

Não é de hoje que surgem relatos de que guerrilheiros presos pelos militares no Araguaia foram poupados das execuções. A maioria foi morta pelo Exército, que se nega a revelar onde estão os corpos. A novidade é que o Ministério da Defesa e a Advocacia-Geral da União (AGU) encaminharam um ofício à Justiça Federal pedindo que a PF investigue se os cinco ex-militantes do PCdoB estão vivos. O pedido foi baseado em depoimentos colhidos pelo GTT entre camponeses e ex-militares. Nenhuma das testemunhas, porém, oferece evidências. “O que queremos é ter instrumentos legais para avançar na investigação”, diz a pesquisadora Myriam Alves, que integra o GTT. A juíza Solange Salgado deu parecer favorável ao ofício, mas a Polícia Federal decidiu não apurar o caso, alegando que se trata de uma investigação administrativa, e não judiciária.
A investigação tem poucas chances de progredir. Para alguns familiares de desaparecidos, a iniciativa seria uma tentativa de desviar o foco da busca pelas ossadas dos guerrilheiros. “É um deboche”, diz Beth Silveira, vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais e irmã de Luís René. “Não apresentaram uma prova de que possam estar vivos. Isso é uma tortura para os familiares.” A ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, vai na mesma linha. “Trabalhamos com a convicção de que os desaparecidos foram executados e tiveram seus corpos subtraídos. Vamos continuar essa busca se houver informação precisa, não só para jogar confusão.”
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