SELVA

SELVA

PÁTRIA

PÁTRIA

segunda-feira, 7 de março de 2011

Armar rebeldes é uma opção para a Líbia, diz Casa Branca

A Casa Branca afirmou nesta segunda-feira que armar rebeldes é uma das muitas opções que os Estados Unidos estão considerando para lidar com a crise na Líbia. A declaração do porta-voz Jay Carney foi feita logo depois de o presidente Barack Obama reconhecido que a opção de uma intervenção militar no país norte-africano está sob análise.

Segundo o porta-voz da Casa Branca, o governo americano se movimenta rapidamente para avaliar as opções, mas ressaltou que os EUA não querem se colocar à frente dos eventos.

Carney disse que Washington está usando canais diplomáticos, assim como contatos na comunidade empresarial e em organizações não-governamentais, para reunir informações sobre a oposição rebelde que, há 21 dias, enfrentam as forças leais a Gaddafi.

"A opção de dar assistência militar é uma das que está na mesa, porque nenhuma opção foi removida da mesa", disse Carney. No entanto, ele afirmou que enviar tropas para a Líbia "não está no topo da lista neste momento".

Antes das declarações de Carney, Obama havia advertido aos seguidores de Gaddafi que eles responderão por seus atos e pelo uso da violência contra os rebeldes no país, reconhecendo

"Quero dizer àqueles próximos [a Gaddafi] que depende deles tomar a decisão sobre como querem agir daqui por diante", assinalou Obama na Casa Branca, onde se reuniu com a primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard. "Terão de prestar contas por qualquer ato de violência que ocorrer."

Obama disse ainda que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deve se reunir em Bruxelas para discutir uma reação à violência na Líbia, incluindo incursões militares.

"Enquanto isso, temos a Otan, com quem falamos, que está consultando em Bruxelas o amplo leque de potenciais opções, incluindo potenciais ações militares, como resposta à violência que continua acontecendo na Líbia", explicou Obama.

Mais cedo, o secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, exigiu uma transição rumo à democracia e advertiu que pode haver reação militar se Gaddafi continuar usando a força para conter a revolta popular.

"Se Gaddafi e suas forças militares continuarem atacando sistematicamente a população, não posso imaginar que a comunidade internacional fique somente olhando", disse Rasmussen, acrescentando: "Muita gente pelo mundo se verá tentada a dizer: 'façamos algo para deter este massacre''.

Rasmussen ressaltou, contudo, que a aliança não tem prevista nenhuma ação militar e só agira se for solicitada e contar com um mandato apropriado da ONU (Organização das Nações Unidas).

"A Otan não tem intenção de intervir, mas como organização de segurança nossa obrigação é fazer um planejamento prudente para qualquer eventualidade", explicou Rasmussen em entrevista coletiva.

Os analistas da Otan estão elaborando planos sobre possíveis cenários da revolta --o que inclui uma intervenção militar. "Temos de estar prontos para agir rapidamente", afirmou Rasmussen.

EXCLUSÃO AÉREA

Outra opção é aplicar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, ideia que alguns países tentam levar adiante para impedir os bombardeios da Força Aérea leal a Gaddafi.

A Otan já realizou duas missões de exclusão aérea na década de 1990, uma durante a guerra da Bósnia-Herzegovina e outra no conflito do Kosovo.

Rasmussen afirmou que essa ação requer um "amplo leque de recursos militares" e lembrou que a resolução sobre a Líbia aprovada por enquanto pelo Conselho de Segurança da ONU não prevê o uso da força.

Por outro lado, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, confirmou nesta segunda-feira que o Reino Unido prepara um projeto de resolução na ONU sobre uma zona de exclusão aérea na Líbia. O projeto, que conta com apoio da França, Liga Árabe, e Estados Unidos, é rejeitado pela Rússia --que tem poder de veto no Conselho de Segurança.

"Estamos trabalhando estreitamente com nossos parceiros no Conselho de Segurança na eventualidade de uma zona de exclusão aérea", afirmou Hague, durante um comparecimento na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento britânico.

Um diplomata britânico na ONU confirmou que o projeto de resolução está sendo preparado para caso seja necessário, mas nenhuma decisão oficial foi tomada.

Rebeldes pediram à comunidade internacional que estabeleça uma zona de exclusão aérea no país para conter os bombardeios das Forças Aéreas de Gaddafi.

Respondendo às perguntas dos deputados, Hague assegurou que os rebeldes líbios "já pediram explicitamente uma zona de exclusão aérea", mas assinalou que a medida "deve estar sujeita a muitas condições".

"Deve haver uma necessidade demonstrável que todo mundo possa ver, deve haver uma base legal clara para esta zona de exclusão aérea e deve haver um apoio claro da região, do Oriente Médio, do Norte da África, assim como do próprio povo da Líbia", disse o ministro.

A medida ganhou nesta segunda-feira o apoio da Liga Árabe. O apoio do órgão, sempre muito resistente a qualquer tipo de intervenção, pode acabar com as reservas de alguns dos países membros do Conselho na hora de adotar a medida aprovada apenas duas vezes --no Iraque e na Bósnia.

Na Itália, o ministro de Relações Exteriores, Franco Frattini, revelou que mantém contato com os rebeldes líbios e confirmou a disponibilidade das bases italianas para a realização da intervenção --"com a condição de que esteja dentro da legitimidade internacional, segundo resolução do Conselho de Segurança da ONU".

Já a Rússia voltou a declarar nesta segunda-feira que é contra qualquer ingerência militar estrangeira na Líbia.

"Não consideramos a ingerência estrangeira, em especial militar, como um meio para resolver a crise na Líbia. Os líbios devem resolver seus problemas", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Nenhum comentário:

Postar um comentário