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domingo, 10 de outubro de 2010

Forças Armadas abrem a trilha para a Olimpíada -Jogos da Paz testam estrutura e tecnologia que serão usadas no Rio em 2016

O primeiro teste para o Rio como sede da Olimpíada de 2016 será no ano que vem. Segurança, transporte, equipamentos esportivos, rede hoteleira, capacitação de voluntários e o preparo dos nossos atletas serão colocados à prova de 16 a 24 de julho, durante os 5.º Jogos Mundiais Militares ou Jogos da Paz.
O evento vai aproveitar instalações usadas nos Jogos Pan-Americanos de 2007, como o Centro Nacional de Hipismo, o Estádio Olímpico João Havelange, o Ginásio do Maracanãzinho, o Parque Aquático Maria Lenk e áreas militares. Diversos centros esportivos estão em reforma e há também estruturas em construção, caso das três vilas de atletas. O orçamento de R$ 1,164 bilhão inclui a mobilização direta de 30 mil pessoas, considerando voluntários.
A organização afirma que o legado para o Rio vai além da infraestrutura, envolve tecnologia. O Exército está adaptando para a área esportiva um software de "solução de incidentes" criado pela instituição para treinamento militar. Esse processo vai custar cerca de R$ 3 milhões e empenhar um ano e meio de trabalho, de acordo com o coordenador-geral do comitê de planejamento operacional dos 5.º Jogos Mundiais Militares, general de brigada Jamil Megid Júnior.
Segundo ele, o comitê organizador da Olimpíada Rio 2016 acompanha a evolução e poderá aproveitar o programa sem custo porque a patente pertence à União. Por meio de câmeras de monitoramento, aparelhos de GPS e outras tecnologias combinadas, a sala de comando e controle consegue identificar qualquer incidente e o próprio software apresentará em um telão as soluções para não comprometer a organização. "Podemos mudar o trajeto de um ônibus parado no trânsito, atrasar a saída de uma delegação do hotel ou modificar os horários das provas", explica.
As hipóteses são bastante abrangentes. "Se sumir uma chave de vestiário, o programa indica quem tem cópia e qual a viatura mais próxima disponível para buscá-la", exemplifica outro militar. "Se uma região alagar, você tem um ginásio alternativo e toda a logística para mudar a competição."
Megid também comanda a segurança do evento e afirma que pouca coisa mudará em relação ao Pan 2007. "Prosseguimos na parceria com os órgãos de segurança pública. Usaremos R$ 100 milhões para atualizar e fazer a manutenção dos equipamentos."
Futuro do esporte. As Forças Armadas consideram que o maior investimento dessa competição é no esporte nacional. Um convênio entre os Ministérios da Defesa, dos Esportes e o Comitê Olímpico Brasileiro possibilitou a convocação de atletas para equipes do Exército e da Marinha.
O reforço tem uma justificativa: "Nós conquistamos a sede dos 5.º Jogos Mundiais Militares e da Olimpíada de 2016, mas não podemos organizar as competições e só colocar medalha no peito dos outros", afirma o presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil, vice-almirante Bernardo José Pierantoni Gambôa.
"Estudamos os modelos da Itália, França e Alemanha, onde a maioria dos atletas registrados no CISM (Conselho Internacional de Esportes Militares) é de alto rendimento", conta. "Essa é uma tradição especialmente no Leste Europeu e em países da Ásia", diz. "Nós vamos mudar a cara do Brasil nesse quesito."
Segundo ele, o estudo prevê cerca de 350 atletas nas Forças Armadas. Todos os anos, os esportistas serão avaliados por dedicação e resultados em competições internacionais. Os contratos podem ser renovados por até oito anos e outros editais de convocação serão publicados à medida que eles deixarem as instituições.
"Esses atletas também vão trabalhar na descoberta de novos talentos. Vamos usar esse pessoal em clínicas nas nossas escolas de formação", revela Gambôa. "Estão trazendo conhecimento, liderança e experiência para contribuir com o sistema nacional de esportes", avalia.


Carreira acaba com sufoco por patrocínio

Eles são atletas de elite, carregam uma bagagem pesada, cheia de medalhas e reconhecimento internacional. Muitos deles compartilham experiência olímpica, mas, apesar disso, não recebem patrocínio. A sobrevivência no esporte é resultado de talento puro. Agora, dizem ter encontrado a grande oportunidade da carreira: ser militar.
"As pessoas pensam que velejador é rico, mas não é bem assim. Faz 18 anos que minha família paga tudo. É difícil", afirma Juliana Siqueira Senfft, que começou no esporte aos 3 anos de idade. Ela e Martine Soffiatti Grael possuem sobrenomes de gente acostumada a orgulhar o País. As iatistas competem no Match Race Feminino, categoria que será introduzida na Olimpíada de Londres 2012, e participam de uma intensa rotina de treinos na Marinha. "Agora eu tenho técnico", comemora Juliana.
Diferencial. Laisa Elizabeth de Santana, de 22 anos, virou judoca aos 4. Filha e irmã de atletas, é marinheira desde 2008. "Aqui temos médicos, fisioterapeutas, nutricionista, suplementação alimentar, psicólogo, preparador físico", enumera. Para ter direito a essa infraestrutura, Laisa passou por provações. "Eu tive de lavar banheiro, limpar chão, comandar a turma, que é mais difícil que lutar. Eu chorava. Mas a formatura foi emocionante."
Com treinamentos de manhã, à tarde e à noite, no mínimo cinco dias por semana, Laisa conquistou medalhas, virou titular da seleção brasileira e, no começo do ano, assinou contrato com o Flamengo - o edital permite que os atletas treinem também em clubes. Apenas uma atleta da seleção feminina de judô não é militar. Até integrantes da comissão técnica resolveram vestir farda.
A zagueira Tânia Maria Pereira Ribeiro, a Tânia Maranhão, de 36 anos, vestiu a amarelinha por 17. "É a primeira vez que tenho estrutura para treinar o ano inteiro."
Renzo Pasquale Zeglio Agresta, de 25 anos, é o principal esgrimista brasileiro. Treina no Esporte Clube Pinheiros, mas não tem contrato com o clube. "Na Europa, todos os esgrimistas são militares", destaca. "Desde que virei sargento, em novembro, o Exército já me apoiou para participar de três competições internacionais e um treinamento na Itália."
Entre medalhistas militares também estão Vicente Lenilson e Keila Costa (atletismo), Poliana Okimoto e Kaio Marcio (natação), Nathália Falavigna e Diogo Silva (tae-kwon-do).

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