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segunda-feira, 7 de março de 2011

Após fracasso britânico, ONU enviará missão humanitária à Líbia

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, convenceu neste domingo o chanceler líbio a permitir que uma equipe de "avaliação humanitária" visite Trípoli e nomeou um enviado especial para lidar com o regime. A notícia chega horas depois de uma missão diplomática do Reino Unido deixar o país sem conseguir abrir diálogo com os rebeldes no leste da Líbia.

O ex-chanceler jordaniano Abdelilah Al Khatib será o responsável por realizar "consultas urgentes" com o governo do ditador Muammar Gaddafi sobre a batalha com os rebeldes de oposição e trabalhar na crise humanitária no país, informou o porta-voz da ONU, Martin Nesirky. A missão será a primeira atuação efetiva da comunidade internacional no país.

Gaddafi chegou a desafiar, em um de seus discursos, a comunidade internacional a enviar missões ao país para verificar que suas tropas não combatem manifestações pacíficas e sim jovens influenciados pela rede terrorista al Qaeda, a quem culpa pela revolta popular.

Ban expressou ainda preocupação com o que chamou de uso "desproporcional" da força por Gaddafi, que tem invadido com tanques e aviões as cidades controladas pelos rebeldes.

Ele apelou ainda "fortemente" pelo fim das hostilidades, em conversas por telefone com o chanceler da Líbia, Mussa Kussa, disse Nesirky. Ban pediu ainda que o governo "garanta a segurança de todos os cidadãos estrangeiros e o livre acesso das organizações humanitárias às pessoas necessitadas".

"Neste sentido, ele sugeriu o envio imediato de uma equipe de avaliação humanitária para Trípoli, um pedido que foi aceito pelo ministro das Relações Exteriores", disse Nesirky.

A equipe está sendo organizada pelo Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários. Al Khatib deve ir a Nova York nesta semana antes de assumir a missão.

Não foi divulgado em que partes de Trípoli a equipe será autorizada a ir ou se poderá viajar para outras cidades.

Ban conversou com Gaddafi em 21 de fevereiro, mas foi incapaz de convencer o líder líbio a pôr um fim aos protestos da oposição, que segundo grupos de direitos humanos já deixaram milhares de mortos. O Conselho de Segurança ordenou sanções contra Gaddafi cinco dias depois, mas que também não conseguiram forçar a saída do ditador.

A ONU pediu ainda neste domingo acesso "urgente" à cidade de Misrata, controlada pelos rebeldes, que sofreu ataque das forças do regime neste domingo --com um saldo não oficial de 20 mortos e cem feridos.

A organização quer ajudar as vítimas dos bombardeios das forças leais. "As pessoas estão feridas e morrendo e precisam de ajuda imediata. Convoco as autoridades a permitir o acesso (às vítimas) para que os trabalhadores humanitários possam salvar vidas", afirmou a secretária adjunta das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Valerie Amos.

Nesirky não disse se a equipe da ONU poderá ir até a região controlada pelos rebeldes ou se houve algum contato efetivo com a oposição.

FRACASSO

Mais cedo, um diplomata britânico escoltado por agentes das forças especiais teve de deixar o país após uma missão fracassada a Benghazi, reduto dos rebeldes.

A chancelaria britânica confirmou mais cedo que a equipe diplomática viajou para Benghazi para fazer contatos com os rebeldes de oposição, mas teve algumas "dificuldades".

A Chancelaria se recusou a confirmar relatos de que a equipe inclui forças especiais militares e que eles foram detidos por rebeldes ao chegar em Benghazi.

"A equipe foi à Líbia para iniciar contatos com a oposição", disse o ministro de Relações Exteriores, William Hague. "Eles experimentaram dificuldades, que agora foram satisfatoriamente resolvidas".

Hague disse que, em consulta com a oposição, o Reino Unido pretende enviar uma outra equipe à Líbia para "reforçar nosso diálogo".

O "Sunday Times" reportou mais cedo que oito soldados das forças especiais britânicas, armados, mas a paisana, foram capturados quando escoltavam uma equipe diplomática em território controlado por rebeldes na Líbia.

A intervenção das forças especiais irritou os rebeldes, que ordenaram que eles fossem presos em uma base militar, segundo o jornal.

O Conselho Nacional, que reúne parte dos rebeldes contrários ao ditador Gaddafi, rejeitou neste domingo qualquer diálogo com a missão britânica diplomática. Os rebeldes disseram que o grupo entrou de maneira ilegal em seu território e alertou que qualquer missão deve ser organizada de maneira oficial.

"Damos as boas-vindas a qualquer delegação britânica, mas tem que ser de forma oficial", afirmou o porta-voz do Conselho Nacional rebelde, Abdelhafiz Ghoga, em entrevista coletiva na cidade de Benghazi, reduto da revolta popular contra Gaddafi.

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