Presidente nacional do partido desmonta reunião na qual Lindbergh Farias pretendia aprovar a saída dos petistas do governo do PMDB
Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
Rui Falcao, presidente nacional do PT
(Moacyr Lopes Júnior/Folhapress)
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, conseguiu, durante o fim de semana, estancar um sangramento perigoso para o partido e a presidente Dilma Rousseff. Em franca campanha para o governo do estado, o senador petista Lindbergh Farias armou, para esta segunda-feira, durante a reunião agendada para a avaliação da situação política no estado, uma votação da executiva regional para decidir sobre a saída dos petistas do governo Cabral. Lindbergh tentava se aproveitar da fragilidade do governador, que sustenta publicamente a pré-candidatura do vice, Luiz Fernando Pezão, para a sucessão em 2014. Votação semelhante ocorreu em março, com vitória dos que optaram por permanecer no governo. A votação ocorreu dias depois de Lindbergh iniciar suas “caravanas da cidadania”, percorrendo cidades fluminenses para tornar-se mais conhecido.
Rui Falcão não gostou da postura de Lindbergh e achou prematuro tomar a decisão de sair do governo de Cabral. Falcão tem dois motivos. O primeiro é cuidar para que qualquer movimento do Rio não respingue em Brasília, em um momento em que o apoio do PMDB é vital para encarar uma pauta de votações importantes, que passa pela análise dos vetos presidenciais, e as votações do orçamento impositivo e da MP dos Médicos. O segundo ponto é a avaliação do presidente petista de que, apesar dos pesares, ainda é importante manter a aliança com Cabral para assegurar duplo palanque para a reeleição de Dilma Rousseff no Rio de Janeiro, caso seja inevitável ter Pezão e Lindbergh na disputa.
Interlocutores de Falcão afirmam que a mensagem foi dura, o suficiente para imediatamente desmobilizar a votação convocada por Lindbergh. O primeiro a receber o recado foi o presidente regional, Jorge Florêncio, instado a desmarcar a reunião – cortando pela raiz o risco de, no encontro, ser aprovada a debandada. Outro problema levantado por alguns integrantes da executiva era o de escancarar o oportunismo da aliança, em um momento em que Cabral tem buscado o apoio da base para se reerguer. “O PT tem candidato para o governo do estado. Está com o PMDB no Rio há seis anos e meio e tem responsabilidade com esse governo. Ninguém desconhece o problema do governo, mas há também vitórias, como a política de segurança”, diz o líder do PT na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano.
Na semana passada, em uma mudança de atitude, o governador começou a despachar com os deputados dos diversos partidos que compõem a aliança. Cabral se reuniu com quatro dos seis deputados da bancada do PT na Alerj – encontro pedido desde fevereiro pelos petistas - e ouviu reclamações das mais diversas. Durante três horas, deputados reivindicaram desde leis vetadas pelo governador até o recebimento de informações incompletas sobre as concessionárias de transportes.
Cabral, depois de momentos em que demonstrou arrogância e fechou-se ao diálogo com aliados, reconheceu o afastamento da base e fez um mea-culpa. Sobre eleições, pediu para que a discussão ficasse para o ano que vem, mas já mostrou uma postura diferente daquela de maio, quando chegou a ameaçar apoiar Aécio Neves, em vez de Dilma, caso Lindbergh saísse candidato. O governador chegou a afirmar que tem um compromisso com Dilma e que seria traição não reconhecer os esforços do governo federal iniciados por Luiz Inácio Lula da Silva no Rio.
Na quinta-feira, Cabral se encontrou com Florêncio e Ceciliano. Florêncio reclamou do afastamento dos governos estadual e federal dos movimentos sociais e ganhou a incumbência de Cabral de ser o interlocutor dos sindicatos com o PMDB fluminense. Ficou a cargo de Florêncio agendar reuniões entre Cabral e os representantes dos movimentos. “Colocamos como necessidade a ampliação do diálogo”, afirmou o presidente estadual do partido.
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