A sangria de petróleo no Golfo do México ajuda o etanol brasileiro a se firmar como a grande fonte de energia renovável e um forte item na pauta de exportações. O entrave é a disputa com os EUA, cuja capacidade produtiva, de 4.700 litros por hectare, é 2.300 litros menor. O Brasil cobra o fim da sobretaxa à importação e do subsídio de US$ 5 bilhões por ano aos americanos.
O meio ambiente agradece
O Brasil está pressionando os EUA para não renovarem o tributo adicional cobrado na importação de etanol, que vence em dezembro, mas há lobby das petroleiras no Congresso americano
O vazamento de petróleo da BP no Golfo do México – considerado a pior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos – trouxe à tona a discussão sobre a necessidade de se reduzir a dependência global por óleo a partir do maior uso das fontes de energia renováveis.
O momento favorece o potencial brasileiro para a exportação de etanol.
A capacidade produtiva do Brasil é de 7 mil litros por hectare, 2.300 litros a mais que nos EUA, de 4.700 litros por hectare.
Além disso, o etanol brasileiro, à base de canade-açúcar, inibe a emissão de 61% de gases do efeito estufa em relação à gasolina, enquanto o álcool americano, feito de milho, emite só 21% menos de CO². Mas de todo o biocombustível produzido no mundo, apenas 10% é negociado no exterior, devido às barreiras tarifárias.
– Os EUA reconhecem que o petróleo é uma energia suja, mas por outro lado há um lobby das petroleiras – destaca Henrique Chaves, professor Universidade de Brasília (UnB).
O governo brasileiro está pressionando os EUA para não renovarem o tributo adicional cobrado na importação de etanol, que vence em dezembro.
Mas ainda há resistência no Congresso americano, porque a taxa de US$ 0,54 por galão (US$ 0,14 por litro) foi adotada desde 1980 para compensar a isenção fiscal concedida às empresas (nacionais e estrangeiras) que adicionam o biocombustível à gasolina. O governo americano gasta US$ 5 bilhões por ano para manter este incentivo.
– Os EUA deverão manter artificialmente a competitividade do seu álcool, que tem características inferiores ao etanol brasileiro – aponta o coordenador do Instituto de Energia da USP, Célio Bermann.
A tarifa extra forma de 30% a 40% o preço do etanol importado pelos Estados Unidos. Apesar da taxa ser classificada como temporária, já dura três décadas.
– Como a tarifa de importação é mais alta que os incentivos, fica muito difícil para o Brasil escoar sua produção nos EUA, que tem o maior consumo mundial de etanol – ressalta a representante da Divisão de Agricultura e Produtos de Base do Itamaraty, Paula Aguiar Barbosa.
– Estamos com várias ações para que esta barreira seja derrubada.
Nós tínhamos uma tarifa (de importação), derrubada no início do ano.
Paula lembra que, além da taxa extra, há a tarifa aduaneira para a importação de etanol nos EUA, que varia de 1,9% a 2,5%.
Dentre as iniciativas brasileiras para incentivar a compra do álcool pelos americanos está o patrocínio à Fórmula Indi, que usa o biocombustível produzido no Brasil.
Os EUA consomem cerca de 50 bilhões de litros de etanol por ano, quase o dobro do consumido em solo brasileiro (27 bilhões por ano) e esperam alcançar a marca de 136 bilhões até 2022, segundo o diretorexecutivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Leão. “Apenas 3 bilhões de litros de etanol vendidos nos EUA são importados.” – Deste montante, os EUA pretendem consumir cerca de 80 bilhões de litros (21 bilhões de galões) de combustível não celulósico avançado (como é classificado o etanol de canade-açúcar feito no Brasil) – declara Leão. – Por questões ambientais, eles não podem plantar cana com a nossa eficiência.
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