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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dirceu e o 'projeto' Dilma

Em encontro com petroleiros petistas na Bahia, anteontem à noite, o deputado cassado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse que a eventual eleição da petista Dilma Rousseff para o Planalto será mais importante que a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois ele “é duas vezes maior que o PT”, enquanto ela representaria a chegada do projeto partidário petista ao poder. Sem perceber a presença da imprensa, ele também criticou a mídia e defendeu o fortalecimento do partido.
— A eleição da Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa. A Dilma não era uma liderança que tinha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no país, como o Lula foi criando, como outros tiveram, o Brizola, o Arraes e tantos outros. Então, ela é a expressão do projeto político, da liderança do Lula e do nosso acúmulo desses 30 anos. Se queremos aprofundar as mudanças, temos que cuidar do partido e temos que cuidar dos movimentos sociais, da organização popular — discursou Dirceu, que teve de deixar o cargo de ministro da Casa Civil, em 2005, em meio ao escândalo do mensalão do PT.
Ele argumentou que Lula é “ duas vezes maior que o PT” e que a legenda tem a missão de se transformar na preferida de “um terço” dos brasileiros.
Citou partidos da coligação em torno de Dilma e afirmou: — Independente de termos essa coalizão, o PT é a base dela.
A mídia agora já começa a discutir a nossa política, se vai fazer ajuste, senão vai; se vai estatizar ou não vai; se vai fazer concessão ou não vai. E começa a discutir se o PT está sendo desprestigiado ou não. Aquilo que nós temos de maior qualidade, que é o Lula, eles querem apresentar como negativo, porque o Lula é maior que o PT. Eles é que não têm ninguém maior que o partido deles. Ainda bem que nós temos o Lula, que é duas vezes maior que o PT.

“Indicamos sindicalistas sim”
Dirceu comparou a conquista do PMDB como aliado nestas eleições com a escolha do vice José Alencar (PR) em 2002. E criticou as tentativas da oposição de minar a aliança do PT com o PMDB.
— Quando nós pusemos o Alencar como vice do Lula, ganhamos a eleição. Como nós ganhamos esta eleição quando o PMDB não ficou com o PSDB. Aquele movimento antiRenan Calheiros, anti-Sarney... Vocês não vão acreditar que eles (os que faziam o movimento) são éticos, né? Eles, evidentemente, o que queriam era romper a aliança nossa com o PMDB. Um mês depois, o Serra (José Serra, candidato do PSDB a presidente também em 2002) estava fazendo aliança com o PMDB.
Depois de dizer que o PMDB já começa a apresentar propostas, e que com algumas delas o PT não concorda, ele disse que o governo é sempre “disputado entre os aliados e dentro do PT”. E atacou a imprensa: — E nessa disputa do governo, as forças políticas de oposição pesam também. Porque, com o apoio da imprensa, eles tentam formar a opinião pública, forçando determinadas definições ou tentando impedir que apliquemos determinadas políticas. Ou paralisando no Congresso ou criando clima na sociedade contrário.
E completou: — Toda a mídia se posicionou contra a nova regularização do pré-sal, o fundo, a empresa, a apropriação da Receita do petróleo, da nova forma que nós vamos fazer, por partilha e não por concessão.
O ex-ministro defendeu o fortalecimento do Estado, discurso recorrente de Dilma, e afirmou: — Não é verdade essa discurseira do Serra. Fomos nós que voltamos a fazer planos de cargos e carreiras, que voltamos a valorizar o servidor, a dar condições de novo. Eles falam: os sindicalistas dirigiam as empresas estatais. É verdade, nós indicamos sindicalistas mesmo — disse, afirmando, porém, que os resultados do governo Lula são melhores do que os do governo Fernando Henrique em diversas áreas.
Depois de pregar que se repense o sistema político brasileiro — “e nós somos o maior interessado porque a direita está usando isso para desqualificar a política e para afastar o povo da política” —, ele defendeu a reforma tributária e a democratização dos meios de comunicação. Ele citou a “Folha de S.Paulo” e a rede Globo nas críticas, em momentos diferentes: — Dizem que nós queremos censurar a imprensa. Dizem que o problema é a liberdade de imprensa. O problema do Brasil é excesso, bom, é que não existe excesso de liberdade.
Mas, na verdade, o abuso do poder de informar, o monopólio e a negação do direito de resposta e do direito da imagem — disse. E atacou os tribunais e o vice-presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto: — Os tribunais brasileiros estão formando jurisprudência. Se vocês lerem os discursos do Carlos Ayres Britto, que aquilo não é voto e sim discurso político, a liberdade de imprensa está ameaçada no Brasil, que é um escândalo. Mas eles estão preparando a agenda deles para o primeiro ano de governo. Como a imprensa já está pressionando pela constituição do governo. Pode começar a ler nas entrelinhas, quem quer que ela empurrar para ser ministro disso, ministro daquilo, e já está disputando para fazer ajuste fiscal...
E ainda previu um julgamento difícil do mensalão no STF: — Como a gente está vendo a mídia se comportar com a Dilma, já dá para imaginar como vai ser comigo no dia do julgamento (do mensalão, no STF). Estou até fazendo dieta, mantendo os 80 quilos para me preparar para o debate.
As declarações foram feitas no Comitê dos Petroleiros, um QG petista na capital. Depois do encontro, perguntado em entrevista sobre seu papel na campanha de Dilma, afirmou: — Eu não estou afastado, estou fazendo meu papel. Percorro o país como dirigente do PT, não sou da membro da coordenação da campanha (de Dilma). Eu apoio, trabalhei nos palanques estaduais.
Dirceu disse que evita ambientes públicos ao lado de seus candidatos.
Exemplificou ao dizer que queria ter passado o São João na Bahia este ano, antes que desistir por causa da visita de Dilma ao estado

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