Apesar de ser o mais disputado, o segmento dos carros "populares" sempre foi também o mais previsível. Basta olhar para o VW Gol, líder há 24 anos ininterruptos.
Mas isso não se traduz necessariamente em falta de novidade. O Fiat Uno, por exemplo, acaba de lançar a versão duas portas para apimentar a disputa.
Já o Chevrolet Celta, com grade e painel reestilizados, também perpetua a receita de boa mecânica e interior franciscano dos nacionais.
Esse antigo conceito, porém, deve começar a mudar com a expansão dos chineses, que oferecem carros a preços menores e recheados de equipamentos.
Veja só o Chery QQ, que desembarca por R$ 23 mil para ser o carro mais barato do país.
Traz até itens mais caros, como airbags, ABS, ar-condicionado, direção hidráulica e painel digital.
Mas será que, na prática, o chinês pode ser considerado o novo Super Trunfo dos "populares"?
O teste Folha-Mauá comparou o novato QQ com quatro consagrados modelos nacionais de entrada: Gol Ecomotion, Celta LS, Uno Vivace e Ford Ka -todos 1.0, básicos, duas portas e tabelados em cerca de R$ 26 mil.
Com todos emparelhados, nem precisa de fita métrica para perceber que o QQ, com apenas 3,55 m, é o único subcompacto da turma.
No comprimento, ele chega a ser quase meio metro menor que os demais. Azar do porta-malas, que, com míseros 190 litros, mal leva as mochilas dos quatro ocupantes.
ÁPICE DA ECONOMIA
A cabine, no entanto, parece espaçosa, graças ao teto alto e à tonalidade cinza-claro de painel e bancos (estreitos). Pena que o acabamento seja tão ruim.
Na versão avaliada, os tecidos tinham costura irregular, e a tampa do porta-luvas não fechava corretamente.
O ápice da economia está na falta de iluminação na parte central do painel, que agrupa os comandos do sistema de ventilação.
À noite, para acertar a temperatura do ar-condicionado, só se o motorista souber braille.
A posição de dirigir no carro chinês pelo menos é mais confortável que a do Celta e a do Gol, que tem o volante levemente deslocado para a esquerda. Mas só o VW traz ajuste de altura do assento.
Por fora, as linhas arredondadas dos faróis e da grade deixam o QQ com carinha de Pokémon e camuflam seu formato antiquado, inspirado no do sul-coreano Daewoo Matiz dos anos 90.
Original mesmo é o Uno, que não perdeu o estilo --só o conforto-- sem as duas portas traseiras.
Na pista, o Chery -o único com motor 1.1 (68 cv)- venceu a prova de 0 a 100 km/h: 14,3s, praticamente empatado com o Celta, o 1.0 mais potente do mercado, com 78 cv.
Quem paga a conta da agilidade, porém, é o tanque de combustível. Na cidade, o QQ percorre 10,1 km/l. Como parâmetro, o Gol Ecomotion (71 cv) é 30% mais econômico.
Mas a grande diferença do QQ em relação a rivais nacionais é quanto ao comportamento dinâmico.
Ao contrário do Ka, que tem a suspensão firme, o Chery é extremamente macio, como gostam os chineses. O problema é que o condutor não tem a mesma sensação de segurança após 90 km/h -a máxima é de 130 km/h.
A partir dessa velocidade, a carroceria inclina muito em curvas e sofre com golpes de vento ao passar por veículos maiores, o que restringe o seu uso ao perímetro urbano.
Outros fatores que pesam contra o asiático são as incertezas quanto à durabilidade e ao valor de revenda do carro. Mas isso, só o tempo dirá.
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