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sábado, 5 de outubro de 2013

Serviço no caixa automático Bancos cheios; idosos ficam mais vulneráveis

Na manhã de ontem, os bancos de Fortaleza estavam lotados, tanto de aposentados quanto de trabalhadores
Em tempos de greve dos bancários, o funcionamento dos caixas eletrônicos nem sempre é sinônimo de comodidade para os clientes das instituições financeiras, sobretudo, para quem não sabe operar as máquinas. Sem o auxílio de funcionários, a tentativa de realizar um simples saque pode se transformar em dor de cabeça e prejuízo. Quem mais sofre são idosos, pessoas não alfabetizadas e com pouca afinidade com as tecnologias, mais vulneráveis a golpes.

Para concluir as operações, muitos aposentados pediam ajuda a outros clientes
FOTO: DIVULGAÇÃO

Na manhã de ontem, os bancos de Fortaleza estavam lotados, tanto de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) quanto de trabalhadores que também recebem seus pagamentos no início do mês.

O Diário do Nordeste percorreu diversas agências e percebeu que nem todas disponibilizam funcionários para auxiliar os clientes. A situação é mais crítica nos estabelecimentos do Banco do Brasil, onde é comum observar usuários "leigos" pedindo ajuda a terceiros, única jeito para não sair do banco sem realizar os procedimentos. Mas, apesar da solidariedade em diversos casos, é válido lembrar de golpistas que buscam se aproveitar da situação para agir.

O empresário Wilson Marinho Júnior estava na agência do Banco do Brasil da Rua Floriano Peixoto, no Centro de Fortaleza. Ao invés de fazer apenas seu saque e sair do estabelecimento, fez questão de ajudar outras três pessoas, todas idosas, que não estavam conseguindo realizar os procedimentos.

"Muitos usuários chegam e não sabem operar as máquinas, ficam totalmente perdidos. Concordo com a greve, mas o banco deveria disponibilizar um funcionário para poder ajudar. Isso não está certo. A gente sabe que nem todos agem de boa fé, tem muitos bandidos. E os idosos são os mais vulneráveis", afirma o empresário.

Ajuda
Uma das pessoas ajudadas pelo empresário Wilson Júnior foi o aposentado Milton Antônio da Silva. Ele não sabe ler e, todas as vezes que vai às instituições financeiras, precisa do auxílio de funcionários.

"Se não fosse ele, eu ia para casa sem dinheiro. Ainda bem que deu certo", comemora. A aposentada Narcisa Ferreira da Cunha também contou com o apoio do empresário. "Não sei mexer sozinha. Sei que é perigoso aceitar ajuda de estranhos, mas é o jeito. Não era pra gente passar por isso", reclama.

Sem dinheiro
O fluxo no Banco do Brasil da Rua Floriano Peixoto era tão intenso que, mesmo antes do meio dia, só era possível sacar dinheiro em duas máquinas. Em meio às filas enormes, usuários completamente perdidos solicitavam informações a quem estivesse por perto. "Um senhor pediu para que eu ensinasse ele a pagar uma conta com o código de barras, não pude negar", diz a servidora pública Maria de Jesus Carneiro, alertando para as pessoas com más intenções.

Além de agências do Banco do Brasil, a reportagem também visitou estabelecimentos da Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Todas eles tinham, no mínimo, um funcionário para auxiliar os clientes. Entretanto, com a movimentação bastante alta, típica de início de mês, também era possível notar casos semelhantes ao citados anteriormente.

Abance

Segundo o assessor jurídico da Associação dos Bancos do Estado do Ceará (Abance), Lúcio Paiva, a adesão da categoria à greve está forte neste ano. Por isso, falta pessoal para auxiliar os usuários no autoatendimento. Por outro lado, o assessor informa que existem funcionários nos estabelecimentos "de forma disfarçada para administrar a situação", completou.

ENQUETE
Auxílio no autoatendimento pode ser risco

"Pensava que teria alguém do banco para me orientar, pois não sei mexer no caixa eletrônico. Só consegui sacar porque um homem me ajudou. Mas isso é um grande risco"

Eliane Oliveira
Comerciante

"Como sei que os bancos estão em greve, trouxe a minha filha para me ajudar. Não peço auxílio a estranho porque sei que existem muitos golpistas, é um grande perigo"

Raimunda da SilvaMerendeira

Bancários rejeitam oferta; greve continua

Fortaleza/São Paulo.
Os bancários rejeitaram, ontem, a nova proposta apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 7,1%, ou seja, aproximadamente 1% de aumento real, afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Comando Nacional dos Bancários (Contraf-CUT).

A oferta foi feita na tarde de ontem aos representantes da categoria, em reunião marcada pela própria Fenaban um dia após os representantes do comércio pressionarem a federação a entrar em acordo com a categoria. O presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb/CE), Carlos Eduardo Bezerra, esteve presente. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o setor pode registrar perdas de até 30% se a greve se prolongar até o quinto dia útil do mês. Foi a primeira oferta desde o início da greve, no dia 19 de setembro.

Adesão no Ceará
Foram registradas, ontem, 402 agências paradas em todo o Estado de um total de 507. Na Capital cearense, 190 estavam fechadas e 212 no Interior, conforme informações do Seeb/CE. A paralisação completou 16 dias nesta sexta-feira.

Proposta
Após reunião das lideranças sindicais, para discutir a oferta, foi decidido pela rejeição. "Estamos rejeitando essa proposta pois ela não contempla os principais item da categoria, não só os econômicos, mas também os sociais", diz Cordeiro. A categoria pede 11,93% de correção (5% de aumento real).

Segundo o presidente da entidade, não houve nenhum avanço em relação à alta rotatividade no setor, "os bancos demitem quem ganha mais e contrata novos funcionários pagando menos", diz. Além disso, não houve proposta em relação às metas abusivas e à segurança dos funcionários, argumentou.

Em relação à PLR (Participação nos Lucros e Resultado), ficou mantida a fórmula já praticada atualmente. Os bancos oferecem correção dos valores fixos e de tetos em 10%, que, segundo Cordeiro, na prática não muda nada para os trabalhadores.

O presidente da Contraf-CUT explicou que seria enviado, ontem à Fenaban, comunicado oficial para avisar sobre a rejeição da proposta. Assim, a greve continua na próxima segunda-feira, até que os bancos apresentem uma nova oferta.

RAONE SARAIVAREPÓRTER

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