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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Governo faz intervenção nos Correios para conter crise e preservar Dilma

A 13 dias da eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu ontem as férias do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e cobrou dele providências para estancar a crise na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Lula quer que Bernardo seja uma espécie de interventor para fazer uma operação pente-fino na estatal e apagar o foco de tensão política que pode respingar na campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência.
Foi o ministro que, ao lado da então chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, recomendou ao presidente a troca de comando nos Correios. As mudanças no primeiro escalão ocorreram em 28 de julho, sob a alegação de que era preciso combater o fisiologismo e a ineficiência na empresa.
De lá para cá, porém, a crise aumentou a ponto de derrubar Erenice e o diretor de Operações dos Correios, Eduardo Artur Rodrigues Silva, conhecido como "coronel Quaquá". Disputas fratricidas entre o PMDB e o PT por cargos, negociatas e conflito de interesses na estatal preocupam o Palácio do Planalto.
Franquias. No diagnóstico de Lula, a briga de poder nos Correios é o pano de fundo de muitas das acusações que têm alvejado a Casa Civil. O presidente quer saber, porém, se há mais problemas à vista para evitar novos escândalos às vésperas da eleição de 3 de outubro.
O presidente dos Correios, David José de Matos, é amigo de Erenice há 30 anos. Ele substituiu Carlos Henrique Custódio, apadrinhado pelo PMDB e demitido por Lula após reclamações de Erenice sobre queda na qualidade de prestação dos serviços e uma polêmica envolvendo a renovação de franquias postais. "O governo quer oxigenar a administração dos Correios", disse, à época, o ministro das Comunicações, José Artur Filardi.
Marco Antônio de Oliveira também foi defenestrado da diretoria de Operações da ECT. Na sua cadeira sentou-se, até ontem, o coronel Quaquá. A queda de Silva ocorreu 24 horas depois de o Estado revelar que ele era testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey na empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA).
Erenice caiu antes, na quinta-feira, após reportagem da revista Veja mostrar que o tráfico de influência dentro da Casa Civil tinha uma ponta na MTA. Israel Guerra, filho de Erenice, intermediou na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a devolução da certificação de voo da MTA, que havia sido suspensa. Para tanto, Guerra contou com a ajuda do amigo Stevan Knezevic, servidor da Anac cedido para a Casa Civil.
O rastro de escândalos também abateu Stevan e o advogado Vinícius de Oliveira Castro. Sobrinho de Oliveira, o ex-diretor de Operações dos Correios, e sócio de Guerra na consultoria Capital, Castro foi acusado de receber propina de R$ 200 mil dentro da Casa Civil. Segundo Veja, o dinheiro seria a "comissão" paga a funcionários da pasta por interessados na compra extra do medicamento Tamiflu, usado para o tratamento da gripe suína.
Paulo Bernardo é cotado para assumir a Casa Civil em eventual governo Dilma. Por enquanto, porém, sua missão é a de fazer a radiografia política dos Correios para afastar os escândalos e blindar a candidata do PT. Na reformulação dos Correios, ele indicou o novo diretor de Recursos Humanos, Nelson Luiz Oliveira de Freitas.
Nos bastidores, políticos e empresários afirmam que muitas das negociações na Casa Civil, à época de Erenice, tinham o objetivo de ampliar a participação da MTA nos Correios e fazer dela o embrião da nova empresa de logística da estatal, voltada para o transporte de cargas.
Lula pediu ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, na reunião de ontem da coordenação de governo, que acelere as investigações para apurar todas as denúncias sobre corrupção na Casa Civil e nos Correios.
Dilma disse não querer fazer "ilações" sobre a disputa de poder nos Correios. "Tudo está sendo investigado e posso garantir que vamos apurar até o fim", insistiu ela. "Não vamos descansar enquanto toda a verdade não vier à tona. Quem errou será punido, seja ele quem for", emendou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Argumento
ALEXANDRE PADILHA: "O governo é o maior interessado na completa apuração"MINISTRO DAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

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