Camila Brunelli e Mariana Lenharo
Um dia após os governos paulista e federal admitirem a
realização de uma ação conjunta na área da segurança, com envio de
líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para presídios de outros
Estados, o comandante da PM paulista, Roberval Ferreira França, disse
que considera desnecessário o uso do Exército no combate ao crime,
considerou que a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal
(PRF) não têm efetivo para agir em São Paulo e anunciou a ampliação da
Operação Saturação.
"Para a realidade do Estado, eu, como comandante da Polícia Militar, considero desnecessário o Exército. Eu tenho conversado muito com o general Adhemar (da Costa Machado), comandante militar do Sudeste, e ele tem afiançado a plena e total confiança na PM de São Paulo", disse França, pela manhã, no Mausoléu da Polícia Militar, no Cemitério do Araçá, durante homenagem aos policiais mortos em ação neste ano.
"O Estado tem hoje 100 mil policiais militares e 30 mil policiais civis, somos o maior contingente policial da América Latina. E há um grande volume de investimentos em segurança pública no Estado", continuou o comandante. "Aqui em São Paulo, a Polícia Federal tem apenas 2 mil agentes e a Polícia Rodoviária Federal, 800. Eles terão dificuldades para fornecer contingentes operacionais."
França defendeu também as ações da polícia e informou que a Operação Saturação vai continuar em outras comunidades da Grande São Paulo, no litoral e interior do Estado. "Nessa semana, as várias operações da polícia alcançaram criminosos importantes, obtivemos documentação de facção criminosa (com uma lista de policiais marcados para morrer) e estamos em um combate muito grande. Só não vamos revelar detalhes porque as operações têm objetivos específicos e a intenção é alcançar armas, drogas, procurados da Justiça e criminosos envolvidos em mortes de policiais."
Horas depois, na inauguração do santuário Theotokos - o megatemplo do padre Marcelo Rossi -, o governador Geraldo Alckmin também destacou o sucesso da Saturação. "Estouramos um laboratório de refino de cocaína, houve grande apreensão de armamentos e prisão de criminosos. E as operações vão continuar: o serviço de inteligência da polícia é que vai dizendo os locais." Até agora, Paraisópolis, Campo Limpo e Capão Redondo receberam a ação.
Força Nacional. A partir da semana que vem, equipes dos governos estadual e federal vão começar a se reunir para definir ações conjuntas a serem adotadas na área de segurança pública. De acordo com Alckmin, as áreas técnicas das Secretarias Estaduais de Segurança Pública, de Administração Penitenciária e do Ministério da Justiça vão verificar quais parcerias podem ser mais eficazes. "Eu sempre disse que a ajuda era bem-vinda", ressaltou. "Temos permanente parceria com o governo federal, especialmente com a Polícia Federal, em termos de informações e inteligência." Ele destacou alguns recursos do governo federal que podem beneficiar o Estado, como os recursos penitenciários, de segurança e a Força Nacional de Segurança.
O governador relatou também que seu relacionamento com a presidente Dilma sempre foi "muito franco, generoso e aberto".
Presos. Quanto à possibilidade da transferência de presos, Alckmin observou que o Estado já tem presídios de segurança máxima e quem vai decidir sobre o assunto é a Secretaria de Segurança Pública. A decisão será em conjunto com a Secretaria de Administração Penitenciária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário