De carona na onda de protestos, sindicalistas promovem greves que só trazem benefícios para seus próprios interesses e ameaçam a economia do País
Pedro Marcondes de MouraAs legítimas manifestações das últimas semanas não só colocaram os políticos contra a parede como provaram que a voz popular deve, sim, ser ouvida com atenção. Em um curto período, os milhões de brasileiros que foram às ruas protestar alcançaram vitórias significativas e é louvável que o País esteja disposto a passar por transformações. As recentes conquistas, porém, não justificam a existência de um fenômeno preocupante. No embalo da onda de reivindicações, alguns grupos decidiram entrar em ação, mas com uma clara diferença em relação aos outros manifestantes: só querem saber de beneficiar a si próprios. Na semana passada, uma oportunista greve de caminhoneiros paralisou rodovias em 15 Estados, uma parcela minoritária do Sindicato de Ônibus de São Paulo gerou caos na capital paulista e a Força Sindical, do deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), anunciou que vai parar os portos nacionais nos dias 10 e 11, para gritar contra as novas regras dos setor. Com seus objetivos estreitos, esses agitadores geram danos à economia do País.
VIOLÊNCIA
Manifestantes ateiam fogo em pedágio de
Cosmópolis (SP): prejuízos para a economia
Apesar das incertezas sobre o prejuízo total da paralisação, que durou até a quinta-feira 4, fábricas suspenderam produções devido ao desabastecimento e serviços, como os Correios, recorreram a planos alternativos. “O Brasil precisa de ordem tanto para sua democracia quanto para sua economia”, declarou a presidenta Dilma Rousseff. As reivindicações pouco factíveis impedem o Planalto de negociar. O movimento exige isenção de pedágios aos caminhões, proposta que acarretaria um buraco no erário e afugentaria os tão necessários investimentos privados em infraestrutura. O MUBC pede também subsídio no óleo diesel, mas esquece que o combustível possui elevada subvenção. O ministro dos Transportes, César Borges, classificou as demandas como “impossíveis de serem atendidas”. Na quarta-feira 3, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o envolvimento de empresários do setor.
O movimento sindical esforça-se para aproveitar o capital obtido pelos protestos. A ideia é defender nas ruas algumas bandeiras históricas, como a redução da jornada de trabalho. Trata-se de uma atitude saudável – e até desejável – em um ambiente democrático. O problema é quando o desrespeito à legislação, chantagens e até falsas informações entram em cena. Na manhã da terça-feira 2, um pequeno grupo de oposição do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte de São Paulo, que pretendia apenas fazer barulho, parou 15% das 1,3 mil linhas de ônibus que atendem a capital. Por quatro horas, passageiros esperaram nos terminais. Depois, foram incentivados a seguir viagem sem pagar. Oficialmente, os manifestantes argumentaram que o ato era pela garantia de que não haveria demissões dos cobradores. Detalhe: as notícias sobre as dispensas de funcionários eram falsas, como confirmou a própria prefeitura. Quem liderou o protesto foi Edivaldo Santiago, réu em um processo por formação de quadrilha.
ALVO
Paulinho da Força: ele só quer incomodar Dilma,
mas incomoda todo o Brasil
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