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PÁTRIA

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domingo, 28 de julho de 2013

Beleza e falta de ordenamento contrastam na Praia do Futuro

Frequentadores apontam problemas em um dos cartões-postais mais importantes de Fortaleza
Feira no calçadão, obras sem fim, 2 mil ambulantes sem qualquer normatização, lixo, esgotos a céu aberto, insegurança, barracas abandonadas, estacionamentos irregulares e falta de escoamento adequado de água são alguns dos gargalos enfrentados por um dos cartões-postais de Fortaleza: a Praia do Futuro.

Visitantes admitem que podem deixar de ir ao local por conta do abandono Fotos: Kid Júnior
Quem é morador ou visitante tem queixas recorrentes. E, pior, aponta a aposentada Maria Antônia Oliveira, entra ano e sai ano, entram férias e saem férias, e tudo continua como está. "Aliás, está ficando cada vez mais complicado", afirma.

É a praia das barracas opulentas em contraste com aquelas abandonadas e "pontos de encontro" de dependentes químicos e marginais, lamenta o empresário Geraldo Diniz, morador do bairro há 22 anos. "A falta de fiscalização e critérios vem transformando a Praia do Futuro num lugar de horrores e do deus-dará", lamenta.

O empresário Paulo Roberto de Aquino, natural do Rio Grande do Sul, conta que é o décimo ano que passa férias em Fortaleza e que tem se impressionado com a situação cada vez mais alarmante da Praia do Futuro. "No próximo ano, talvez não venha mais, porque você não fica sossegado um minuto na areia. É ambulante para todo lado", diz.

A questão dos ambulantes é um capítulo à parte. De acordo com dados extraoficiais da Associação dos Empresários da Praia do Futuro, Fátima Queiroz, de 2011 a 2013, houve uma verdadeira "invasão" do comércio informal que toma conta do calçadão, prejudicando a mobilidade humana. São mais de 2 mil informais que ficam em frente às barracas mais conhecidas.

Além da concorrência desleal, apontam os donos de barracas, eles comercializam de tudo, inclusive bebida alcoólica para crianças e adolescentes e comida sem o controle da Vigilância Sanitária.

Sobre o assunto, a Associação adianta que deve firmar parceria com a Secretaria Executiva Regional (SER) II com o objetivo de ordenar o comércio ambulante na orla da Praia do Futuro. A ideia, confirma a Regional, é, primeiro fazer um cadastro dos informais para, no segundo passo, ordenar, treinar e aumentar a fiscalização. A parceria começará a obter resultados em agosto, logo após o período de férias.

Um dos ambulantes, Francisco da Silva, garante que, se a Prefeitura iniciar o cadastramento, tem interesse em participar. "Quero trabalhar honestamente e ter a garantia de não ser escorraçado", diz.

Requalificação

Sobre as obras do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) para a requalificação do sistema viário, de competência da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor), o órgão não divulga o percentual dos trabalhos de requalificação, somente o da Praça 31 de Março, com 35% de concluído.

A Setfor prevê investir na Praia do Futuro R$ 86 milhões, sendo R$ 80 milhões para a requalificação e R$ 6 milhões para a 31 de Março. A previsão é de que tudo será entregue até dezembro deste ano. "Vamos rezar para que isso se confirme, senão será mais um ano que se vai e o local do mesmo jeito", diz a professora Julieta Sabrino.

ENQUETE
Qual é o maior problema do bairro?

"É um lugar lindo, mas que precisa de muitos cuidados. Falta mais segurança, limpeza e combate aos camelôs que, muitas vezes, chateiam os visitantes"Mariana Mendonça
Estudante

"Fortaleza é linda, e um lugar como a Praia do Futuro deveria ter mais cuidados. As obras demoram muito, a poluição sonora é desregrada e isso é ruim"
Francisco José Resende
Comerciante

"É a oitava vez que venho de férias para Fortaleza. Acredito que os ambulantes aqui na praia incomodam demais e isso deveria ser mais combatido"
Fabiano Wusuf
Empresário

Cenário
Problemas à vista

O mau cheiro causado por esgotos a céu aberto, os cerca de 2 mil ambulantes que trabalham na área e as barracas abandonadas, que viram abrigo para dependentes químicos, são algumas das reclamações de quem frequenta o ponto turístico

Esgoto incomoda população
Esgotos nas areias da Praia do Futuro, a céu aberto e no meio das barracas, onde crianças brincam e adultos se alimentam, são apontados como um dos principais problemas do bairro, sendo motivos de reclamações.

Associação de Empresários teme que a Praia do Futuro fique poluída como a Beira-Mar, devido a galerias pluviais que serão construídas no local

A dona de casa Maria Joaquina Sampaio conta que, durante a quadra chuvosa, o problema aumenta, pois as águas da chuva carregam a sujeira para o mar.

Em março passado, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) fez a limpeza do coletor de esgoto situado ao longo da Av. Zezé Diogo, na Praia do Futuro. A operação teve como objetivo remediar o assoreamento dos tubos, prevenindo transbordamento de esgoto. Segundo o órgão, a área é quase totalmente coberta com rede de esgoto.

Os donos de barracas temem as próprias galerias pluviais. Segundo eles, as intervenções de requalificação incluem essas construções com desemboque no mar, e isso representa perigo. A Associação dos Empresários da Praia do Futuro já entrou com representação junto ao Ministério Público do Estado do Ceará questionando as obras. Se nada for feito, apontam os donos de barracas, será uma futura Beira-Mar, poluída.

A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) declarou que a poluição na Beira-Mar existe devido às ligações clandestinas de esgoto. No caso das galerias da Praia do Futuro, o órgão diz que a situação não vai se repetir, pois haverá reuniões com a Cagece para garantir a fiscalização.

LÊDA GONÇALVESREPÓRTER

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