Governo ameaça entrar na Justiça contra presidentes de conselhos que se recusarem a registrar doutores estrangeiros
Agência Estado
O
governo federal prepara uma ofensiva no Judiciário contra Conselhos
Regionais de Medicina (CRMs) que se negarem a conceder registro
provisório aos profissionais contratados por meio do programa Mais
Médicos. Segundo o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o
questionamento jurídico poderá ser feito contra o responsável pelo
conselho que se negar a fazer o registro, que poderia responder por
improbidade administrativa.A ameaça de um processo contra cada dirigente, feita por Adams após participar de evento na Câmara dos Deputados, é mais um capítulo da disputa entre governo e a categoria. O principal questionamento é sobre a atuação de médicos formados no exterior. Os conselhos têm defendido que esses profissionais só podem receber o registro se forem aprovados pelo Revalida, exame de revalidação de diplomas. O governo, porém, alega que, neste caso, o médico poderia atuar em qualquer lugar do país e não teria interesse em continuar no programa.
Distrito Federal
Ministério Público vai apurar suposta violação de direitos dos cubanosAgência O Globo
A contratação de cubanos pelo governo será investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal. O órgão instaurou inquérito civil para apurar denúncias de violações de direitos humanos dos médicos de Cuba. “O objetivo é verificar se as condições de trabalho oferecidas aos intercambistas estão de acordo com as normas internas e internacionais de proteção aos direitos humanos”, informou, em nota, o MPF. A Procuradoria da República quer ter acesso à cópia do acordo de cooperação técnica assinado pelo governo no último dia 21 com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e deu prazo de 15 dias para tê-lo em mãos. Ontem, o MPF arquivou o inquérito policial sobre a suspeita de um boicote coletivo ao Mais Médicos. O órgão concluiu que não havia crime a ser investigado.
Trabalho
Apesar da agressão, cubano diz que cumprirá missão no BrasilAgência Estado
“Fomos agredidos, mas vamos cumprir nossa missão aqui no Brasil de atender bem a população carente”, disse ontem um dos 70 médicos cubanos hostilizados por médicos cearenses, na noite de segunda-feira, em Fortaleza. Os cubanos tiveram de passar por um corredor humano, onde os cearenses gritaram palavras de ordem como “Revalida”, “incompetentes” e “voltem para senzala”. “Aceitei vir para o Brasil para ajudar a população, mas agora só pretendo ficar os três anos da missão. Tão logo termine o trabalho no Brasil retorno a Cuba, porque é em Cuba que tenho meu trabalho e minha família”, afirmou o médico, que pediu para não ser identificado por medo de mais represálias.
Tribunal de Contas
O advogado-geral da União afirmou não causar preocupação ao governo a decisão do Tribunal de Contas da União de analisar a legalidade da contratação de médicos cubanos pelo programa. “É natural, importante, inclusive para nós, ter uma fiscalização e acompanhamento para a maior integridade do programa”, afirmou. Disse que a atuação do tribunal e do Ministério Público do Trabalho são “importantes” e comprovarão que o programa do governo federal é “bem estruturado”.
Ministério chama de “xenofobia” protesto contra médicos no CE
Folhapress
Em desagravo aos médicos estrangeiros divulgado ontem, o Ministério da Saúde e entidades de saúde do Ceará classificaram de “intolerância, racismo e xenofobia” o protesto feito na noite de segunda-feira pelo Sindicato dos Médicos do Ceará contra o programa Mais Médicos, do governo federal.
No ato, os cubanos foram chamados de “escravos” pelos médicos brasileiros, que também pediam a exigência de prova para revalidação de seus diplomas.
O secretário de gestão estratégica e participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, afirmou que o protesto “foi um ato de truculência, violência, agressividade, xenofobia, preconceito e racismo”.
“Fomos um país de origem colonial e vivemos durante 400 anos uma sociedade escravocrata. Entendemos que o preconceito e o racismo de alguns é porque eles ainda têm saudade da casa grande e da senzala”, afirmou.
O Conselho Estadual da Saúde divulgou uma nota, que teve apoio do representante do ministério, elogiando os cubanos e pedindo respeito aos estrangeiros. Monteiro afirmou que foi agredido por empurrões, tapas e um ovo, mas que os estrangeiros só foram agredidos verbalmente.
Explicações
O presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes, afirmou que as vaias na saída do curso dos médicos estrangeiros foram direcionadas aos gestores do curso e que o grito de “escravos” dirigidos aos cubanos “não foi no sentido pejorativo”. “Ninguém hostilizou os médicos cubanos. As vaias que saíram foram direcionadas aos gestores”, disse.
Para ele, o fato de os cubanos não terem direitos trabalhistas ao participar do Mais Médicos e de não poderem trazer a família são elementos que caracterizam a relação de trabalho como escravidão. “Não aceitamos o governo federal nos culpar. Não somos contra os cubanos. Mas eles têm que mostrar competência passando pela Revalida”, disse.
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