Em seu último voto no STF, Cezar Peluso condena cinco réus, mostra as provas da corrupção, revela ao País como funcionou o esquema do mensalão e influencia os demais ministros
Izabelle TorresNA ACADEMIA
Peluso se exercita em uma academia de Brasília:
“Nenhum juiz condena por ódio”
Cezar Peluso condenou cinco pessoas em sua despedida. Além disso, antecipou a dose das penas e decidiu pela condenação em regime fechado para os acusados, entre eles o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), forçado a abandonar seu antigo projeto político de se eleger prefeito de Osasco. Peluso determinou a cassação do mandato do parlamentar, multa, e seis anos de reclusão. Além de Cunha, também já foram condenados Marcos Valério, seus sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, e o ex-diretor de marketing do BB Henrique Pizzolato. Para esse último, Peluso quer 12 anos de cadeia pela participação no desvio de dinheiro do banco estatal com o objetivo de abastecer o esquema.
FIM DA LINHA
O julgamento do mensalão obrigou o ex-deputado João Paulo Cunha a
desistir de sua candidatura à Prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo
Durante seus 11 anos como ministro do Supremo, Peluso colecionou votos contra políticos acusados de corrupção. Foi duro quando encontrou casos como o do deputado federal Pedro Henry (PP-MT) que havia contratado um piloto de avião com verba da Câmara. “Se não prosseguirmos nas diligências do inquérito, diremos que nunca será crime o peculato por contratar assessores fantasmas”, disse Peluso em resposta ao ministro Dias Toffoli que tinha mandado arquivar o processo. Mas, apesar do currículo extenso de decisões em defesa dos recursos públicos, Peluso não entrará para a história como um caçador de políticos. Foi dele o voto que permitiu ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA) assumir o cargo, depois de haver sido barrado pela Justiça estadual em função de seus antecedentes criminais. O ministro resistiu à Lei da Ficha Limpa e chegou a afirmar que a norma, resultado de mobilização popular, é um retrocesso. Nesse sentido, sua despedida em grande estilo foi um sonoro contraponto.
Fotos: Adriano Machado; JB NETO/AE
O BRASIL PRECISA DE MAIS PESSOAS COMO JOAQUIM BARBOSA E CEZAR PELUSO , E MENOS Ricardo Lewandowski.
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