Decisões ocorreram após a operação que desarticulou uma rede criminosa acusada da compra de votos
O
juiz de Direito Fernando Teles de Paula Lima, titular da 97ª Zona
Eleitoral, no Município de Trairi (124Km de Fortaleza), decidiu, ontem,
manter na cadeia cinco gestores públicos e políticos acusados de compra
de votos e uso da máquina municipal para beneficiar candidatos. No mesmo
despacho, ele determinou a soltura de outras oito pessoas detidas
durante a operação ´Trairi Limpo´, realizada, na semana passada, pela
Polícia Federal e Procuradoria Regional Eleitoral.
Durante
o cumprimento de mandados de busca e apreensão, em Trairi, a Polícia
Federal apreendeu uma vasta quantidade de alimentos, remédios e até
vales-combustível que seriam usados na compra de votos no Município
FOTO: RODRIGO CARVALHO
No documento em que prorrogou por
mais cinco dias a custódia temporária dos cinco acusados, o magistrado
foi enfático ao afirmar que, "as prisões são necessárias a fim de
possibilitar a elucidação de fatos relatados pelo Ministério Público,
extremamente graves, visto que se trata, em tese, da existência de uma
grande e bem estruturada quadrilha possivelmente infiltrada na
Prefeitura do Município de Trairi, formada por pessoas do primeiro
escalão (primeira-dama, secretário da Administração, vice-prefeito,
candidatos e cabos eleitorais)".
Comandava
Conforme
a Justiça, a principal acusada de comandar a compra de votos em Trairi,
com o uso da máquina da Prefeitura, é a mulher do prefeito afastado,
Sílvia Virgínia Aguiar. Além dela, também tiveram a prisão prorrogada as
seguintes pessoas, Euclides Andrade de Castro (ex-secretário de
Finanças), Elis Regina Vital, Maria Gorete Souto Pinto e Gustavo Aguiar
Viana (atual secretário de Administração).
Segundo o juiz, os
cinco deverão permanecer presos já que não foram ainda interrogados.
Todos estariam envolvidos em "suposto crime de corrupção eleitoral,
praticado de forma sucessiva e reiterada, sem o menor constrangimento".
Escutas
As
investigações em torno do caso foram feitas pela PF em consonância com a
Procuradoria Regional Eleitoral e incluiu a quebra de sigilo
telefônico. Nas escutas, os investigadores descobriram ainda que "Sílvia
Virgínia Aguiar comandava todo o esquema" e, além do uso da máquina
municipal para a corrupção eleitoral, havia a prática de tráfico de
influência com o fim de reverter no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), à
base da politicagem, o indeferimento do registro de candidatura de
Francisco Magno Magalhães, bem como de ingerência junto ao Tribunal de
Contas dos Municípios (TCM)para reverter o julgamento de desaprovação de
contas de Francisco Magno Magalhães".
O juiz decidiu revogar as
prisões de Maria das Graças Barbosa, Francisco Magno Magalhães,
Francisco Flávio de Azevedo, José Evandro Cunha, Rebeca de Castro
Andrade, Antônio Barros Barbosa, Francisca Oneide Benevides Azevedo e
Antônio Eduardo, por terem colaborado com a investigação do MP.
FERNANDO RIBEIROEDITOR DE POLÍCIA
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