Brasileiro terá de ser informado da carga tributária incidente nas mercadorias e serviços; se aprovada pela presidente, medida entra em vigor em seis meses
Discriminação do imposto na nota fiscal pode mudar comportamento do brasileiro
(Noel Hendrickson)
Valor aproximado de nove impostos terá de ser discriminado nas notas
fiscais. São eles ICMS, ISS, IPI, IOF, IR, CSLL, PIS/PASEP, Cofins e
Cide
Nove impostos – Pelo projeto, as novas regras passarão a valer dentro de seis meses. A proposta prevê que sejam computados globalmente nove tributos que incidem sobre produtos e serviços: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Imposto de Renda (IR), Contribuição Social sobre Lucro Liquido (CSLL), PIS/PASEP, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
Além da nota fiscal, a informação da carga tributária incidente sobre o produto poderá constar de painel fixado em lugar visível do estabelecimento ou ainda divulgada por qualquer outro meio eletrônico ou impresso.
Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) revela que a carga tributária incidente sobre a gasolina, por exemplo, chega a 53%. O sabão em pó tem 41% de impostos, enquanto sabonete e pasta de dente chegam a 37%. Ao comprar uma camisa ou um vestido, o consumidor paga 35% de impostos, taxas ou contribuições.
Sem a discriminação na nota fiscal, que ainda pode ser vetada pela presidente Dilma Rousseff, o brasileiro paga elevadas taxas de imposto sem saber simplesmente ao consumir. São tributos, até o momento, 'invisíveis'.
"A informação vai despertar nas pessoas o sentimento de pagador de impostos. Vai tornar visível o que está sendo pago", afirmou o líder do PSD, deputado Guilherme Campos (SP), relator do projeto na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Segundo ele, a nota fiscal deverá trazer o valor da mercadoria ou serviço e separadamente o valor em real ou o porcentual relativo ao total de impostos. "O consumidor pagará o valor total da mercadoria, mas saberá pela nota quanto é de imposto", explicou Campos. "Agora sabendo o quanto paga de imposto, a população pode cobrar melhorias nos serviços do governo", disse o deputado Cesar Colnago (PSDB-ES).
Derrota do governo – O governo era contra a proposta e tentou fazer uma manobra para aprovar outro projeto, que ainda precisava ser votado no Senado. Mas diante da pressão dos deputados, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), concordou com a votação. Ele fez, no entanto, uma ressalva de que o projeto deveria ter sido precedido de ampla discussão sobre o sistema tributário brasileiro.
(com Estadão Conteúdo)
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