Faltando ainda seis meses para uma possível estação das chuvas, os reservatórios continuam secando
Quixadá Dois
açudes com volume hídrico acima dos 90%, e outros 81 com volume
inferior a 30%, estando 29 deles em situação considerada crítica, com
carga inferior a 10%. Este é o diagnóstico atual dos 145 reservatórios
monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado
(Cogerh) no Ceará. Dos 18 bilhões disponíveis para captação de água, o
conjunto de bacias hidrográficas do Estado conta apenas com 7,4 bilhões
de metros cúbicos. Esses números representam 39,7% da capacidade total.
Perfuração de poços na zona rural dos municípios é alterantiva à crise FOTO: WALESKA SANTIAGO
A
escassez de água já causa sofrimento a muitas comunidades,
especialmente na zona rural dos municípios. Uma alternativa lançada pelo
Estado, por meio das Secretarias de Desenvolvimento Agrário (SDA) e dos
Recursos Hídricos (SRH) está sendo a escavação de poços artesianos por
todo o Estado. De acordo com o diretor do Departamento de Águas
Subterrâneas da Sohidra, ligada à SRH, Borges Neto, já foram perfurados
202 poços no Interior do Estado. "A meta da Sohidra é perfurar 300 poços
por ano", disse ele.
Na avaliação do diretor de Operações da
Cogerh, o engenheiro civil Ricardo Adeodato, a atual situação no Ceará é
estável. Os números vêm se mantendo nos 32 municípios com necessidade
de complementos para garantir abastecimento.
Outros 11 deverão
entrar na lista até setembro. Mas além dos poços artesianos e das
decisões de planejamento estratégico, como a da liberação de água do
açude Flor do Campo, em Novo Oriente, para o açude Carnaubal, em
Crateús, percorrendo o leito do Rio Poty, adutoras de engate estão
surgindo como alternativas à escassez.
"Na mais pessimista das hipóteses, nenhum cearense ficará com sede. Essa é a meta do Governo do Estado", explicou.
Conforme
o titular da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) do Estado,
Nelson Martins, o próprio governador Cid Gomes, está monitorando
continuamente a situação do abastecimento de água no Interior.
As
áreas mais críticas são o Inhamuns, principalmente em Crateús, onde
está concentrada a maior população da região, com mais de 72 mil
habitantes, conforme o censo do IBGE de 2010. Também em crise a cidade
de Aracatiaçu, no Vale do Curu, a leste de Sobral, e o Sertão Central. A
alternativa está sendo a aceleração dos planos emergenciais,
justificou, se referindo aos poços.
Na última quinta-feira, a SDA
realizou licitação para a construção de 395 poços profundos. As regiões
serão atendidas a partir da demanda estipuladas a partir das
solicitações dos Comitês Municipais da Seca.
Além dos Poços, o
Governo do Estado está realizando 255 projetos de abastecimento
simplificado, atendendo 100 municípios. Através do São José III, estão
sendo desenvolvidos 81 projetos de abastecimento e outros 131 já foram
licitados. Juntamente com eles estão sendo implantados até módulos
sanitários, com banheiros e fossas. Mais de 26 mil famílias estarão
sendo beneficiadas. Essas ações são para minimizar os efeitos da pior
seca das últimas três décadas no Ceará e Nordeste.
As comunidades
da zona rural dos municípios do Interior são as mais afetadas com a
falta de chuvas. Além da dificuldade de água para consumo humano, o
recurso para a agricultura é praticamente inexistente.
Agricultores
do Vale do Jaguaribe acreditam que, enquanto não chover, somente a
perfuração de poços profundos amenizariam o problema.
A água que
chega na cisterna do agricultor Lucimar de Souza, morador da localidade
de Canto Grande da Baixa, distante a 15 quilômetros da sede de Limoeiro
do Norte, vem da Estação de Tratamento de Água (ETA), gerenciada pelo
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).
O carro-pipa chega duas
vezes por semana para depositar 16 mil litros de água em cada entrega,
para atender a demanda de 16 famílias da localidade.
Porém,
ontem, Lucimar não pôde contar com mais um abastecimento, porque o único
carro-pipa que atende as 34 comunidades do município, quebrou pela
manhã. Ontem mesmo o veículo só conseguiu chegar a duas, das quatro
comunidades que deveriam ser abastecidas no dia.
"Quem planta de
roçado sofre muito com a seca, mal tem água pra beber, imagina pra
plantar. Se quiser trabalhar, tem que buscar serviço fora", lamenta.
Castanhão
O
recurso hídrico que abastece as cidades do Baixo Jaguaribe é captado no
leito do Rio Jaguaribe. Em épocas de seca, o seu leito recebe um
reforço maior do açude Castanhão, o maior reservatório do Estado,
localizado no município de Alto Santo, também na mesma região.
O
reservatório está atualmente com menos da metade de sua capacidade
total, ou seja 48,56%. Mas, segundo garantiu o coordenador geral do
complexo do Castanhão, José Ulisses de Souza, o açude tem condições de
atender à atual demanda por mais dois anos de seca, caso não haja
recarga satisfatória. "A água está sendo usada de forma disciplinada",
disse ele.
Mais informaçõesCogerh, Rua Adualdo Batista, 1550 Telefone: (85) 3218.7020
Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), (85) 3101.8002
Av. Bezerra de Menezes, Fortaleza
ALEX PIMENTEL/ ELLEN FREITASCOLABORADORES
Licitação da barragem Fronteiras
Crateús
O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) realizará
licitação para contratação de empresa para executar as obras e serviços
de implantação da barragem Fronteiras, neste município. O órgão publicou
no Diário Oficial da União, do último dia 21, o Aviso do Edital de
Licitação, em Regime Diferenciado de Contratação (RDC) presencial de nº
001/2013, que tem como objeto a contratação da empresa.
Na
estação de chuvas passadas, técnicos visitaram o local onde será feito o
barramento do rio Poty, para identificar como o acúmulo de água se
verificava na área. A capacidade total do reservatório será de 488
milhões de m³ FOTO: SILVANIA CLAUDINO
O edital está
disponível e pode ser adquirido na Divisão de Licitação do órgão ou pelo
site. A licitação, que será a primeira na modalidade RDC, no âmbito do
Dnocs, está marcada para o dia 17 de setembro de 2013, às 15h, no
auditório da Administração Central do Departamento.
A barragem
Fronteiras vai represar o Rio Poty. Sua capacidade de armazenagem é de
488 milhões de metros cúbicos, com o potencial de irrigar seis mil
hectares, e beneficiará cerca de 100 mil pessoas, proporcionando uma
melhoria na qualidade de vida dos habitantes, além de alavancar a
economia da região.
O reservatório terá capacidade de acumulação
de 488 milhões de metros cúbicos de água proporcionando o abastecimento
de cerca de 40% da população urbana de Crateús e 20% da população rural.
O volume é o sexto maior do Ceará.
Segundo o diretor administrativo, Ivan Monte Claudino, essa barragem será a sexta maior, no estado do Ceará.
"A
implantação desse empreendimento vem atender os anseios dos habitantes
do Sertão de Crateús, no que se refere à solução dos problemas
ocasionados pela falta d´água", completou Ivan Claudino.
Segundo o
Dnocs, o orçamento inicial, para construção dessa obra, era de R$ 171,3
milhões, em valores de maio de 2012, hoje, esse montante, ultrapassa a
ordem de R$ 200 milhões.
O rio Poti nasce no Ceará e deságua no
Piauí como principal afluente do rio Paraíba, depois de cortar Teresina.
Uma das contribuições do Fronteiras será a perenização do Poty, com a
contenção de enchentes e regularização do curso d´água. Isto será
reforçado pela barragem Castelo, no Piauí, também do Dnocs, mas ainda em
projeto.
Desde 2010, a população aguarda a realização do
processo licitatório da obra, que trará impacto hídrico de grandes
proporções ao município e região.
"Consideramos a Barragem
Fronteiras como a redenção da região, que com a obra vislumbrará um
crescimento e desenvolvimento nunca vistos na região da Ibiapaba e de
Crateús como um todo", diz o secretário da Defesa Civil de Crateús,
Teobaldo Gonçalves.
Ele participou dos primeiros levantamentos
feitos para a obra, em 1993. Segundo Gonçalves, com a construção será
possível o controle de enchentes, a garantia do abastecimento de água em
caso de seca prolongada da sede de Crateús. Entende ainda que a obra
precisa ser realizada com urgência, dada a necessidade da região, que
enfrenta sucessivas estiagens.
Prevista inicialmente para março
de 2011, a construção da barragem atrasou em função de ajustes na
pré-qualificação das empresas no processo licitatório e problemas nas
desapropriações, segundo informou o Dnocs na época.
Desapropriações
O
órgão publicou em setembro do ano passado o edital nº 002/2012, que
trata de desapropriação, benfeitorias e coberturas vegetais, inseridas
em área rural, abrangidas pela construção do açude Fronteiras.
Estão
cadastradas 29 propriedades, em um total de 2.202 hectares, com 43
famílias impactadas. São terras declaradas de utilidade pública, e estão
sendo desapropriadas segundo os critérios do Decreto-Lei 3.356/41 e
normas afins.
SILVANIA CLAUDINOREPÓRTER
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