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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Julgamento do mensalão afeta caixa de campanhas do PT


Tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto diz 'arrecadação não está fácil'. Campanha de Haddad arrecadou apenas 2,6% do teto de gastos

Thais Arbex
José Dirceu cumprimenta Lula no lançamento da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad (à esq.) a prefeito de São Paulo
José Dirceu cumprimenta Lula no lançamento da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad (à esq.) a prefeito de São Paulo (Jorge Araújo/Folhapress)
A 48 dias do primeiro turno da eleição, a campanha do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, arrecadou apenas 2,6% dos 90 milhões de reais, valor estabelecido como teto de gastos na disputa deste ano. “O PT não está conseguindo arrecadar”, admitiu nesta segunda-feira o tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto sobre as doações para as campanhas petistas em todo o país. O tesoureiro foi um dos convocados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma reunião de avaliação do cenário eleitoral, que aconteceu nesta tarde, no Instituto Lula, na zona sul de São Paulo. “Não está fácil. A arrecadação está fraca, está devagar”, disse ele. 
Na avaliação dos petistas, o atual ambiente político, com o julgamento do mensalão em meio ao processo eleitoral, fez florescer uma “certa insegurança do empresariado”. “Nós estamos com uma CPI em andamento, com um processo de julgamento em andamento. Evidente que não é um ambiente de tranquilidade da política”, disse o presidente estadual do PT, deputado Edinho Silva, depois de ter relatado a Lula como está a campanha no interior de São Paulo. 
Reconhecendo que “os tesoureiros têm reclamado das dificuldades de arrecadação”, Edinho disse, no entanto, que a campanha do PT não está paralisada em nenhuma cidade. “O Partido dos Trabalhadores, tradicionalmente, faz campanha com muita criatividade. Se temos cinco, sabemos fazer campanha com cinco. Vamos fazer campanha com aquilo que o partido conseguir arrecadar”, disse. 
Haddad, que a pedido de Lula, cancelou uma caminhada em Campão Redondo para participar do encontro, confirmou a “dificuldade” em arrecadar recursos para sua campanha, mas disse que a ausência de doações atinge “todos os partidos”. Seu principal adversário, o tucano José Serra, por exemplo, arrecadou apenas 1,9% dos 98 milhões de reais que pode gastar até o final da eleição. 
Coordenador financeiro da campanha petista em São Paulo, o vereador Chico Macena afirmou que o partido aposta na propaganda eleitoral na televisão, que começa a ser exibida amanhã,  para alavancar as doações. “Só depois do início do programa eleitoral é que as pessoas entram no clima da campanha e começam a melhorar as arrecadações”. Segundo ele, alguns empresários já se comprometeram contribuir com campanha petista a partir da próxima semana. 
No dia seguinte ao seu programa de estreia na televisão, Lula vai acompanhar Haddad a dois jantares um com a comunidade judaica e outro com a muçulmana, onde estão reunidos potenciais doadores de campanha. Na quarta, eles se reúnem com representantes da Federação Israelita do Estado de São Paulo, e na sexta-feira serão recebidos em um evento organizado pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil.
Estúdio no Instituto Lula - Embora o PT esteja analisando a possibilidade de Lula participar de um evento público ao lado de Haddad na próxima semana, a agenda do ex-presidente priorizará as gravações para os programas de rádio e televisão. Para isso, o marqueteiro João Santana decidiu montar um estúdio na sede do Instituto Lula. Os detalhes da estrutura que será montada nas próximas semanas foram acertados nesta tarde com o marqueteiro. 
O PT decidiu criar um estúdio para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva marque presença nas propagandas eleitorais dos candidatos do partido. A estrutura, que incluirá câmera, iluminação e cromaqui (técnica de efeito visual), será instalada na sede do Instituto Lula, local onde o dirigente petista despacha, atualmente. O principal objetivo é evitar o desgaste físico de Lula no deslocamento a estúdios de produtoras. “Ele vai fazer muitas gravações de apoio, marcando a presença dele nos programas de rádio e televisão”, afirmou o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão.
Na sexta-feira, Lula desembarcou no Rio de Janeiro para gravar apoio à reeleição do prefeito Eduardo Paes, do PMDB. O próximo destino do ex-presidente será Belo Horizonte, onde ele chega no dia 1º de setembro, para participar da campanha de seu ex-ministro Patrus Ananias. No dia anterior, o ex-presidente cumpre agenda nas cidades da região metropolitana de BH. 
A agenda de viagens do ex-presidente está nas mãos do secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi.  Estão sendo analisados quais são os melhores períodos para organizar viagens de Lula pelo país. “Não queremos desperdiçar cartuchos”, disse Frateschi. 
Na avaliação do PT, não convém a Lula viajar agora porque estariam sendo perdidos dias importantes de gravação. O partido preferiu preparar um arsenal de programas para o rádio e televisão. 
“Se eu sair cumprindo a agenda sem planejamento e enfiando ele em qualquer lugar, estou queimando o meu cartucho. Preciso um apresentar um planejamento que seja exequível e que não tenha condições de retorno”, afirmou ele. A ideia do PT é que Lula, que acaba de se recuperar de um câncer na laringe, visite apenas uma vez cada cidade. “ Ele está bem de saúde, mas não somos nós que vamos estragar a saúde dele”, disse. O partido deve priorizar eventos em ambientes fechados e caminhadas curtas. 

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