Altamente corrosivo, lago no norte da Tanzânia mata e calcifica todas as aves e pequenos mamíferos que dão o azar de cair em suas águas. Fotógrafo britânico transforma essas mortes em arte
Juliana Tiraboschi
É como um enredo de filme de terror:
animais desavisados caem em um lago misterioso e são transformados em
estátuas. Parece ficção, mas a história é real e acontece no lago
Natrão, na Tanzânia. Algumas vítimas desse lago mortal foram registradas
pelo fotógrafo britânico Nick Brandt. O resultado está no livro “Across
the Ravaged Land” (Através do Lago Devastado, em tradução livre – sem
versão em português). O nome do lugar já explica parte da letalidade do
lago. Natrão é um sal formado por carbonato de sódio hidratado e
bicarbonato de cálcio, que se depositou ali por meio de cinzas vindas de
vulcões. Os egípcios sabiam disso e usavam a substância em processos de
mumificação.
O natrão torna o ambiente do lago
extremamente inóspito, com um nível de pH muito alcalino, variando entre
9 e 10,5. Isso faz com que o Natrão seja considerado o lago mais
cáustico do mundo. Ou seja, ele é altamente corrosivo. Além disso, a
temperatura de suas águas pode chegar a 60oC. Um dos poucos animais
capazes de sobreviver no lago é uma espécie de tilápia adaptada para
suportar a alcalinidade e a alta temperatura. Surpreendentemente, o
local é o paraíso de flamingos que se alimentam de spirulina, um tipo de
cianobactéria que cresce nas margens do Natrão. As aves constroem seus
ninhos ali justamente porque o ambiente é tão agressivo à vida que acaba
espantando predadores. Mas, vez ou outra, alguns flamingos caem
acidentalmente na água e também acabam virando “pedra”.
Segundo Nick Brandt, ninguém sabe exatamente como os animais morreram. Uma hipótese é que os reflexos na superfície do lago tenham confundido os animais, do mesmo jeito como pássaros trombam com janelas de casas e prédios. Uma vez que são “capturados” pelas águas letais do Natrão, os bichos morrem e ficam calcificados. “O sal alcalino presente no lago ‘gosta’ de água e absorve toda a umidade, ressecando qualquer coisa que entre em contato com ele”, afirma Ethan Kinsey, um dos participantes da expedição de Nick Brandt, em seu blog. “Além disso, a alcalinidade atua como uma substância antibacteriana, preservando os corpos da decomposição”, diz. Encantado e surpreso pelo mórbido espetáculo dos corpos espalhados pelos arredores do lago, Brandt reposicionou os cadáveres de modo que parecessem vivos e os clicou, eternizando-os também em imagens.
Segundo Nick Brandt, ninguém sabe exatamente como os animais morreram. Uma hipótese é que os reflexos na superfície do lago tenham confundido os animais, do mesmo jeito como pássaros trombam com janelas de casas e prédios. Uma vez que são “capturados” pelas águas letais do Natrão, os bichos morrem e ficam calcificados. “O sal alcalino presente no lago ‘gosta’ de água e absorve toda a umidade, ressecando qualquer coisa que entre em contato com ele”, afirma Ethan Kinsey, um dos participantes da expedição de Nick Brandt, em seu blog. “Além disso, a alcalinidade atua como uma substância antibacteriana, preservando os corpos da decomposição”, diz. Encantado e surpreso pelo mórbido espetáculo dos corpos espalhados pelos arredores do lago, Brandt reposicionou os cadáveres de modo que parecessem vivos e os clicou, eternizando-os também em imagens.
Nick Brandt se encantou pela África
Oriental quando desembarcou na Tanzânia pela primeira vez, em 1995, para
filmar o vídeo de “Earth Song”, canção de Michael Jackson. A partir
daí, o fotógrafo passou a dedicar-se também à preservação da natureza.
Em setembro de 2010, fundou a organização Big Life Foundation, que luta
contra a caça de elefantes, junto com o conservacionista Richard Bonham.
Seu novo livro fecha uma trilogia iniciada em 2000 e formada pelas
obras “On This Earth” (Nessa Terra) e “A Shadow Falls” (Uma Sombra Cai),
que ambiciona documentar a devastação e a matança de animais na África.
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