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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Serra cede ao DEM e aos Maia

O DEM acabou vencendo a queda de braço que travava com o PSDB desde a última sexta-feira e conseguiu aprovar ontem o deputado Indio da Costa (DEM-RJ) como vice na chapa do tucano José Serra à Presidência. A escolha agradou em especial ao presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e a seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia, que mereceram agradecimentos especiais do candidato a vice durante a convenção nacional do partido, que ontem homologou a aliança nacional com os tucanos.
Também foi decisiva para a escolha a opinião do marqueteiro da campanha presidencial tucana, Luiz Gonzalez, que considerou relevante o fato de Indio ser do Rio, uma cara nova e jovem, além de ter sido o primeiro relator do projeto da Ficha Limpa na Câmara, no segundo semestre do ano passado.
Anteontem à noite, depois de duas reuniões em São Paulo, os tucanos chegaram a pensar que tinham vencido a disputa com o DEM e que conseguiriam manter a indicação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) para a vaga de vice de Serra. Mas a decisão do irmão do senador tucano, Osmar Dias (PDT-PR), de se lançar candidato ao governo do Paraná com o apoio do PT, provocou uma reviravolta nas negociações.
A notícia tirou do PSDB o principal argumento para manter a chapa puro-sangue: a de que Dias uniria o Paraná em favor de Serra.

‘Indio representa aliança forte
Diante do fato novo, Rodrigo Maia embarcou no início da madrugada de ontem de volta para São Paulo, disposto a reabrir a discussão sobre a vaga de vice com Serra.
No início da noite de ontem, em Brasília, Serra comemorou a pacificação da aliança com o DEM.
— Indio representa uma aliança, uma aliança forte pelo Brasil — disse Serra.
O candidato tucano fez questão ainda de afirmar que o difícil processo de definição de seu companheiro de chapa não deixará sequelas na aliança com o DEM.
— Fizemos uma escolha harmônica.
Não fica nenhuma sequela, temos de olhar para frente. Agora estamos olhando para frente, na perspectiva da unidade. E já tendo o vice, vou poder ter mais tempo para falar de meus projetos para o país — acrescentou.
Serra e Indio, porém, teriam se encontrado apenas uma vez antes.
O presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra (PE), atribuiu a troca à mudança no cenário no Paraná: — Osmar (Dias) quebrou a nossa estratégia. Sem a candidatura dele chegaríamos a um consenso com o DEM em torno do nome de Álvaro.
Antes de anunciar a troca de Álvaro Dias por Indio da Costa, Serra tomou o cuidado de consultar pelo telefone os presidentes do PPS, Roberto Freire, e do PTB, Roberto Jefferson. Na hora, nenhum dos dois se opôs à mudança, embora Jefferson tenha demonstrado sua contrariedade mais tarde no Twitter.
Batido o martelo, o candidato tucano embarcou para Brasília junto com Maia e Kassab para anunciar pessoalmente a escolha e tentar mostrar que a crise aberta nos últimos dias em sua campanha não deixará sequelas.
Mas, antes mesmo de Serra desembarcar na capital federal, às 17h30m, a convenção nacional do DEM já havia aprovado por aclamação a nova chapa presidencial. Quando ele chegou à capital, a convenção já estava encerrada. Numa cerimônia rápida, que durou menos de 40 minutos, o DEM aplaudiu a escolha de Serra e prometeu empenho total na campanha.
O novo vice não escondeu a surpresa com a escolha de seu nome e fez um agradecimento especial ao exprefeito Cesar Maia.
— Queria agradecer a quem me colocou na política, o ex-prefeito Cesar Maia — justificou, acrescentando que em Brasília conheceu “figuras espetaculares” como expresidente do partido Jorge Bornhausen.
Nenhum tucano foi à convenção do DEM, embora muitos estivessem em Brasília, antes de Serra chegar. O senador Sérgio Guerra pretendia ter participado ontem da convenção do PMDB que homologou a candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ao governo do estado, mas foi interceptado por Serra quando seu avião já se preparava para levantar voo. Isso porque Serra queria a sua presença quando estivesse apresentando Indio da Costa como vice.
Coube a Guerra também comunicar a Álvaro Dias a mudança de planos de Serra. Num esforço para mostrar que a troca não lhe causou mágoas, Dias também foi convidado para acompanhar o candidato tucano no seu primeiro encontro formal com o novo vice.
O senador tucano ganhou um abraço de Serra, na frente de Indio da Costa, e muitos elogios públicos.
— Não estou triste. Não há lugar para mágoas, ressentimentos ou postulações pessoais — disse Álvaro Dias.
Mais cedo, durante almoço em uma churrascaria em Brasília, em que se encontrou por acaso com integrantes do DEM, Álvaro Dias, ao ouvir comentários de que seu irmão, Osmar Dias (PDT-PR), teria sido usado pelo PSDB para lançar seu nome, respondeu: — Acho que eu fui usado para confirmar a candidatura do Osmar Dias.


'Eu não sou o Collor. Sou jovem, mas diferente'
INDIO DA COSTA

BRASÍLIA. Aos 39 anos e exercendo seu primeiro mandato como deputado federal, Indio da Costa (DEM-RJ) é visto com uma certa desconfiança por parte dos tucanos, por causa da sua pouca experiência e juventude, mas promete mobilizar a população do Rio, especialmente os jovens, para reduzir a desvantagem de José Serra na disputa.
O GLOBO: O que representa para o Rio ter um candidato a vice-presidente?
INDIO DA COSTA. Há muitos anos o Rio tem baixa representatividade no cenário nacional. Representa muito orgulho para todo mundo fazer parte de um projeto nacional, e sério. Serra se preparou a vida toda para ser presidente da República.
O GLOBO: A escolha do vice abriu uma crise entre o PSDB e o DEM nos últimos dias. Ficam sequelas?
INDIO. O Democratas vai absolutamente unido. Eu recebi telefonemas de todas as alas do partido. Não tem nenhum tipo de racha.
O GLOBO: Os tucanos comemoraram o acordo, mas temem pela sua pouca experiência e juventude.
INDIO. Eu não sou o Collor. Sou jovem, mas tenho uma trajetória absolutamente diferente de vida, uma família e um berço diferente. Além disso, ainda tenho ao meu lado uma pessoa que será presidente da República e é absolutamente capaz.
O GLOBO: O senhor entra como vice numa campanha em desvantagem. Como acha que poderá ajudar a reverter esse quadro?
INDIO. Trazendo a juventude, mobilizando as pessoas através do movimento do Ficha Limpa. Um projeto que o governo que aí está não queria que fosse aprovado.
Meu Twitter tinha mil pessoas antes do Ficha Limpa e agora tem 33 mil pessoas, sendo que só 30% desses seguidores são do Rio.
O GLOBO: Qual o maior desafio da oposição a partir de agora, diante da vantagem da petista Dilma Rousseff?
INDIO. Eu nunca entrei numa candidatura em que eu fosse favorito. Prefiro estar numa candidatura em que você tem que passar o adversário do que começar muito bem e levar a militância a descansar. Eu vi muito bem o que aconteceu no Rio, com o Gabeira. Todos achavam que ele estava praticamente eleito prefeito. As pessoas então viajaram, outros foram à praia, e nós perdemos a eleição por 50 mil votos em 2008. Gosto de eleições duras.
Serra me disse que terei de acordar mais cedo e dormir mais tarde. Isso porque ele me conhece pouco.

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