SÃO PAULO - Take off na linguagem da aviação é decolagem. Nada mais plausível que esta expressão para sintetizar a Labace, a maior feira de aviação executiva do país que cresce a cada ano num pátio extra do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Aterrissa ali a nata do PIB brasileiro, esportistas e artistas que procuram novas máquinas para trabalho ou simplesmente pelo prazer de voar.
Tal como o Índice Big Mac é usado extraoficialmente em 100 países para mensurar a valorização de uma moeda frente ao dólar americano, não seria exagero criar um índice Labace para um diagnóstico da economia nacional. O fato é que 90% dos donos de aviões ou helicópteros usam os aparelhos a trabalho, para transporte de executivos ou fechar negócios. Outros 10% são os privilegiados profissionais ou famílias que voam por lazer. A análise é de um jovem comandante que decidiu há 15 anos trocar o manche pelas planilhas:
A grande maioria dos clientes (que compram jatos) são empresas que faturam R$ 1 bilhão por ano destaca Alexandre Eckmann, da Colt Aviation. A venda de aeronaves estava muito forte no início do ano, deu uma parada, e voltou forte em agosto.
Entre pousos e decolagens desde 2003, é na feira organizada pela Associação Brasileira de Aviação Geral chegou à sétima edição, encerrada no sábado que os empresários do setor de aviação obtêm um um raio x do setor e vislumbram um céu de brigadeiro ou turbulências para os próximos meses. Quem comprou, quem vende, os que desejam adquirir mais um ou maior, quem deseja encomendar um helicóptero etc. Empresários que saíram da feira este ano comemoram.
Foi a melhor Labace. A maior e a mais bem prestigiada pelas autoridades públicas. Em número de expositores foram em torno de 150. Houve incremento da receita em mais de 35% em relação ao ano anterior analisa o diretor comercial da Global Táxi Aéreo, Rogério Marques.
Cenário dos sonhos para quem gosta de aviões, a feira expõe dezenas de jatos, turbohélices e helicópteros de fabricantes de todo o mundo. As gigantes Dassault, com seu Falcon 2000, Bombardier mãe da familia Learjet e do Challenger e Gulfstream, com seus G550 e G650 foram os destaques na categoria jatos. Os preços variam de US$ 25 milhões a US$ 50 milhões. Num país considerado um dos mais desiguais do mundo um assalariado teria de trabalhar 143 anos para comprar um monomotor avaliado em US$ 500 mil, o mais barato a feira seria apenas uma vitrine para as marcas. Mas, acredite, há quem compre. E muito. O Brasil entrou na lista da cobiça dos fabricantes. Para citar alguns exemplos, a cantora Cláudia Leite acaba de pegar um Phenom 100, da Embraer, (US$ 3 milhões); Ivete Sangalo já usa um Citation da Cessna. Bel Marques, do Chiclete com Banana, comprou um Learjet 45 (US$ 10 milhões). Além de banqueiros e empresários de vários setores que passeiam incólumes pela feira atrás de novos modelos. Movidos a jato no céu, mas a passos cautelosos nos contratos. Marques, da Global, lembra que o processo de compra é longo e detalhado.
Ninguém entra na feira para comprar avião. O que se faz você anuncia vendas que já estão em gestação.
Entre asas e hélices, também é grande a demanda por aparelhos e tecnologia por especialistas da área e pilotos.
Não menos importante, destaque para o setor de aviônicos, que sempre apresenta novas tecnologias lembra Weber Castro, da Hyperbrax.
O Brasil possui 12,5 mil aeronaves (incluídos 1.325 helicópteros). São 739 aeroportos públicos e outros 3.153 privados, entre helipontos e pistas de terra ou grama. Para um setor criticado por gargalos, a Labace, no chão, voa alto.
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