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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Haiti precisará da ONU por "um bom tempo"--general Luiz Guilherme Paul Cruz

SÃO PAULO (Reuters) - O Haiti terá de contar com a ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU) ainda "por um bom tempo" e a redução do efetivo militar da entidade dependerá da evolução institucional no país, inclusive com as eleições presidencial e legislativa marcadas para o fim de novembro deste ano, segundo o comandante militar da missão de paz da ONU.
O general Luiz Guilherme Paul Cruz, que comanda os cerca de 7.800 militares --a maioria brasileiros--, que compõem as tropas da Minustah (sigla para Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), disse em entrevista à Reuters nesta quinta-feira que os haitianos retornam pouco a pouco à normalidade, cerca de seis meses após um devastador terremoto que matou cerca de 225 mil pessoas e deixou 1,5 milhão desabrigadas.
"Eu vejo sim esse desenvolvimento em todo o país, vejo uma melhoria a toda a hora, mas o país vem de uma base bastante frágil. Em função disso, a missão das Nações Unidas, vai permanecer aqui por um bom tempo", disse Paul Cruz, que assumiu o comando militar da Minustah em abril, mas já havia comandado o batalhão brasileiro no Haiti.
"Eu não estou falando sobre a questão de segurança e estabilidade, porque assim que forem atingidos novos patamares, o perfil da missão vai sendo alterado", acrescentou.
De acordo com o general, assim que a Polícia Nacional do Haiti atingir um efetivo de 14 mil homens, ela passará a ter controle da segurança do país. "Eles estão com por volta de 9 mil, caíram um pouquinho agora, mas estão nessa fase", contou.
"Aí, tudo depende do entendimento político... da liderança do país poder conduzir o país dentro do jogo democrático", avaliou para, em seguida, acrescentar que uma eventual redução no número de militares boinas azuis no país "não tem data".
Além da devastação, que destruiu até o palácio presidencial, os tremores que atingiram o país em janeiro também trouxeram preocupações de segurança. Líderes de gangues armadas que estavam presos fugiram da principal prisão de Porto Príncipe, detruídadestruída pelo terremoto, e os relatos de violência nos acampamentos improvisados para os refugiados aumentaram.
"Hoje nós estamos numa situação de estabilidade que permite o desencadeamento dos trabalhos da reconstrução do Haiti e do governo do Haiti, e o desencadeamento do processo eleitoral, que vai ocorrer no final do ano para a passagem do governo no próximo ano", disse.

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