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domingo, 22 de agosto de 2010

Ferrovia ecológica e barata

BRASÍLIA - As ferrovias podem pegar carona na onda da preservação da natureza e passar, de fato, a se tornar um transporte viável para o escoamento da agroindústria e o transporte de passageiros no país. Isso por ser um meio de transporte considerado ecologicamente correto, principalmente se comparado ao consumo de combustível por tonelada transportada nas rodovias. Os trens já viveram seus anos de glória, e há pouco mais de dez anos tentam se recuperar de décadas de descaso. Entre 1997 e 2010, a iniciativa privada investiu R$ 22 bilhões no setor.
De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o consumo de combustível por tonelada transportada em uma ferrovia moderna corresponde a cerca de 20% do consumo em uma rodovia.
Os trens de carga emitem 70% menos dióxido de carbono (CO2) e 66% menos monóxido de carbono (CO) do que os caminhões. Além disso, a indústria ferroviária já começa a desenvolver materiais ecologicamente corretos, como plástico reciclável para uso em vagões, dormentes, cruzetas e outros materiais.

Novos materiais
Também existem estudos para ampliação do uso de locomotivas movidas a biodiesel. O que também traria impactos positivos ao meio ambiente. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), cada tonelada de biodiesel consumido evita a emissão de 3,5 toneladas de CO2, decorrente do diesel mineral.
O menor espaço ocupado pelas rodovias também é um fator positivo. Francisco Oliveira, da ONGTrem, lembra que o custo do transporte é menor que em outros tipos, incluindo aéreos e aquaviários. E, apesar de considerar alto o custo para implementação de ferrovias, acredita que os benefícios e o retorno compensam.
A ferrovia pode ter composições com cem vagões e apenas duas pessoas, por exemplo. Além da questão ambiental. Por queimar muito menos combustível, emite menos CO2. Isso traz impacto positivo ao efeito estufa. argumenta.
De acordo com dados da ANTF, o Brasil possui 28,8 mil quilômetros de ferrovias. Contudo, a entidade afirma que, para um país com as proporções continentais do Brasil, seriam necessários 52 mil quilômetros. Tanto para o transporte de cargas como de passageiros.

Falta de planejamento seria o problema

As ferrovias ainda tem um longo percurso a seguir para chegar ao seu potencial de uso, de acordo com diretor-executivo da ANTF, Rodrigo Vilaça. Ele afirma que a falta de planejamento é um dos fatores que mais contribuem para o atraso do país nesse quesito.
Precisamos reparar a malha existente dentro de um marco regulatório que traga confiança, estabilidade e regras bem definidas disse.
Vilaça afirma que muitos problemas operacionais, no entanto, não podem ser resolvidos pelas concessionárias, como invasões nas linhas dos trens. Ele atribui a responsabilidade, nesse caso, ao poder público.
Por outro lado, os defensores das ferrovias garantem que é um transporte seguro. Os riscos de acidente são bem menores quando comparados a outros meios. Entre muitos fatores, não há trânsito, e dificilmente ocorrem colisões entre trens.
Segundo a ANTF, houve redução de 74,3% no número de acidentes nos últimos 13 anos. Em 1997 foram 3.703 e, em 2009, foram registrados 951.
Contudo, a escassez de investimento durante anos a fio fez com que a falta de padronização dos trens seja um entrave. Dos 28.800 quilômetros atualmente sob responsabilidade das concessionárias, 23.900 são de bitola estreita, que não ultrapassa um metro de largura.
É mais antiga e menos competitiva, pois não permite desenvolver grandes velocidades. Quando muito, a velocidade chega a 50 quilômetros por hora.
Apenas 5.400 quilômetros são de bitola larga, com 1,6 metro. Elas permitem que os trens sejam mais ágeis, tornando-os mais competitivos. Tanto pela rapidez no transporte como pela quantidade de viagens que podem realizar.http://www.estacoesferroviarias.com.br/ http://tudosobreferrovias.blogspot.com/

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