Presidente sugeriu ao Congresso consulta popular sobre reforma política.
Para ela, protestos no país são diferentes porque buscam 'mais direitos'.
A presidente Dilma Rousseff durante evento de
lançamento do Plano Safra Semiárido 2013/2014
(Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira (4), em Salvador,
acreditar na "inteligência, sagacidade e esperteza do povo brasileiro"
para responder às perguntas de um plebiscito sobre reforma política. No último dia 24, ela sugeriu ao Congresso uma consulta popular para a elaboração de legislação para renovar os sistemas político e eleitoral.lançamento do Plano Safra Semiárido 2013/2014
(Foto: Roberto Stuckert Filho / Presidência)
Mais cedo, o vice-presidente da República anunciou que o governo chegou à conclusão de que não há tempo para que a reforma política seja concluída para vigorar na eleição de 2014. Segundo ele, os partidos aliados concordam com o plebiscito sobre os temas da reforma, mas avaliam que somente será possível aplicar uma nova legislação na eleição de 2016. Na última segunda (1), Dilma afirmou que "gostaria" de ver a reforma política aprovada a tempo para a eleição do ano que vem. O ministro Gilberto Carvalho disse que, se a reforma sair depois de 2014, "será mais que uma decepção".
"Eu acredito muito na inteligência, na sagacidade, na esperteza do povo brasileiro. Acho que o povo brasileiro sempre mostrou ao longo de toda a nossa história que suas escolhas sempre foram acertadas. Eu não sou daqueles que acredita que o povo é incapaz de entender porque as perguntas são complicadas. Não é verdade", declarou a presidente em discurso na cerimônia de lançamento do Plano Safra Semiárido e na entrega de máquinas do programa PAC 2 para 269 municípios baianos.
Para Dilma, "o povo brasileiro tem aquela inteligência que nos foi dada porque graças a Deus somos feitos de várias correntes e de vários veios".
Manifestações
Ela também comparou os protestos de rua do mês passado com movimentos em outros países, como a Primavera Árabe, contra governos ditatoriais, e manifestações na Espanha e nos Estados Unidos contra a crise econômica internacional. Segundo ela, a diferença é que no Brasil as pessoas lutam "por mais direitos".
"No Brasil, é diferente. Aqui, as ruas falaram por mais direitos. E aqui, eu quero dizer para vocês que esta presidenta aqui ouviu claramente as vozes das ruas, tanto porque essa voz é legitima, tanto porque temos uma democracia e faz parte da democracia a luta por mais direitos, principalmente quando sabemos que nos últimos dez anos, com o governo do presidente Lula e com o meu governo, nós olhamos para aquilo que é a coisa mais importante num compromisso político: aqueles que mais precisam, aqueles que menos têm", afirmou.
Dilma citou ainda protestos na Espanha, que chamou de "Espanha dos indignados", e nos Estados Unidos, a "ocupação de Wall Street", ambos contra medidas tomadas em razão da crise. Ela destacou que nesses lugares o movimento era contra a perda de direitos.
"Também no nosso país não há divisões religiosas ou étnicas que levam as pessoas à rua. Muito menos há o que ocorre hoje em países da Europa ou até nos Estados Unidos, o movimento na Espanha, dos indignados, e a chamada Ocupação de Wall Street, que diz respeito no caso da Europa a perdas de direitos, perdas de emprego, perdas de salário, perdas de aposentadoria e redução real de salários", declarou.
Pactos
Dilma se referiu aos pactos nacionais que propôs a governadores e prefeitos e destacou o que chamou de “reforma urbana”, que inclui modernização do transporte coletivo de massa e construção de metrôs e VLTs. “[A reforma urbana] passa por um investimento pesado numa infraestrutura que ficou parada mais de 30 anos”, disse.
Ela falou ainda sobre a questão dos médicos, alvo de polêmica desde que o governo anunciou a intenção de trazer médicos estrangeiros para atuar exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS) em periferias de grandes cidades e no interior do país.
A presidente disse ter escutando “bastante” pessoas ligadas à área. “Dentro das nossas possibilidades, vamos respondê-las”, afirmou.
“No caso dos médicos, nosso programa de mais médicos implica que o governo federal assuma o pagamento de salário, da alimentação e da residência do médico quando ele for transferido para a região”, declarou.
A presidente agradeceu ao Congresso Nacional a aprovação de parte dos royalties do petróleo para a educação. Nesta semana, o Senado aprovou um projeto que determina que 75% desses recursos serão destinados à educação e 25% à saúde. Agora, o projeto retornará para apreciação da Câmara. A intenção inicial do governo era destinar 100% para a educação.
“Tem que gastar dinheiro com a educação. Não há milagre. Daí essa proposta dos royalties que nós viemos lutando e agradecemos porque foi aprovada no Congresso”, disse.
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