Grupos se dividiram no entorno do prédio. Antes disso, deram vaia coletiva às obras do Acquario
O
terceiro dia de confronto entre manifestantes e policiais aconteceu,
dessa vez, em frente à Prefeitura de Fortaleza. Após uma passeata
pacífica por diversas ruas e avenidas da Capital, o movimento chegou ao
Paço Municipal, no Centro, e se dividiu em dois grupos. O Batalhão de
Choque da Guarda Municipal, a tropa de Choque da Polícia Militar e a
Cavalaria entraram em ação para conter os ânimos.
Integrantes do protesto colocaram fogo no lixo, mas a maioria agia de forma pacífica FOTO: KIKO SILVA
Na
chegada ao local, a força policial, composta por cerca de 250 homens,
já se encontrava em formação. Dois bloqueios do Batalhão da Guarda
Municipal impediam o acesso, um pela Rua São José, e outro pela Rua
Sobral. A Cavalaria da Polícia Militar permaneceu no entorno das duas
vias. Por cerca de 15 minutos, ambos os grupos protestavam e tentavam
uma forma de negociação, mas logo em seguida, a minoria pertencente aos
manifestantes na Rua Sobral começou a atirar pedras contra os policiais,
que revidaram de imediato com bombas de efeito moral e gás
lacrimogêneo.
Enquanto isso, o grupo do outro lado, ouvindo os
disparos, pedia aos gritos o fim do enfrentamento. Pedras, bombas
caseiras e até bilas foram jogadas contra os policiais. Os manifestantes
se utilizaram do lixo que estava na rua para tocar fogo em meio à via.
Enquanto de um lado a "guerra" continuava, do outro, cânticos, palmas e
palavras de ordem identificavam os resquícios de um movimento pacífico.
Em
meio ao confronto, o comandante do Policiamento da Capital, Coronel
Carlos Ribeiro, esclareceu que está sendo realizado um trabalho por meio
do serviço de inteligência, na tentativa de identificar as pessoas
envolvidas nas ações de vandalismo. "Tudo está sendo filmado, por nossas
câmeras e pela imprensa", ressaltou.
Após mais de uma hora de
confronto, a Cavalaria da PM avançou em direção aos manifestantes. Em
meio às badaladas da Catedral Metropolitana de Fortaleza, mais tiros
eram dados, e o grupo violento dispersou pelas ruas do Centro. O Corpo
de Bombeiros apagou o fogo na rua, e os policiais, em motocicletas,
percorreram as vias para conter mais ações violentas. Ainda durante o
enfrentamento, seis jovens foram detidos.
Negociação
Cessado
o confronto, sete manifestantes pertencentes ao grupo pacífico realizou
uma plenária no local para escolher pautas a serem levadas ao Paço
Municipal. Entre elas, redução da passagem de ônibus e mais segurança
para a população. O grupo foi recebido pelo secretário municipal da
Juventude, Élcio Batista. "Queremos que o governo convoque uma
assembleia e dê um parecer para gente", disse o universitário Felipe de
Sousa, 22.
Após mais de uma hora de confronto, a Cavalaria da
PM avançou em direção aos manifestantes para dispersar o movimento
FOTO: KIKO SILVA
A manifestação teve início na tarde de
ontem no Centro Dragão do Mar e seguiu pela Monsenhor Tabosa, reunindo
milhares de pessoas. Outro grupo seguiu pela Avenida Beira-Mar até o
hotel onde a seleção espanhola de futebol está hospedada e cantaram o
Hino. Os grupos se encontraram na Historiador Raimundo Girão e seguiram
para as obras do Acquario, onde promoveram uma vaia em protesto ao
empreendimento. Antes de pegarem a Costa Barros em direção ao Paço,
caminharam pela Dom Manuel, com apoio dos motoristas parados no
trânsito, que promoveram um buzinaço.
MPF convoca reunião para discutir os atos realizados
Com
o objetivo de verificar o plano de ação adotado por órgãos do Estado
para garantir a segurança dos manifestantes que participam de movimentos
populares no Estado, o Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE)
convocou uma reunião para a próxima segunda-feira (24), às 14h, na sede
do órgão. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) do
MPF/CE quer debater o aparato utilizado pelos órgãos de segurança
durante os atos já realizados e de que forma o efetivo policial deve se
posicionar para resguardar a integridade dos manifestantes.
A
Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão quer debater o aparato
utilizado pelos órgãos de segurança e de que forma o efetivo policial
deve se posicionar para resguardar a integridade de quem vai às ruas
FOTO: FABIANE DE PAULA
Os procuradores também devem discutir
com os representantes dos órgãos de segurança se houve excessos por
parte da Polícia durante as manifestações já realizadas em Fortaleza e
no Interior do Ceará.
Devem participar da reunião representantes
da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS),
Polícia Federal, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Agência Brasileira
de Inteligência, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Conselho Nacional
de Segurança.
Convite
Além disso, o MPF/CE convidou instituições para criarem uma comissão intersetorial para tratar das manifestações sociais.
Foram
chamados os chefes da Polícia Militar, Polícia Civil, Defensoria
Pública, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa,
Ouvidoria do Estado, Escritório de Direitos Humanos da Assembleia e
também Conselho Estadual de Segurança Pública.
O grupo deverá se
reunir na também na próxima segunda-feira (24), às 8h30, no gabinete do
procurador-geral de Justiça no Bairro José Bonifácio.
O objetivo é
traçar estratégias conjuntas para prevenir confrontos em decorrência
dos protestos realizados em todo o Estado. Ação semelhante já foi
adotada em Minas Gerais.
Prefeito promete ´lutar´ por redução
O
prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, disse em entrevista coletiva,
ontem (21), que vai brigar na Justiça pela redução da passagem de ônibus
para R$ 2,00.
Roberto
Cláudio elogiou o grupo que se reuniu com representantes da classe
política e se comprometeu a dialogar com o movimento Foto: Fabiane de
Paulab
"Recorremos à Justiça mais uma vez. Nosso compromisso
é manter a tarifa mais barata do Brasil, mas não só isso. Vamos
qualificar. O Bilhete Único foi o primeiro passo, depois vamos integrar
com as vans e o metrô e vamos trabalhar para aumento do número da frota
de ônibus com ar-condicionado, a partir do próximo ano", anunciou.
Roberto
Cláudio também elogiou o grupo de oito manifestantes que se reuniu com
representantes da classe política na Assembleia e também se comprometeu a
manter uma canal permanente de conversações com o movimento. "Nós
encontramos um grupo de jovens maduros, responsáveis", relatou.
Durante
a apresentação do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica
(Spaece) 2012, o governador Cid Gomes afirmou a necessidade do diálogo.
"Vamos discutir, conversar com as pessoas que estão angustiadas com a
questão da segurança, mas vamos fazer isso de forma planejada".
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