O ex-presidente disse também que muita gente está incomodada porque os pobres estão evoluindo
Sem citar nomes, o ex-presidente desqualificou adversários políticos, jornalistas e analistas que, ao longo dos anos, criticaram de alguma forma o programa. FOTO: AGENCIA REUTERS/ ARQUIVO
O petista afirmou que, se estivesse iniciando seu governo agora, com a experiência que conquistou, começaria da mesma forma, combatendo a fome e a desigualdade. Lula lembrou de sua origem pobre e disse que os que criticam o Bolsa Família nunca passaram fome. Disse também que são preconceituosos ao afirmar que o pobre está no Bolsa Família porque não quer trabalhar. "Isso é preconceito. É tentar transmitir para o pobre a culpa pela pobreza", afirmou.
Em resposta a uma crítica recorrente de que o Bolsa Família não ofereceria porta de saída para seus beneficiários deixarem o programa e superarem a miséria por meio do trabalho, Lula disse que a transferência de renda é o início desse processo.
Sem citar nomes, ele desqualificou adversários políticos, jornalistas e analistas que, ao longo dos anos, criticaram de alguma forma o programa. "Chama atenção que as pessoas falam tanto de porta de saída quando as portas de inclusão acabam de ser abertas. Vamos deixar claro que o programa acaba de completar dez anos num país onde as injustiças vêm de cinco séculos", afirmou.
O ex-presidente destacou o impacto multiplicador dos gastos do Bolsa Família ao estimular o consumo e o comércio do país e defendeu que o governo continue destinando recursos para a população de menor renda. Direcionando sua fala diretamente aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento), responsáveis pelo Orçamento da União, pediu: "Parem de regatear dinheiro para os pobres!". Exaltado, Lula criticou economistas de bancos que defendem o arrocho fiscal, o aumento do desemprego e a redução dos ganhos salariais como forma de ajustar a economia.
Segundo ele, se isso funcionasse, a Europa não estaria em crise. O ex-presidente citou os gastos dos EUA na guerra do Iraque, que chegariam a US$ 3 trilhões, e disse que isso seria suficiente para bancar um programa de transferência de renda para 1,5 bilhão de pessoas por dez anos.
Lula contou que, em uma conversa sobre a perspectiva de invasão do Iraque pelos EUA com o ex-presidente americano George W. Bush no final de 2002, disse: "Eu moro num país que fica a 14 mil km do Iraque. O Bin Laden nunca me fez nada. Minha guerra é contra a fome".
O ex-presidente disse também que muita gente está incomodada porque os pobres estão evoluindo. "O patrão sai com o carro, quando chega na rua está o jardineiro atravancando o trânsito para ele. O cidadão vai para o aeroporto e a empregada está pegando o avião no lugar dele. Eu sei que é duro. Isso é quem nem perder o namorado", disse, arrancando risos da plateia.
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