Verba para perfurar poços e adquirir máquinas foi prometida pela presidente Dilma Rousseff em abril
Anunciadas
em abril último pela presidente Dilma Rousseff durante visita a
Fortaleza, parte das ações para minimizar os efeitos da seca do Nordeste
já foi concretizada, mas deputados e dirigentes cearenses de órgãos da
administração pública alertam para a morosidade das medidas. Fatores
como falta de planejamento do Governo e excesso de burocracia são
apontados para justificar a demora na liberação dos recursos, muitos dos
quais ainda são aguardados no Estado do Ceará.
Durante
a 17ª Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo da Sudene, em
Fortaleza, a presidente Dilma Rousseff anunciou o pacote de recursos da
ordem de R$ 9 bilhões para minimizar os efeitos da seca no Nordeste
Foto: WALESKA SANTIAGO
O diretor geral do Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Emerson Daniel, explica que
somente agora o órgão começará a perfuração de poços e construção de
barragens com os recursos anunciados em abril pela presidente Dilma
Rousseff. A rubrica de R$ 78 milhões será direcionada a sistemas
simplificados e barragens submersas. Do montante, o Ceará receberá R$
13,6 milhões.
O Dnocs ainda executará R$ 52 milhões para instalar
poços que já estão perfurados, além de perfurar outros, sendo R$ 5,4
milhões voltados aos municípios cearenses. "Essas liberações agora que
estão chegando. Já estamos com tudo pronto, editais e projetos, e vamos
começar a implantar efetivamente e perfurar poços, vamos começar a
instalação", justifica Emerson Daniel. Ele acrescenta que
aproximadamente 800 poços serão perfurados no Nordeste.
Sobre as
demandas do órgão, o diretor geral do Dnocs reconhece que o Departamento
precisa adquirir pelo menos 25 novas máquinas para perfurar poços.
"Hoje temos quase 20, mas algumas são antigas e a possibilidade de
quebra é grande", ressalta. Ele aponta que ainda está sendo pleiteado,
junto ao Governo Federal, a liberação de R$ 50 milhões para a aquisição
dessas máquinas para o órgão.
Milho
O
secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Nelson Martins, afirma
que as 30 mil toneladas de milho que foram prometidas pela presidente
Dilma ao Ceará já chegaram no Estado, mas ainda estão sendo distribuídas
nos municípios, ressaltando que, este ano, o Ceará já recebeu 65 mil
toneladas e ainda aguarda outras 24 mil. Ele ainda explica que já foram
compradas 179 máquinas retroescavadeiras e 61 motoniveladoras,
utilizadas para fazer estradas, e aponta que neste mês serão entregues
115 motoniveladoras.
Sobre a fiscalização dos repasses do Governo
Federal, o secretário lembra que cabe ao Tribunal de Contas da União
(TCU) acompanhar a execução dos recursos autorizados pelo Executivo
Federal. Entretanto, no Estado, ele diz que o Comitê Integrado de
Combate à Seca do Ceará, que reúne diversas entidades, está acompanhando
e mapeando as medidas necessárias para a convivência com o semiárido
nordestino.
Apesar das ações autorizadas pela presidente Dilma
Rousseff, a bancada federal do Ceará pondera que, por serem executadas
dentro de um contexto emergencial, na maioria das vezes, essas ações
chegam tarde demais aos produtores rurais da região Nordestes. Isso
ocorre porque, mesmo com o crédito extra anunciado pelo Executivo, a
liberação dos recursos não ocorre no tempo esperado pelos gestores.
Para
o líder da bancada do Ceará no Congresso Nacional, deputado Antonio
Balhmann (PSB), a partir dos resultados dessa última seca, o Governo
Federal deve incluir as ações para a convivência com o semiárido no
planejamento da União, porque o clima do semiárido não pode ser encarado
como "novidade" pelo Executivo. "Uma parte do rebanho foi dizimada,
apesar da pressão da bancada federal. Que essa seca resulte em se buscar
uma solução definitiva. O que me constrange é utilizar isso como
emergência. Me admira tratar esse tema como emergência", critica o
pessebista.
Frustração
De acordo com o
deputado Antonio Balhmann, apesar de alguns avanços conquistados, o
tempo de espera para a liberação dos recursos ainda gera frustração nos
gestores que aguardam os repasses federais. "Obtivemos alguns
resultados, quando a própria presidente vai e anuncia (as medidas
emergenciais), isso é fruto de um contexto de lutas, mas a bancada
reconhece que a velocidade não é a adequada", pondera. O parlamentar diz
considerar eficiente a distribuição de milho, mas afirma que é
necessário desenvolver uma logística de alimentos.
O deputado
Raimundo Gomes de Matos (PSDB) avalia que há um "improviso" do Governo
Federal no anúncio das medidas para minimizar os efeitos da seca,
acrescentando que os recursos não constam no planejamento orçamentário
da União. "Os recursos ão liberados por MPs (medidas provisórias), como
auxílio emergencial. Não há uma programação", analisa.
O tucano
admite que os deputados da bancada federal nordestina não estão
monitorando a execução dessas ações anunciadas pela presidente Dilma,
ressaltado que falta um plano de metas do Governo Federal.
"Automaticamente a nossa atuação fica enfraquecida, porque a gente cobra
ações pontuais, descoordenadas. Não existe uma sistematização de
acompanhamento. Há algumas pressões que surgem individuais. Poderia ser
mais eficaz caso as ações e metas fossem mais claras", justifica Gomes
de Matos.
Minha lista de blogs
PÁTRIA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário