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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Com amigos como esses (da Argentina), quem precisa de inimigos?

Para o jornal Financial Times, a presidente do país vizinho, Cristina Kirchner, quer sabotar o novo acordo automotivo brasileiro

presidente da República, Dilma Rousseff, recebe a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Palácio do Planalto
Cristina Kirchner quer de Dilma um acordo automotivo mais favorável à Argentina (Ed Ferreira/Estadão Conteúdo/VEJA)
Reportagem do FT alfineta o Brasil, que teria de culpar, no fundo, no fundo, apenas a si mesmo
O portal do jornal britânico Financial Times comentou nesta quarta-feira as dificuldades do Brasil em retomar os negócios do setor automotivo com sua principal parceira de Mercosul, a Argentina. Logo no início da matéria, o FT indaga: "With friends like these, who needs enemies?" (Com amigos como esses, quem precisa de inimigos?) O texto discorre sobre as dificuldades que a presidente do país vizinho, Cristina Kirchner, têm imposto à entrada em vigor do novo acordo automotivo com o Brasil, previsto para julho de 2013. "Justamente quando parece que a economia brasileira está em recuperação, adivinhe quem quer sabotar tudo?", comenta ironicamente o jornal.
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, a Argentina apresentou recentemente ao Palácio do Planalto uma proposta de revisão do acordo automotivo bilateral, sugerindo restrições ao comércio, como, por exemplo, o aumento de conteúdo argentino nos carros a serem vendidos no país. O documento foi considerado um retrocesso pelo Brasil e técnicos já preparam uma contraproposta para tentar barrar o ímpeto protecionista de Cristina. O governo argentino teme que acordo venha prejudicar sua balança comercial.
A justificativa de Buenos Aires seria a de que, como noticiou o Estado, o Brasil também renegociou seu acordo automotivo com o México quando concluiu que o pacto, do jeito que estava, apenas lhe favorecia. "Parece que quando o assunto é setor automotivo na América Latina, o livre comércio (do Mercosul) é apenas opcional", ironiza a publicação inglesa.
Ao repercutir a notícia, o FT afirmou que "suposto parceiro comercial do Mercosul" está se mostrando um verdadeiro fardo para a presidente Dilma Rousseff. O jornal cita ainda estimativas do banco americano Morgan Stanley que apontam que a atividade industrial argentina será neste ano um quinto da brasileira. "Agora a Argentina pode piorar este cenário, ao pedir ao Brasil que adie o início do livre comércio na indústria automobilística em 2013 e aumente as barreiras", diz a reportagem.
A matéria lembra que a presidente Dilma visitará Buenos Aires no fim do mês, quando se espera que a questão será discutida. A publicação britânica não perde, por fim, a oportunidade de alfinetar o governo brasileiro. "Talvez o Brasil tenha somente a si próprio para culpar", em um referência à atitude nada enérgica do Planalto em relação às peripécias da presidente argentina.

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