O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta quinta-feira do hospital onde permanece isolado, em Quito, que se sente "sequestrado" pelos manifestantes que tomaram hoje a pista do aeroporto da capital, e reiterou que não irá negociar com os rebelados enquanto a situação não for normalizada.
"Saio daqui como presidente ou como cadáver. Eu não vou assinar nada sob pressão, não vou esmorecer, antes morto que perder a vida", disse ele em entrevista à rede Telesur, acrescentando que se reuniu com três comissões dos policiais rebelados e anunciou a eles a sua intenção.
Ele disse ainda que não autorizará uma operação para resgatá-lo do local --onde estaria "refém" dos manifestantes-- porque quer "evitar derramamento de sangue" no país. Correa foi encaminhado ao hospital após ser atingido por gás lacrimogêneo, depois tentar conter os protestos no principal quartel da capital, Quito. Em meio à crise gerada pelos violentos protestos e após decretar o estado de exceção, ele reuniu-se com uma delegação de representantes dos policiais, acompanhados de um advogado, informou mais cedo a agência estatal Andes. O ministro de Finanças, Patrício Rivera, também participou da reunião.
O encontro ocorreu no Hospital da Polícia Nacional, onde o presidente foi socorrido, e de onde foi impedido de sair após os manifestantes cercarem o prédio. Anteriormente, Correa já havia advertido aos policiais que não cederia ante os protestos da polícia. "Não darei nenhum passo atrás. Se quiserem, tomem os quartéis, se quiserem deixar a cidadania indefesa e se quiserem trair sua missão de policiais", afirmou ele em uma acalorado discurso ante dezenas de militares que tomaram o principal regimento de Quito.
"Se quiserem matar o presidente, aqui estou, matem-no se tiverem vontade, matem-no se tiverem poder, matem-no se tiverem coragem
O governo do Equador decretou o estado de exceção por uma semana em todo o território nacional e delegou o policiamento e a segurança interna e externa do país às Forças Armadas como reação ao amplo protesto de policiais e de parte dos militares contra o governo. As manifestações foram motivadas por uma proposta do governo que reduz benefícios salariais das forças de segurança e que está em votação na Assembleia Nacional.
Centenas de agentes das forças de segurança do Equador saíram às ruas da capital Quito e ao menos outras duas cidades em um protesto em massa contra a lei do governo. O aeroporto de Quito foi fechado e suas operações canceladas após uma pista ser tomada por cerca de 120 militares que estariam apoiando os protestos e a imprensa equatoriana afirma que policiais tomaram a sede do Congresso.
VIOLÊNCIA
O ministro de Segurança do Equador, Miguel Carvajal, disse nesta quinta-feira que informações preliminares indicam ao menos um morto e alguns feridos após manifestações de policiais e alguns militares no país. A morte teria acontecido perto do hospital onde Correa está internado. Moradores cercaram o local, e começaram a ser agredidos com pedras e bombas de gás lacrimogêneo pelos policiais manifestantes.
Ao mesmo tempo em que Correa se reuniu com a delegação dos manifestantes, nas ruas em torno do hospital na capital equatoriana os policiais entraram em confronto com a população, que busca chegar ao prédio onde o presidente está internado. "É um enfrentamento do povo contra o povo", disse um dos participantes do protesto onde é possível ouvir frases como "policiais corruptos, não enfrentem o povo com armas, o povo vem de mãos limpas".
"O povo unido jamais será vencido, aqui vem o povo", gritam enquanto tentam superar a barreira de policiais que estão do lado de fora do hospital onde se encontra Correa sob atendimento médico.
Na passeata, as pessoas, algumas com paus e bandeiras, lançam palavras de apoio a Correa e entre elas estão, inclusive, cadeirantes, crianças e idosos, relata a agência Efe.
"Estamos aqui de pé na luta pela democracia, defendendo o presidente de todos os equatorianos. Está aqui a população que veio de vários cantos caminhando. Estão lançando bombas de gás lacrimogêneo em ministros, senhoras, crianças", disse a ministra dos transportes, María de Los Angeles Duarte.
O povo apoia a democracia e não vai permitir que um grupo "que se acha atingido porque está mal informado coloque em risco a democracia no Equador", disse a ministra no meio da manifestação que avança em direção ao hospital, em referência aos militares e policiais que rejeitam a eliminação de incentivos profissionais.
"Estamos todos aqui dispostos a dar a vida para resgatá-lo", disse María se referindo a Correa.
Os manifestantes tentam subir pela rua principal que leva ao hospital, mas os policiais os dispersam lançando uma grande quantidade de gás lacrimogêneo.
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