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PÁTRIA

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terça-feira, 31 de maio de 2011

Até quando?

Uma boa regra para governos é eliminar problemas mais rapidamente do que são criados. Governo é barco onde sempre entra água. E as bombas precisam funcionar bem. Para o barco não correr o risco de afundar.

Um foco permanente de encrencas para qualquer governo é o Legislativo. Ali estão os adversários, o pessoal que só pensa no dia de assumir o poder. E estão também os aliados, a turma a um passo de virar inimiga.

No parlamento britânico as bancadas da situação e da oposição sentam-se em fileiras paralelas, uns de frente para os outros, cara a cara. Segundo o lendário premiê Winston Churchill, diante dele estavam os adversários. Do lado dele, os inimigos.

Um modo de evitar a faca pelas costas é manter a tropa permanentemente feliz. Não é impossível, mas líderes não tão fortes costumam pagar caro, orçamentariamente, para garantir a paz dos cemitérios na base de sustentação.

Outra saída é cultivar uma guerra permanente contra adversários externos, mecanismo sempre útil para a coesão das próprias fileiras. Mas é preciso haver uma ameaça externa, nem que fabricada.

E aqui entre nós não se sente nem cheiro dessa ameaça.

Eis por que talvez o governo Dilma Rousseff esteja a recolher um efeito colateral daninho da ampla maioria que conseguiu nas urnas. E da — até agora — descoordenação da oposição.

Sem um oponente ameaçador, fica difícil levantar a bandeira da unidade em defesa dos interesses comuns, da sobrevivência.

Oposição muito forte é problema para qualquer governo. Muito fraca e desarticulada também é.

Outro vazamento no casco deste barco governista é a falta de agenda legislativa. Ou o Executivo entretém o Congresso Nacional ou este arruma uma pauta. Até para mostrar força e descentralizar poder.

De novo, o vácuo na agenda não seria problema se o poder estivesse efetivamente distribuído conforme o peso de cada sócio da coalizão.

O governo Dilma parece desejar o melhor de dois mundos. Nem oferece uma agenda para o Congresso, nem distribui poder com alguma lógica. É uma aposta ousada. Ou talvez seja apenas autossuficiência.

É preciso saber se vai dar certo. Ou até quando vai dar certo.



Dois

Do ângulo do governo, não poderia ser melhor o momento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu dar novo impulso à campanha pela flexibilização da legislação antidrogas.

E depois ainda tem gente com cara de dizer que a oposição aposta no quanto pior, melhor.

Talvez até aposte, mas é no quanto pior para ela, oposição.

Dilma é uma pessoa de sorte. Na primeira grande época de confusão no governo dela está sendo ajudada não apenas pelo último presidente, mas pelos dois últimos.

Aliás, FHC foi reconduzido este fim de semana à Presidência de honra do PSDB. Seria interessante saber o que os políticos do PSDB pensam das ideias propostas pelo seu líder maior sobre o assunto das drogas.



Cosmopolitas
A revista Veja publicou reportagem sobre o que descreve como efeitos econômica e socialmente desastrosos da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Parecem confirmar-se as piores previsões dos críticos a essa experiência laboratorial antropológica, resultado da parceria entre os governos cosmopolitas de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Ou o governo mostra que a reportagem está errada ou então diz o que vai fazer para dar uma vida digna às pessoas atingidas por aquela decisão.

Ou então será legítimo concluir que está mais preocupado em jogar para a plateia, em brilhar nos veículos de comunicação da Europa e dos Estados Unidos.

Mais preocupado até do que com as consequências dos atos dele para a vida de cidadãos brasileiros, pelo menos dos que dão azar de estar no caminho das operações publicitárias do poder.

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