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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A onça-pintada pede socorro

Depois da arara-azul e do mico-leão-dourado, chegou a vez de o maior felino das Américas precisar de ajuda. Pesquisadores brasileiros e britânicos concluem que a espécie tem menos de um século de vida na Mata Atlântica

Larissa Veloso

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NÃO ATIRE
Vista como um estorvo por pecuaristas, a onça-pintada
pode gerar mais renda viva do que morta
Maior felino das Américas, a onça-pintada corre o risco de existir apenas nas notas de R$ 50. Considerado um dos animais-símbolo da diversidade da fauna brasileira por ser encontrado em quase todos os biomas do País, o bicho já figura na lista de espécies vulneráveis do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Agora uma nova pesquisa, feita pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e pela Universidade de East Anglia no Reino Unido, surge para confirmar os temores dos ambientalistas.
Ao estudar trechos de Mata Atlântica do Nordeste brasileiro, os pesquisadores constataram que é pouco provável que esses animais vivam na região nos próximos 100 anos. “Os poucos indivíduos encontrados aparecem em locais extremamente isolados, em matas pequenas e fragmentadas, o que diminui em muito a chance de essas populações serem viá­veis”, diz Gustavo Canale, um dos autores da pesquisa.
Caça e diminuição do habitat fizeram com que hoje existam apenas 250 onças-pintadas em toda a Mata Atlântica, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A Amazônia é a região que ainda abriga a maior população, cerca de 10 mil dos estimados 13 mil exemplares adultos do animal em território nacional. A pesquisa de Canale revela também que outros quatro grandes mamíferos podem ter o mesmo destino na região (leia quadro).
Mas há humanos dispostos a lutar pela sobrevivência dos bichos. No interior do Pantanal, a 230 quilômetros de Campo Grande, um grupo tem mudado a visão local sobre as onças-pintadas. Dois brasileiros (Mario Haberfeld e Marcelo Mesquita de Salles Oliveira) e um zimbabuano (Simon Bellingham) decidiram aproveitar o potencial turístico desse animal e criaram o Onçafari, passeio no qual os turistas observam de perto o felino. “A população recebeu muito bem o projeto. Por eventualmente caçar o gado, a onça-pintada é vista hoje como uma geradora de prejuízos para a pecuária, principal atividade local. Por outro lado, o animal pode gerar receita com o turismo, o que tem interessado a muitos donos de terra”, explica Haberfeld.
O Refúgio Ecológico Caiman, onde os passeios acontecem, já recebeu mais de 200 visitantes interessados no Onçafari, entre turistas de outras regiões do País, da Europa e dos Estados Unidos. Uma iniciativa que demonstra que, viva, a onça-pintada tem potencial para gerar uma pilha com as notas de real que estampam a sua efígie.
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