Segundo estudiosos, América Latina não está entre as prioridades do presidente norte-americano, que deve se concentrar no Oriente Médio
Agência Brasil
Com a reeleição do presidente norte-americano, Barack Obama, deverá
ser mantida a política externa do país em relação ao Brasil e ao
restante da América Latina, segundo pesquisadores brasileiros que
acompanham o assunto. Os desafios de Obama, nos próximos quatro anos,
concentram-se na busca pelo equilíbrio e por avanços econômicos, assim
como a consolidação de ações na área social. O ponto de tensão deve ser o
Oriente Médio, avaliam os pesquisadores.
Para os professores da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo
Caldas, do Instituto de Ciência Política, e Antônio Jorge Ramalho, do
Instituto de Relações Internacionais, o Brasil e o restante da América
Latina não estão entre as prioridades do presidente norte-americano.
Segundo eles, a preocupação do governo norte-americano em relação à
região concentra-se em defender a estabilidade e o crescimento econômico
incentivando maior liberalização.
Obama foi reeleito nessa terça-feira (6) com 303 votos dos 538 nos
principais colégios eleitorais do país. Reeleito com o lema de campanha
“Four More Years!” (em tradução livre: “Mais quatro anos!”), Obama disse
na terça, ao discursar, que “o melhor está por vir”. Os pesquisadores
brasileiros atribuem a vitória de Obama às medidas adotadas por ele na
área social, como o plano de saúde para os norte-americanos, e ao
empenho para conter os efeitos da crise econômica internacional, além do
pragmatismo norte-americano.
Tradicionalmente, a política norte-americana de guerras deverá ser
mantida, segundo os professores. “A questão está colocada principalmente
na relação dos Estados Unidos com o Irã, se Obama vai partir para
esforços em busca do diálogo ou vai escolher uma política de tensão. Se a
segunda opção for feita, o resultado poderá ser catastrófico”, disse
Ramalho, ao lembrar que é fundamental observar as ações entre Israel e
Irã cuja a ameaça de guerra é constante.
Para Caldas, no segundo mandato, Obama deverá dar continuidade às
políticas que implementou de 2008 a 2012. “Mas é importante ter em mente
que a aprovação do Orçamento dos Estados Unidos, por exemplo, não está
nas mãos do presidente e, sim, do Parlamento. No primeiro mandato, ele
esbarrou em dificuldades”, disse o professor, ao recordar que o Senado
tem maioria do Partido Democrata – legenda de Obama –, mas a Câmara de
Representantes é dominada pelo Partido Republicano, que faz oposição ao
governo.
Ramalho ressaltou que Obama “falhou” ao não dissociar de sua imagem
várias dificuldades, enfrentadas no primeiro mandato, como o combate
aos elevados índices de desemprego. “Foi uma gestão difícil, embora ele
[Obama] tenha se esforçado bastante. Mas havia uma série de aspectos,
como os índices de desemprego e as dificuldades na economia, que vinham
de uma herança de Bush [George W. Bush, ex-presidente dos Estados
Unidos].”
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