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sábado, 15 de janeiro de 2011

Dilma divide governo em 4 áreas

Na primeira reunião ministerial da era Dilma Rousseff, a palavra de ordem dita e repetida pela presidente fez tremer os petistas mais vermelhos: corte de gastos e melhoria da gestão. A erradicação da pobreza e a tragédia climática que atingiu o Rio também foram temas da reunião. Dilma, que se reuniu com seus 37 auxiliares diretos das 14h20m às 18h30m, dividiu seu governo em quatro áreas estratégicas, dando poderes a quatro "superministros" que vão coordenar o trabalho de outros colegas. No entendimento da presidente, agregando as pastas por áreas temáticas será mais fácil obter melhores resultados, reduzir custos e aumentar a competitividade.
As quatro áreas serão: Desenvolvimento Social e Erradicação da Miséria; Desenvolvimento Econômico; Gestão, Infraestrutura e PAC; e Direitos da Cidadania e Movimentos Sociais. A primeira será coordenada pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. A de Desenvolvimento terá o ministro da Fazenda, Guido Mantega, à frente; Infraestrutura será tocada pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior; e a última estará a cargo do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
A coordenação geral será exercida por Mantega, Miriam e pelo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. A presidente participará dessas reuniões setoriais e confirmou a criação, sob o guarda-chuva do Planalto, do Núcleo de Gestão e Competitividade, que terá como um dos conselheiros o empresário Jorge Gerdau.
- Hoje temos um Ministério grande, constituído de 37 ministérios, e fica difícil haver um despacho comum com todos. Então é melhor dividir em áreas temáticas, para o melhor funcionamento dos ministérios - explicou Mantega. - As quatro áreas têm um coordenador de área, e os ministérios têm afinidades naturais e estarão fazendo um trabalho conjunto para definir metas e apresentar resultados.

Prazo para definir cortes é até dia 4
Miriam Belchior iniciou a entrevista após a reunião repetindo o que se pretende ser uma das marcas do governo Dilma: fazer mais com menos. Ficou fixado que até 4 de fevereiro cada ministro deve apresentar as prioridades de suas pastas para saber, depois, o que pode ser cortado do Orçamento de 2011. O tamanho do corte ainda não está definido.
- O debate foi sobre quais são as alternativas que cada ministério pode ter para reavaliar seus contratos, seus custos, para que a gente consiga utilizar o recurso disponível, que é bastante grande - afirmou a ministra.
Miriam disse que as medidas de racionalização que serão adotadas não são de curto prazo:
- Ninguém tem ilusão de que vai ser num piscar de olhos que esses custos serão reduzidos. Deixamos hoje uma lição de casa para os ministros: fazer uma avaliação do Orçamento e hierarquizar as ações, com prioridade para desenvolvimento e inclusão social - disse. - Há uma preocupação da presidente de que a administração pública federal seja mais eficiente. Nós vamos trabalhar nessa direção.
Miriam e Mantega chegaram a brincar, quando ela disse que os demais ministros aderiram com ênfase à determinação de corte orçamentário. Mantega disse:
- Com bastante entusiasmo já é exagero.
A ministra, que é responsável pelo PAC, não descartou totalmente cortes no programa:
- O PAC estará preservado, dependendo, claro, do tamanho do contingenciamento.
Em sua fala de 20 minutos na reunião, Dilma também cobrou empenho ético de seus auxiliares e disse para seguirem as orientações sobre o uso de cartões corporativos e veículos, por exemplo:
- São faces da mesma moeda: eficiência e ética e transparência devem estar presentes em todos os atos - disse Dilma. - Priorizar a eficiência e atuar baseado em princípios éticos e republicanos. Temos que ser mais exigentes com os nossos gastos. O governo Lula avançou e, para continuar avançando, temos de gastar melhor.
Dilma Rousseff enquadrou sua equipe, dizendo que não aceita divergências públicas.
- Nós somos uma equipe. Temos que manter a unidade e solidariedade entre os ministros. Não é adequado discussão pública sobre divergências. As discussões são sempre bem-vindas, mas internamente. Todos devem esgotar suas posições, mas que façam isso internamente - disse ela.
O vice-presidente Michel Temer, num recado aos ministros do seu partido, o PMDB, também disse que as divergências são importantes na democracia, mas para criar um ambiente de convergência. A fala da presidente foi reforçada ainda por uma advertência feita por Palocci, que citou a divergência pública sobre o salário mínimo entre Mantega e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que ficou em silêncio.
- Não é cabível que ministros façam declarações públicas divergentes sobre assunto que está decidido, como a questão do mínimo. Um ministro só deve falar de assunto de outra pasta para fazer elogios ao seu colega. Assuntos já decididos não devem ter mais debate público - disse Palocci.
Pelo menos 20 dos 37 ministros falaram na reunião. Sobre a briga dos aliados pelos cargos do segundo escalão, coube à própria Dilma dar o recado:
- As agências, por exemplo, serão comandadas por técnicos do setor. Nenhuma agência pode ser sequestrada por nenhum setor econômico em prejuízo da população brasileira.
Dilma destacou ainda a necessidade de priorizar ações sociais para a erradicação da miséria, além de foco na educação, na saúde e no investimento em inovação tecnológica. A presidente ainda relatou a viagem que fez à Região Serrana do Rio, devastada pelas chuvas; citou as medidas emergenciais do governo; e destacou a importância de ter um sistema de alerta e prevenção desse tipo de desastre ambiental.

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