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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Presidente do Equador reúne-se com policiais; general pede fim dos protestos

Em meio à crise gerada por violentos protestos de policiais e parte dos militares e após decretar o estado de exceção, o presidente do Equador, Rafael Correa, reúne-se com uma delegação de representantes dos policiais, acompanhados de um advogado, informa a agência estatal Andes. O ministro de Finanças, Patrício Rivera, também participa da reunião.O encontro ocorre no Hospital da Polícia Nacional, onde o presidente está internado e de onde foi impedido de sair após os manifestantes cercarem o prédio.
Em paralelo, o chefe-maior das Forças Armadas do Equador, o general Ernesto González, pediu à polícia, parte dos militares e à sociedade civil que interrompam os protestos e prezem pelo retorno do estado de direito. "Chamamos à Polícia Nacional, aos setores da sociedade civil e a certos elementos da instituição armada a abandonar os protestos", disse o general em coletiva à imprensa equatoriana.
Já Lenín Moreno, vice-presidente do Equador, reiterou sua lealdade a Correa e pediu a seus compatriotas para defenderem a democracia.
"Aquele passado no qual a política tornava-se "uma confusão" a cada vez que qualquer circunstância ruim se apresentava ficou no passado", disse à emissora de TV Gama, controlada pelo governo.
CONFRONTOS
Ao mesmo tempo em que Correa se reúne com a delegação dos manifestantes, nas ruas em torno do hospital na capital equatoriana os policiais entram em confronto com a população, que busca chegar ao prédio onde o presidente está internado.
"É um enfrentamento do povo contra o povo", disse um dos participantes do protesto onde é possível ouvir frases como "policiais corruptos, não enfrentem o povo com armas, o povo vem de mãos limpas". "O povo unido jamais será vencido, aqui vem o povo", gritam enquanto tentam superar a barreira de policiais que estão do lado de fora do hospital onde se encontra Correa sob atendimento médico.
Na passeata, as pessoas, algumas com paus e bandeiras, lançam palavras de apoio a Correa e entre elas estão, inclusive, cadeirantes, crianças e idosos, relata a agência Efe.
"Estamos aqui de pé na luta pela democracia, defendendo o presidente de todos os equatorianos. Está aqui a população que veio de vários cantos caminhando. Estão lançando bombas de gás lacrimogêneo em ministros, senhoras, crianças", disse a ministra dos transportes, María de Los Angeles Duarte.
O povo apoia a democracia e não vai permitir que um grupo "que se acha atingido porque está mal informado coloque em risco a democracia no Equador", disse a ministra no meio da manifestação que avança em direção ao hospital, em referência aos militares e policiais que rejeitam a eliminação de incentivos profissionais.
"Estamos todos aqui dispostos a dar a vida para resgatá-lo", disse María se referindo a Correa.
Os manifestantes tentam subir pela rua principal que leva ao hospital, mas os policiais os dispersam lançando uma grande quantidade de gás lacrimogêneo.
Pouco antes, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, tinha pedido à população para se dirigir ao Hospital da Polícia Nacional para "resgatar" Correa, ameaçado por policiais "que tentam chegar ao seu quarto". OEA
Mais cedo, em Washington, a embaixadora do Equador na Organização dos Estados Americanos (OEA), María Isabel Salvador, denunciou ao grupo de nações uma "tentativa de golpe" de Estado contra o presidente do país, Rafael Correa.
Salvador pediu à OEA, que iniciou na tarde desta quinta-feira uma reunião sobre a situação de emergência no Equador após Correa ter decretado o estado de exceção -- devido aos violentos protestos que tomaram várias cidade.
A embaixadora pediu que o órgão se pronuncie sobre os fatos e "tome medidas" para evitar um aprofundamento da crise. "As próximas horas são cruciais para a estabilidade democrática em meu país", disse a diplomata.
CRISE
O governo do Equador decretou nesta quinta-feira estado de exceção por uma semana em todo o território nacional e delegou o policiamento e a segurança interna e externa do país às Forças Armadas como reação ao amplo protesto de policiais e de parte dos militares contra o governo. As manifestações foram motivadas por uma proposta do governo que reduz benefícios salariais das forças de segurança e que está em votação na Assembleia Nacional. Centenas de agentes das forças de segurança do Equador saíram às ruas da capital Quito e ao menos outras duas cidades em um protesto em massa contra a lei do governo. O aeroporto de Quito foi fechado e suas operações canceladas após uma pista ser tomada por cerca de 120 militares que estariam apoiando os protestos e a imprensa equatoriana afirma que policiais tomaram a sede do Congresso.
Há informações desencontradas sobre a extensão do apoio dos militares aos protestos. Mais cedo, o chefe das Forças Armadas, o general Ernesto González, manifestou apoio integral ao presidente e reiterou que ele é autoridade máxima do país. Porém, um grupo de membros da Força Aérea aderiu às manifestações e tomou o aeroporto internacional de Quito.
O presidente Rafael Correa foi duro em suas declarações aos policiais e disse que os manifestantes "são um grupo de bandidos ingratos".
PROTESTOS
Durante o protesto, os policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo e queimaram pneus após tomar bases em Quito e Guayaquil. A agência de notícias France Presse, que cita a porta-voz do Legislativo, Julia Ortega, diz que a sede do Congresso do Equador foi tomada em Quito por policiais.
Paralelo a isso, cerca de 150 membros da Força Aérea Equatoriana (FAE) tomaram o aeroporto internacional de Quito. 'Cerca de 150 efetivos da Força Aérea Equatoriana tomaram a pista do aeroporto Marechal Sucre e também a rua na entrada', afirmou à rádio Quito o porta-voz da empresa administradora Quiport, Luis Galárraga.
Os agentes também protestam em outros quartéis de Guayaquil (sudoeste) e Cuenca (sul), segundo informes policiais, mas a manifestação mais numerosa acontece na capital .O ministro coordenador de Segurança Interna e Externa equatoriano, Miguel Carvajal, afirmou que a situação é "delicada" e que os protestos constituem um processo de "desestabilização do governo e da democracia".
Correa advertiu aos policiais que não cederá ante os protestos da polícia. 'Não darei nenhum passo atrás. Se quiserem, tomem os quartéis, se quiserem deixar a cidadania indefesa e se quiserem trair sua missão de policiais', afirmou Correa em uma acalorado discurso ante dezenas de militares que tomaram o principal regimento de Quito.
"Se quiserem matar o presidente, aqui estou, matem-no se tiverem vontade, matem-no se tiverem poder, matem-no se tiverem coragem

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