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terça-feira, 11 de junho de 2013

Força Militar: Quartéis sob investigação

Dilma determina a apuração de denúncias de 23 casos de tortura entre 1990 e 2000

Bruno Dutra
Rio - A presidenta Dilma Rousseff determinou a apuração de denúncias de abusos e violação de direitos humanos que teriam sido cometidos por militares das Forças Armadas entre 1990 e 2000 contra integrantes da própria instituição. Dos 23 casos que serão investigados, 19 aconteceram no Rio. As análises serão feitas por grupo de trabalho que será comandado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
História do cadete Lapoente ganhou a mídia por militância da família
Foto:  Reprodução
No Rio, em especial, destaca-se a história do cadete Márcio Lapoente, 18 anos, que morreu após ser agredido em treinamento militar na década de 90. Para a mãe, Carmem Lapoente, a investigação será a oportunidade de buscar a verdade sobre a morte do filho. Ela acredita que o jovem foi torturado.
A resolução publicada no Diário Oficial da União de ontem prevê que as apurações ocorram em até dois anos. O texto se baseia em estudo elaborado pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio (GTNM-RJ) que detalha os casos apontados como tortura. O grupo deve participar com recomendações e encaminhamentos sobre o tema aos diversos órgãos envolvidos.

Na expectativa para o início das apurações, Victoria Grabois, presidente do GTNM, ressalta a importância da conquista, mas aponta as dificuldades que virão. “Não será um trabalho fácil. As Forças Armadas nunca admitiram casos de tortura. Apesar disso, vamos em frente para evitar situações muito parecidas com as que tínhamos na época da ditadura”, diz.
TORTURAS, MORTES E SUICÍDIOS
Confira resumo do estudo do Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio.
“Cadete Márcio Lapoente da Silveira, 18 anos. Torturado e morto na Academia Militar das Agulhas Negras, no interior do Rio”.
“Celestino Rodrigues Neto, 14 anos. Suicidou após sofrer humilhações de colegas e professores por ter ‘colado’ em prova no Colégio Militar do Rio”.
“Emerson de Melo, 20anos (Exército); Sérgio Wanderley, 25 anos (Exército); João Vicente Santana (Aeronáutica); Alexsander da Silva (Exército) tiveram laudo com apontamento de suicídio”.
“Luis Viana Santos, 19 anos (Exército); Jean Fábio da Silva Martins, 18 anos (Exército); Samuel de Oliveira Cardoso, 17 anos (Marinha); Nazareno de Mattos Vargas, 29 anos (Aeronáutica); Anderson Gomes Monteiro, 18 anos (Aeronáutica); Marcos José Sales, 19 anos (Exército); Anderson Hilário de Souza (Aeronáutica) e André Luiz da Silva, 45 anos (Aeronáutica) foram torturados em quartéis”.
“Eduardo Ferreira Agostinho, 19 anos: morreu após intensa atividade física na Escola Naval do Rio”.
“Joílson da Silva Melo, 20 anos: morreu após intenso treinamento”.
“Fernando Romel, 18 anos foi torturado e morreu no Hospital Central do Exército, no Rio”.
“Jeremias Pedro da Silva, 23 anos (Exército) e Sérgio Pereira Gomes, 20 anos (Aeronáutica). Laudos apontam morte acidental”.
“João Caputo, 31 anos. Assassinado a tiros em quartel do Exército em São Gonçalo”.

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