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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Chefes de facção fazem contabilidade do tráfico por celular na prisão, diz MP

Escuta mostra que presos chegam a pagar R$ 25 mil por celular.
Batalhão da PM monitora presídios e não percebeu uso de telefones.

Do G1 São Paulo
Gravações feitas pelo Ministério Público de São Paulo revelam que os chefes da facção que age dentro e fora dos presídios paulistas chegam a pagar
R$ 25 mil por um celular e que utilizam o aparelho para fazer a contabilidade do tráfico de drogas. Os celulares são usados para controlar, por exemplo, o faturamento da compra e venda de drogas em cada região do Estado. O monitoramento da polícia não mostra como aparelhos entram nos presídios. As informações são do Fantástico.
Um dos diálogos gravados na Penitenciária Dois de Presidente Venceslau, interior de São Paulo, mostra um preso relatando quanto gastou em um celular:
Billi: Mano, sabe quanto eu já mandei nessa caminhada aí?
Abel: Hã?
Billi: 25 (mil) mano
Abel: Cada um?
Billi: Cada um, mano.
A escuta faz parte de investigação que levou o MP a pedir a prisão preventiva de 175 integrantes da facção e a transferência de 35 presos para o RDD.
A partir da investigação, os promotores mapearam a estrutura da quadrilha, na qual apontam como chefe Marco Willians Camacho, o Marcola, que está preso faz sete anos. Os promotores também descobriram que a facção controla 169 mil presos e atua em 90% dos presídios paulistas. Fora dos presídios, a facção vende drogas e negocia compra de armas, e mata quem atrapalha os planos da facção.
Os trabalhos foram conduzidos por 23 promotores e começaram em março de 2010. Além das escutas, foram reunidos documentos, depoimentos de testemunhas e informações sobre apreensões de centenas de quilos de drogas.
A denúncia com os pedidos de prisão foi oferecida à Justiça pelo MP há um mês, em 11 de setembro. O pedido foi negado pelo juiz de Presidente Venceslau. O MP recorreu da decisão no Tribunal de Justiça.
Mensalidade
A investigação do Ministério Público também mostra que quem se associa à facção e está fora do presídio, deve pagar mensalidade de R$ 650, como revelou o Fantástico.
O dinheiro abastece o caixa do crime e ajuda a financiar o tráfico de drogas. Em uma conversa gravada pelo MP, os bandidos falam da distribuição, e reclamam da queda nas vendas. Durante a investigação, a polícia apreendeu quase cinco toneladas de drogas e  oitenta e duas armas. Em 2011, dezenove fuzis, sete pistolas, e granadas foram descobertos num terreno em Cajamar, na Grande São Paulo.
O prejuízo com a perda do arsenal foi comunicado aos chefes da quadrilha dentro de presidente Venceslau e, de lá eles tomaram a decisão: espalhar e esconder outro arsenal de mais 32 fuzis em várias regiões do estado.
Plano de fuga
As escutas feitas pelo Ministério Público de São Paulo também revelam que a facção criminosa planejava há dois anos uma fuga em massa. Em uma das gravações, dois presos falam sobre os preparativos. Eles chamam a Penitenciária de Presidente Venceslau de  “cachorro quente” ou “hot dog”.
O serviço de inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou neste sábado (12) ter descoberto um plano de invasão da penitenciária II de Presidente Venceslau para libertar chefes da quadrilha. Os presos comentaram que no próximo dia 24 iriam para casa.
Segundo a polícia, na manhã deste sábado (12), seis presos ligados à quadrilha que comanda os crimes de dentro dos presídios fugiram da Penitenciária de Pacaembu, no interior de São Paulo. Eles foram perseguidos pela Polícia Militar e perderam o controle do veículo que usavam na fuga. Três fugitivos foram recapturados. Outros três detentos escaparam. A cidade de Pacaembu fica na região do presídio de Presidente Venceslau, onde estão os chefes do bando.

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