Apresidente Dilma Rousseff disse ontem, ao manifestar-se pela primeira vez sobre as supostas irregularidades envolvendo tráfico de influência em Furnas, que o governo pretende investigar o caso. Ela se referiu ao caso em entrevista concedida em Porto Alegre, após um encontro com o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT).
- Todas as acusações, nós apuramos. Todas. Agora, há que ter elementos bem configurados para apurar - afirmou.
Perguntada se entendia que as denúncias envolvendo a estatal já ofereceriam elementos suficientes para merecer uma apuração, a presidente explicou que a responsabilidade pelo caso está com a Controladoria Geral da União (CGU):
- Nós iremos apurar o que foi acusado e o que foi divulgado. Eu acredito que isso já esta nos órgãos competentes. Acho que já está na CGU. O que foi dito de parte a parte será apurado.
Dossiê denunciou esquema político
Divulgado na segunda-feira pelo GLOBO, documento elaborado por engenheiros de Furnas enumerou uma série de irregularidades na estatal, entre as quais o reajuste de contratos sem justa causa e a frequente dispensa de licitação. Os autores do dossiê atribuíram os problemas ao aparelhamento político da empresa pelo PMDB fluminense.
Desde 2007, Furnas é comandada por dirigentes ligados ao PMDB. O atual presidente da estatal, Carlos Nadalutti Filho, é filiado ao partido. Ao tomar conhecimento das denúncias, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem são atribuídas nomeações na empresa, acusou setores do PT do Rio de estarem por trás das acusações.
Em reportagem na quinta-feira, O GLOBO mostrou que uma empresa com dirigentes ligados a Cunha, a Companhia Energética Serra da Carioca II, foi supostamente favorecida em transação financeira que envolveu Furnas. Depois que a estatal abriu mão da opção de compra, a Serra da Carioca adquiriu um lote de ações do empreendimento Serra do Facão Participações (GO) por R$6,9 milhões. Sete meses depois, o mesmo lote foi comprado por Furnas por R$80 milhões.
Serra da Carioca pertence ao grupo Gallway. Na Junta Comercial de São Paulo, o nome de Lutero de Castro Cardoso figura como membro do Conselho Administrativo do grupo em 2008, ano da transação. Lutero, no ano anterior, presidiu a Cedae, no Rio, por indicação de Eduardo Cunha. Outro nome ligado ao deputado é o do doleiro Lúcio Funaro, que se apresenta como executivo da Gallway.
Empresa fez BNDES vetar financiamento
A operação, que representou um suposto prejuízo de R$73 milhões para Furnas, deverá ser um dos alvos da investigação da CGU. Em reportagem ontem, a "Folha de S.Paulo" revelou que o BNDES vetou financiamento de R$587,8 milhões à construção da hidrelétrica Serra do Facão, em 2008, após a Serra da Carioca entrar no negócio.
Em julho de 2008, pouco mais de um mês após o veto do BNDES, Furnas resolveu comprar a parte da Serra da Carioca no negócio.
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