O Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês) divulgou nesta segunda-feira (2) que serão necessários pelo menos mais dez dias para começar a abertura, extração e análise dos dados que contém na caixa-preta do Airbus da Air France que caiu no Oceano Atlântico localizado no domingo (1). Este é o tempo que demorará para o gravador chegar até a unidade do BEA na França. O acidente, ocorrido em 1º de junho de 2009, deixou 228 pessoas mortas.
A caixa-preta localizada é a que contém os dados do Flight Data Recorder (FDR), que contém todas as informações referentes ao voo. Segundo o BEA, o robô Remora 6000 efetuou ainda no domingo outro mergulho em busca da localização do registrado de voz da cabine da aeronave, armazenada no gravador Cockpit Voice Recorder (CVR).
“Externamente, o estado do módulo de memória parece bom. Ele não foi esmagado pelo choque. Mas não sabemos nada sobre os dados (técnicos do voo) gravados no cartão de memória situado na parte interna do aparelho. Talvez ele possa ter sofrido corrosão. Só saberemos isso quando o aparelho chegar ao BEA, nos próximos dias”, afirmou no domingo Jean-Paul Troadec, diretor do órgão em entrevista à BBC.
Na prática, o BEA só saberá se os dados do voo da Air France têm chances de terem sido preservados quando abrir o módulo de memória da caixa-preta onde eles ficam gravados, o que, segundo a organização, deve ocorrer assim que a caixa-preta chegar ao local.
O BEA informou que solicitou à Marinha Nacional da França para enviar um navio de patrulha para escoltar a caixa-preta até Caiena, na Guiana Francesa, de onde será levada para a sede do BEA em Bourget, de avião. “Esta transferência do Ile de Sein ao BEA será feita na presença do diretor de pesquisa, de um oficial da polícia judiciária e de um pesquisador do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico), homóloga brasileira do BEA”, informou o órgão em nota.
“Se o cartão de memória estiver em bom estado, saberemos rapidamente, no prazo de alguns dias, se os dados do voo poderão ser explorados. Se houver corrosão, será necessário utilizar métodos mais sofisticados do que os utilizados normalmente para extrair as informações. E isso poderá levar mais tempo”, acrescentou o diretor do órgão de investigação.
“Se conseguirmos ler os primeiros dados (do módulo de memória dos parâmetros do voo, já encontrado) será um grande passo. Mas, sem a segunda caixa-preta, não teremos informações essenciais sobre como os pilotos reagiram e as razões de tomar essa ou aquela medida de emergência”, afirmou Troadec.
As operações de buscas, iniciadas no dia 26 de abril, estão sendo realizadas a 3,9 mil metros de profundidade a apenas cerca de dez quilômetros ao norte da última posição do avião conhecida nos radares.
Chassi
Na última quarta-feira (27), um "mergulho" do robô-submarino que busca as caixas-pretas do avião do voo 447 encontrou o chassi do Flight Data Recorder (FDR) do Airbus acidentado. A peça foi encontrada sem o módulo que protege e contém os dados gravados do voo. Os investigadores temiam dificuldade em encontrar a célula de dados, já que a caixa-preta havia se desprendido do chassi e poderia ter sido levada pela água do mar ou ficado presa na areia.
O compartimento estava cercado de destroços pertencentes a outras partes do avião.
As buscas pela caixa-preta começaram na última segunda-feira (25), na área onde foram localizados os destroços da aeronave. O BEA considera que uma falha nas sondas (sensores de velocidade) Pitot do fabricante francês Thales foi um dos fatores do acidente, mas considera que só terá a explicação definitiva da tragédia com as caixas-pretas em mãos.
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