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domingo, 16 de janeiro de 2011

Ação de guerra para salvar vidas

As equipes que trabalham no socorro às vítimas do temporal que devastou cidades da Região Serrana do Rio passaram a contar ontem com mais ajuda das Forças Armadas, e agora também com 225 homens da Força Nacional de Segurança, que desembarcaram na serra durante a madrugada. Ontem, 150 homens do Exército participaram do resgate aéreo de 110 famílias na localidade de Brejal e Vieira, em Teresópolis, que estavam isoladas. Elas foram levadas para um abrigo no aeroporto da Granja Comary, que se transformou numa base dos militares.
O Comando Militar do Leste (CML) enviou 226 homens para Teresópolis, que foi escolhida como base por estar numa região central entre as localidades mais castigadas. O general Oswaldo de Jesus Ferreira é o responsável por todas as ações do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, na região. Além de participarem dos resgates, os militares vão ajudar na desobstrução de estradas e distribuição de alimentos e medicamentos.
O Exército levou também 38 veículos, entre eles duas ambulâncias, seis helicópteros, que ficarão na Granja Comary, cujas instalações são utilizadas pela seleção brasileira. As aeronaves são empregadas na ajuda às defesas civis de todos os municípios atingidos. Para Itaipava, em Petrópolis, o Exército enviou três caminhões e homens para ajudar nas buscas.

Objetivo é também evitar saques
A Força Aérea Brasileira (FAB) montou, em Itaipava, um centro com linhas telefônicas e rede de transmissão de dados para atender parte da população da Região Serrana que está incomunicável. A estrutura poderá ser usada também pelas equipes que trabalham nos resgates. A rede começou a ser montada ontem de manhã.
A Força Aérea apoia também o hospital de campanha da Marinha, que foi montado em Nova Friburgo. A unidade está equipada com uma Estação Terrestre de Telecomunicações da FAB, que viabiliza o funcionamento de linhas telefônicas e de rede de dados para o hospital. Esta última estação pertence ao Ministério da Defesa. Segundo a FAB, foram enviados ainda para a Região Serrana três helicópteros Super Puma H-34. Além disso, a Força Aérea utiliza as aeronaves Hércules C-130 e C-105 para o transporte de alimentos, quatro carretas e cinco caminhões com capacidade de transportar juntos 40 toneladas de carga.
O comandante da Força Nacional, major Alexandre Aragon, que chegou sexta-feira, disse que os militares vão atuar em três frentes: auxiliando a identificação de corpos, no resgate às vítimas e no combate aos saques, junto com a Polícia Militar. Segundo ele, são 130 militares atuando diretamente no patrulhamento, 80 bombeiros especialistas em resgates aéreos e 15 médicos peritos. A Força Nacional ajudou a resgatar ontem de helicóptero a advogada Raquel Caminha, que permaneceu isolada por quase três dias, num campo de futebol na localidade de Talaquinho, no bairro de Jardim de Salaco, em Teresópolis. Com ela, estavam pelo menos três idosos - a sogra, a irmã da sogra e dois vizinhos. As casas da localidade onde Raquel morava foram destruídas pela tempestade.
- É indescritível a nossa sensação de impotência diante do desespero das pessoas. Foi terrível ver um monte de gente perdendo tudo. Não sei quantos vizinhos não se salvaram - contou a advogada.
A mãe de Raquel, Ivone Caminha, que estava no Rio, disse que depois de seguidas tentativas frustradas de contato, conseguiu falar por telefone com o Corpo de Bombeiros. Ela ouviu de um bombeiro que, no local onde a filha estava, não havia sobreviventes. Chorando muito, antes de saber que Raquel e os outros vizinhos tinham sido resgatados, ela protestou:
- Já passei mal, tive que ser levada para o hospital. Estou cuidando dos meus três netos, filhos da Raquel. As equipes de resgate não podem abandoná-la.
Além de montar o hospital de campanha, a Marinha já participa dos resgates com 150 militares em Friburgo e 54 viaturas. Segundo a Marinha, no primeiro dia de funcionamento do hospital de campanha em Friburgo, foram realizados cerca 300 atendimentos, dos quais 75% foram de casos de clínica médica, 20% de ortopedia e 5% de pediatria. A Marinha informou que a unidade conta com seis ambulâncias, duas delas UTI completas, e 22 médicos e profissionais da área de saúde. Quinze voluntários da Associação de Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais atuarão em serviços de organização interna do hospital.
A Marinha participa também do apoio logístico, com transporte de material e de homens da Força Nacional e do Corpo de Bombeiros. Para isso, são usados dois helicópteros: UH-14 Super Puma e UH-12 esquilo. Ontem, as aeronaves levaram equipes para os bairros de Campo Coelho, Banquete e São Geraldo, em Nova Friburgo.
O hospital de campanha do Corpo de Bombeiros montado na Praça Getúlio Vargas, em Friburgo, realizou mais de 60 atendimentos. A maioria envolve traumas de baixa complexidade, causados por quedas. Pacientes com fraturas e contusões fizeram tomografia no equipamento móvel trazido para a praça, foram medicados e liberados. A unidade cirúrgica ainda está sendo montada. O efetivo é de 50 profissionais.
Esta é a segunda vez em pouco mais de um mês que as Forças Armadas participam de uma ação em ajuda ao Rio. Em novembro, Marinha e Exército cederam equipamentos e homens para a operação de retomada dos Complexos do Alemão e da Penha. Na ocasião, mais de 2,7 mil policiais e soldados participaram da ação.

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