PMDB celebra candidatura de Dilma para 2014, mas não consegue garantia da vice-presidência
Josie Jeronimo
O PMDB vestiu seu melhor terno para jantar com Dilma Rousseff na
esperança de que o encontro seria coroado com o anúncio da renovação dos
votos da aliança com o PT. A expectativa era de que a chapa que venceu a
disputa presidencial de 2010, com um peemedebista na vice-presidência,
seria novamente ungida. Mas os convidados para o jantar de terça-feira 6
no Palácio da Alvorada saíram da residência oficial com uma mensagem
diferente: o posto de vice na chapa de Dilma nas eleições de 2014 é
coisa para se conquistar. O sucesso do futuro noivado, inclusive, ainda
precisa passar pelo desempenho que será conferido nos próximos dois anos
na Câmara e no Senado. O PT disse que sim, cumprirá o acordo e dará ao
PMDB o comando das duas casas. Mas, se os peemedebistas aproveitarem a
concentração de poder no Congresso para pregar peças no governo, correm o
risco de perder o posto de “noivo preferencial” como vice de Dilma. “Na
construção de uma chapa para a reeleição, o atual vice tem apenas a
preferência. Você tem o direito a ser noivo, não significa que vai
casar”, resumiu o senador Wellington Dias (PT-PI).
Parlamentares que participaram do jantar relataram à ISTOÉ que o PMDB
percebeu que ainda há muito namoro pela frente. O líder do PT no
Senado, Walter Pinheiro (BA), afirma que o PMDB inaugurou a série de
encontros, mas a presidenta vai se reunir com todos os partidos da base
para conversar. “Dilma está segura, tranquila, e vai repetir a conversa
com todos os partidos”, disse ele. O assunto reforma ministerial também
fez parte do cardápio do jantar. Mas a presidenta tocou no assunto
apenas para deixar claro que a coalizão é ampla, e todos devem ser
contemplados com espaço no governo, aliados antigos e novos. PSB e PSD
não foram citados nominalmente na conversa. “Mas todos têm que fazer
parte do processo, pois coalizão não é só ônus, é bônus”, afirmou o
líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). “Não se definiu nada, mas é
importante conversar para acabar com a tensão”.
Dividindo a mesa com ministros petistas e peemedebistas, líderes e
presidentes do Congresso, o PMDB escalou o presidente da sigla, o
senador Valdir Raupp (PMDB-RO), para puxar assunto com Dilma sobre as
eleições de 2014 e a disputa por cargos na Esplanada na reforma
ministerial, que ocorrerá até fevereiro de 2013. Em tom de brincadeira, o
presidente do PMDB falou sobre a repetição da aliança dizendo que, em
2014, o partido ficaria com a cabeça de chapa em 20 Estados e o PT com o
restante. Apenas o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, respondeu à
provocação, mas o assunto foi logo encerrado por Dilma: “A harmonia da
base aliada não será quebrada”, disse. Apesar da insistência de Raupp, a
presidenta se esforçou para imprimir clima descontraído no jantar, sem
negociações políticas explícitas.
Fotos: Adriano Machado; Carlos Moura/CB/D.A Press
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