polícia Federal, onde prestará depoimentos nos próximos dias. Acusado de comandar um esquema de jogos ilegais em Goiás, Cachoeira deve acompanhar os depoimentos previstos para amanhã e quarta-feira. O bicheiro, segundo a PF, deve depor no último dia. Até lá, deve ficar detido na própria unidade da corporação.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.
Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.
Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.

Um comentário:

  1. Cabral não escapou de ser convocado. Ele não foi convocado por que não apresentaram provas para que isso fosse necessário.

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